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A era dourada dos tratores brasileiros da CBT que foi brutalmente encerrada pela tempestade da nova economia e concorrência

Escrito por Bruno Teles
19/05/2025 às 10:06
Atualizado 20/05/2025 às 11:11
A história da CBT: da ascensão como gigante dos tratores brasileiros, seus modelos icônicos e inovações, até os desafios que levaram ao fim e seu legado no agro
A história da CBT: da ascensão como gigante dos tratores brasileiros, seus modelos icônicos e inovações, até os desafios que levaram ao fim e seu legado no agro

Conheça a trajetória da Companhia Brasileira de Tratores (CBT), desde sua fundação e seus icônicos tratores brasileiros até as tentativas de diversificação, os desafios que levaram à sua falência e o legado que perdura no campo.

A Companhia Brasileira de Tratores, mais conhecida como CBT, possui uma história entrelaçada com o desenvolvimento da indústria nacional. Ela marcou décadas de inovação e qualidade no campo agrícola brasileiro. A CBT deixou uma marca indelével na história dos tratores brasileiros.

Este artigo explora a trajetória da CBT, desde seu surgimento até sua falência. Vamos relembrar seus fabulosos tratores, como o 8440 e o 2105, e suas tentativas de diversificação, como o jipe Javali e o avião agrícola Tarpan. Prepare-se para uma viagem pelas máquinas que impulsionaram a agricultura brasileira.

O nascimento da CBT: impulsionando a indústria de tratores brasileiros

A história da CBT começou no final da década de 1950. Naquele período, várias marcas estrangeiras chegavam ao Brasil, impulsionadas pelos planos de crescimento do governo de Juscelino Kubitschek. Foi criado o GEIA (Grupo Executivo da Indústria Automobilística) para promover a nacionalização de produtos automotivos. A frota brasileira era majoritariamente composta por veículos importados.

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Como parte do Plano Nacional da Indústria de Tratores Agrícolas, a fabricante norte-americana Oliver candidatou-se em 1959. O objetivo era estabelecer uma linha de produção de tratores agrícolas pesados no Brasil. Assim, em novembro de 1960, foi fundada a Companhia Brasileira de Tratores (CBT), com participação acionária das Indústrias Pereira e da Oliver Corporation. A fábrica foi construída em São Carlos, São Paulo, e a produção iniciou em 1961. Seu primeiro trator foi o modelo Oliver 950, com um significativo índice de nacionalização de 78%, um marco fundamental para os tratores brasileiros.

Tratores brasileiros que conquistaram o campo

A CBT produziu uma variedade de modelos de tratores, marcando presença no mercado nacional e internacional. Alguns dos mais conhecidos incluem:

CBT 8440: Considerado um dos modelos mais emblemáticos, o CBT 8440 rapidamente conquistou uma reputação de robustez e versatilidade. Era uma máquina de alta potência, adequada para trabalhos pesados como arar campos e operações de colheita. Sua confiabilidade e construção durável garantiam que ele pudesse lidar com as condições mais adversas.

CBT 2105: Este modelo destacou-se por sua eficiência e confiabilidade, atendendo às necessidades de propriedades rurais de médio porte. O CBT 2105 era ideal para uma variedade de tarefas, desde aragem até transporte de cargas. Sua popularidade também se devia à durabilidade, facilidade de manutenção, ergonomia e conforto.

A era dourada dos tratores brasileiros da CBT que foi brutalmente encerrada pela tempestade da nova economia e concorrência

CBT 2500: Um trator robusto e poderoso, feito para trabalhos pesados e operações agrícolas exigentes. O CBT 2500 era amplamente reconhecido por sua capacidade de tração, enfrentando terrenos acidentados com facilidade. Sua construção com materiais de alta qualidade garantia resistência.

CBT 8060: Um trator compacto e ágil, projetado para operar em terrenos menores e tarefas que demandavam alta manobrabilidade. O CBT 8060 era ideal para espaços apertados, como pequenas propriedades e estufas. Oferecia boa potência para sua categoria e era conhecido pela eficiência e economia de combustível.

As ousadas incursões da CBT em outros mercados

Além dos renomados tratores brasileiros, a CBT também explorou outros segmentos. Uma tentativa notável foi o desenvolvimento do Jipe Javali. Este veículo foi projetado para ser robusto e ágil, para uso no campo e em estradas, enfrentando terrenos difíceis. Seu motor turbo aumentava a potência, e sua suspensão reforçada e tração nas quatro rodas o tornavam adequado para aventuras off-road. Apesar das expectativas, o Javali enfrentou desafios como custos de produção e concorrência, resultando em produção limitada e não alcançando o sucesso esperado.

A CBT também demonstrou interesse na fabricação de aviões. O projeto do avião agrícola conhecido como CBT Tarpan foi concebido para pulverização de culturas e outras aplicações no campo. O Tarpan tinha o potencial de oferecer uma distribuição uniforme e eficaz de defensivos agrícolas. No entanto, a empresa enfrentou desafios técnicos, logísticos e financeiros, impedindo a concretização do projeto em produção em série. A CBT acabou focando em sua linha de tratores.

Os desafios e o fim de uma era para os tratores brasileiros da CBT

Ao longo de sua trajetória, a CBT enfrentou diversas dificuldades que culminaram em seu fechamento em 1995. Uma das principais questões foi a intensa concorrência com fabricantes estrangeiros. A abertura do mercado brasileiro nos anos 1990 permitiu que empresas internacionais oferecessem tratores a preços competitivos, muitas vezes com tecnologia mais avançada.

