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1 trem = 400 caminhões e custa 6x menos!: A matemática ignorada que matou os trens do Brasil

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 05/05/2025 às 10:00
Só 15% da Carga Anda de Trilho (e Pagamos Caro!): Onde Foram Parar os Trens do Brasil e o Frete Barato?
Só 15% da Carga Anda de Trilho (e Pagamos Caro!): Onde Foram Parar os Trens do Brasil e o Frete Barato?

Com 9ª maior malha do mundo, mas baixa densidade, Brasil priorizou rodovias. Entenda por que os trens do Brasil foram deixados para trás e os custos disso.

O Brasil tem a 9ª maior malha ferroviária do mundo. Parece bom, mas não é. Nossa densidade férrea é muito baixa para nosso tamanho e exportações (ferro, alimentos). A França, menor, tem muito mais trilhos por km². Por que os trens do Brasil são tão escassos hoje? O que aconteceu com nossas ferrovias e por que não temos mais trens no Brasil?

O auge e o início do declínio dos trens no Brasil

A história das ferrovias brasileiras começou em 1828, ainda no Império. Mas os primeiros trilhos só saíram do papel em 1854, com Barão de Mauá no Rio de Janeiro. A malha cresceu bastante depois disso. Chegou a quase 29 mil km de extensão nos anos 20. E, surpreendentemente, continua quase com o mesmo tamanho até hoje.

O declínio começou no governo de Getúlio Vargas (década de 30). O foco mudou para a construção de rodovias. As ferrovias foram estatizadas. Juscelino Kubitschek (anos 50) tentou investir na ampliação, mas sem sucesso. Afundadas em dívidas e sem novos investimentos, as ferrovias estatais fecharam ramais. A malha brasileira foi desestruturada. A estatização e a má gestão pública foram cruciais para o abandono dos trens do Brasil.

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A era das rodovias: Má gestão, lobby e os custos da escolha

1 trem = 400 caminhões e custa 6x menos!: A matemática ignorada que matou os trens do Brasil

A predominância das rodovias não foi uma escolha estratégica e pensada. Foi resultado de anos de má gestão. Construir estradas era mais fácil e barato. As ferrovias foram se deteriorando por falta de manutenção e competitividade. Suspeita-se de forte pressão de petroleiras e fabricantes de caminhões sobre o governo.

Ainda hoje, a má gestão afeta novos projetos ferroviários. Obras atrasam, sem projeção de custos ou prazos. O escândalo de superfaturamento da Ferrovia Norte-Sul (R$ 1 bilhão de rombo) é um exemplo. O Brasil é o único país do mundo com predomínio rodoviário. EUA, Rússia, Canadá, França, Alemanha e Índia têm redes ferroviárias mais desenvolvidas, mostrando que o problema não é tamanho ou riqueza, mas gestão.

Os problemas da dependência rodoviária no Brasil

As rodovias transportam 75% da carga total brasileira. Isso cria uma enorme vulnerabilidade. Uma paralisação, como a greve dos caminhoneiros de 2018 (causada pela alta do diesel), pode parar o país. O sistema depende de muitos fatores: preço do diesel, mão de obra (caminhoneiros), manutenção constante das estradas.

A manutenção via concessões gera riscos de corrupção e superfaturamento. A fiscalização é difícil. Todos esses problemas (pedágios, acidentes, corrupção, flutuação de custos) impactam diretamente o preço final das mercadorias para o consumidor. Todo produto tem custo de transporte embutido.

Ferrovias x rodovias: A vantagem ignorada dos trens no Brasil

Comparativamente, as ferrovias são mais vantajosas em muitos aspectos. Segundo a Abifer e o estudo da Ilos:

  • Custo: Transportar 1.000 toneladas por trem custa R$ 43/km, contra R$ 259/km por rodovia (6x mais caro).
  • Eficiência Energética: Caminhão consome 13x mais energia por tonelada/km.
  • Capacidade: 1 trilho equivale a 14 pistas de rodovia. 1 trem (200 vagões) carrega o mesmo que 400 carretas.
  • Impacto: Adicionar 1 trem de carga equivale a tirar até 280 caminhões das ruas.
  • Poluição: Ferrovias poluem menos, especialmente as elétricas.
  • Autonomia: Trens a diesel rodam mais de 1600 km sem reabastecer.

Apesar disso, a participação dos trens do Brasil no transporte de carga caiu (de >20% em 2006 para 15% atualmente), enquanto a das rodovias aumentou.

O futuro nos trilhos? Desafios e benefícios de mais trens para o Brasil

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Por que não se investe mais em ferrovias, mesmo com tantas vantagens? Segundo o IPEA, os desafios atuais são:

  • Alto custo de construção: Até 4x maior que rodovias.
  • Projetos em áreas urbanas: Geram impacto e risco de acidentes.
  • Concessões curtas: Prazo de 30 anos é pouco atraente para investidores (precisariam de 60 anos).
  • Trens de ageiros: Baixa densidade demográfica torna inviável na maior parte do país (exceções: ABC Paulista, Rio-SP).

Contudo, os benefícios de mais trens no Brasil seriam enormes: menos caminhões nas cidades, redução da poluição e roubos de carga, e economia de até 30% nos custos de transporte. A solução ideal seria um sistema integrado, usando trens, rodovias, hidrovias e ar onde cada um é mais eficiente. O problema central parece ser a falta de vontade política e visão de longo prazo, com projetos caros sendo abandonados entre governos.

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Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 5.000 artigos publicados nos sites G, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no [email protected]

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