Mudanças nas políticas governamentais e a falta de apoio consistente à produção nacional também afetaram a empresa. Outro desafio significativo foi a questão financeira. A CBT enfrentou problemas de capitalização e financiamento, limitando investimentos em modernização. Problemas internos de gestão e governança também contribuíram para o cenário difícil. Em 1995, após anos de dificuldades, a CBT encerrou suas atividades, marcando o fim de uma era na indústria brasileira de tratores.

A marca da CBT na história dos tratores brasileiros e na paixão dos agricultores

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Apesar do fechamento, o legado da CBT permanece vivo. A empresa desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento do agronegócio brasileiro, produzindo tratores robustos, confiáveis e adaptados às necessidades dos agricultores. A CBT conquistou uma legião de fãs dedicados. Muitos agricultores que adquiriram tratores brasileiros da CBT se tornaram leais à marca.

A comunidade de fãs da CBT se mantém ativa, compartilhando histórias e conhecimento em encontros de colecionadores e grupos online. Um exemplo foi uma exposição em Concórdia do Oeste, no Paraná, onde dezenas de produtores rurais levaram suas relíquias. Isso demonstra o carinho e a iração pelos tratores CBT. O legado da CBT vive nas máquinas ainda em operação e na paixão da comunidade, lembrando a importância da inovação e gestão sólida.

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Valmor Antônio Matiello
Valmor Antônio Matiello
19/05/2025 16:38

QUERIA COMPRAR A MARCA MAS NEM A PREF DE SÃO CARLOS SABE INFORMAR.

Airton Fernando Osio
Airton Fernando Osio
Em resposta a  Valmor Antônio Matiello
19/05/2025 18:38

Procure o Advogado Jesus Martins em São Carlos/SP. Ele cuidou da cooperativa dos funcionários após a falência da CBT.

Fernando Galindo
Fernando Galindo
Em resposta a  Valmor Antônio Matiello
19/05/2025 21:15

A marca deve estar na massa falida. Amanhã vou pesquisar.

Alberto Alves dos Santos
Alberto Alves dos Santos
19/05/2025 20:21

Não deu certo, porquê nunca poderia dar certo, “ora bolas”…

1) Tenho 65 anos vou fazer 66 em outubro de 2025, portanto nasci um ano antes da fundação da CBT.

2) Detalhe: Começa com o envolvimento de uma empresa Estadunidense “Oliver”.

3) Tem um modelo de Trator o “CBT-1020 – ano 1962 a 1968 (1.º 100% nacional)” que como pode ser visto é 100% Nacional. Aqui fica a pergunta: A nossa nação já produziu motores a combustão interna (a Gasolina, a Diesel, a Álcool)? Se já, eu desconheço o fabricante, logo por favor me informe qual o fabricante nacional? Ficarei eternamente grato.

4) Dêem uma olhadinha no site da Wikipédia Companhia Brasileira de Tratores (Port)
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Companhia_Brasileira_de_Tratores
lá os senhores verão a motorização de todos os tratores. Não esqueça que a MWM – Motoren Werke Mannheim era alemã até 2005 depois Estadunidense (Navistar International) até 2022 e a partir de 21/04/2022 então “BRAZUCA” – Brasil / Tupy S.A.

5) Ficaria aqui, por dias – meses – anos – décadas – séculos – milênios, dando explicações da nossa fraqueza Científica, Tecnológica e Aplicativa e mesmo assim não convenceria a ninguém de que nada no ramo científico, tecnológico, aplicativo que se tentar fazer na nossa nação (Brasil) NÃO VAI PARA LUGAR NENHUM.

sapaula943
sapaula943
Em resposta a  Alberto Alves dos Santos
20/05/2025 19:05

Concordo com você. É uma pena. Mas no Brasil falta uma cultura de educação e valorização das coisas fabricadas pela nossa indústria. Falta gestão melhor das empresas. Falta politicas publicas corretas. É muito difícil mudar a nossa cultura.

Manoel
Manoel
Em resposta a  sapaula943
20/05/2025 21:59

Sim vdd quem conhece a história dos cbts sabe dizer , não tem nada de nacional , esse tal de Mário Lopes viu uma oportunidade de viver não de perpetuar no patrimônio , veja bem ele não melhorou o trator em nada , freios horríveis , câmbio horrível , montou trator durante mas de vinte anos com mesmos sistema , americano falido já, chassi mesmo até o último , trator , se ele estivesse feito investimento nos tratores existentes freios banhado óleo câmbio com mas marchas de engates deslizante bastava p ele continuar , quando a Ford chegou com seus 6600 pronto acabou com a CBT era o concorrente de peso dela trator pesado com capacidade semelhante mto melhor câmbio e freios hidráulico peso bem destruído , esse Mário Lopes deu tiro p todos os lados trator jipe tentou fábrica trator de esteiras avião motor .sendo que roda motriz era trator nada deu certo ,

Marcos Toledo
Marcos Toledo
19/05/2025 20:48

Meu primeiro emprego foi na CBT. A CBT quebrou pela megalomania do Dr. Mario. Se tivesse ficado nos tratores pesados poderia ter futuro,.mas resolveu entrar no concorrido mercado de tratores leves com modelos de qualidade muito ruim que custaram uma fortuna em garantia. Além disso quis fabricar motor e o pior a bomba injetora que só tinha 2 fabricantes no mundo, isso sem falar em aeroporto, jato e gasto sem dó. O problema foi de gestão mesmo.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 5.000 artigos publicados nos sites G, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no [email protected]

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