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A maior obra da história? Uma barragem de 600 km e US$ 600 bi pode ser a última defesa da Europa contra o avanço do mar

Escrito por Noel Budeguer
Publicado em 22/05/2025 às 18:19
maior obra da história
A maior obra da história? Uma barragem de 600 km e US$ 600 bi pode ser a última defesa da Europa contra o avanço do mar

Uma barragem gigante pode salvar 15 países europeus das inundações. Entenda o projeto que assusta e impressiona ao mesmo tempo

Você já parou pra pensar que um dia a Europa pode acabar cercando o Mar do Norte com uma muralha gigante? Parece coisa de filme, né? Mas não é ficção. Um grupo de cientistas, liderado pelo holandês Shoy Grooscamp, teve uma ideia tão ousada quanto preocupante: construir uma barragem com mais de 600 quilômetros de extensão pra proteger boa parte da Europa da elevação do nível do mar.

O nome oficial do projeto é meio complicado: Barragem de Cercamento do Norte da Europa, ou, em inglês, Northern European Enclosure Dam (NEED). Mas o objetivo é bem direto: salvar cidades inteiras da destruição causada pelas mudanças climáticas.

A ideia é maluca? Talvez. Mas faz sentido

A proposta dos cientistas é construir duas barreiras gigantes no mar. Uma mais ao sul, chamada de NID Sul, que iria da Inglaterra até a França, com 161 km de extensão. A outra, ainda mais insana, é a NID Norte, com 476 km, que começaria na Escócia e terminaria na Noruega, ando pelas ilhas Orcadas e Shetland. No total, são mais de 600 km de paredões no meio do oceano.

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Só pra comparar: a maior barragem marítima já construída é a Saemangeum Seawall, na Coreia do Sul, com 33 km. Ou seja, o projeto europeu seria quase vinte vezes maior.

Mas por que construir isso?

A resposta tá na mudança climática. Desde o final do século XIX, o nível do mar já subiu mais de 20 cm, e as previsões mais recentes indicam que esse aumento pode chegar a 2 metros até 2100. Parece pouco, mas é o suficiente pra causar inundações catastróficas em cidades como Amsterdã, Londres, Hamburgo, Copenhague e muitas outras.

O aumento do nível do mar tem duas causas principais: o derretimento das calotas polares e o aquecimento dos oceanos (quando a água esquenta, ela se expande). Juntando isso tudo, temos um problema sério se formando.

Grooscamp e seu colega Joaquim Kelsem não criaram esse projeto porque acham legal construir barragens. Pelo contrário. Eles fizeram isso como um alerta. Uma forma de mostrar ao mundo o tamanho do problema se nada for feito nos próximos anos.

Dá pra construir mesmo?

Olha… dá. Mas não seria nada fácil.

Pra fazer essas barragens, seriam necessárias mais de 50 bilhões de toneladas de areia, pedras e argila. Isso daria pra cobrir toda a superfície do Reino Unido! E mais: algumas partes do oceano onde a barragem aria têm mais de 300 metros de profundidade, como na chamada Fossa Norueguesa. Construir nessas condições exige tecnologia avançada, semelhante à usada em plataformas de petróleo.

Além disso, o topo dos paredões teria 50 metros de largura e se estenderia 20 metros acima do nível do mar, funcionando como uma barreira física contra futuras elevações do oceano.

E o custo? Seria de cerca de 600 bilhões de dólares. Parece muito (e é), mas se dividido entre os 15 países que se beneficiariam com a proteção, como Holanda, Alemanha, Reino Unido, França, Dinamarca, Noruega e outros, esse valor seria relativamente viável. Em 20 anos, cada país pagaria uma fração que representaria menos de 0,5% do PIB combinado.

Mas nem tudo são flores…

Apesar do potencial de proteção, o projeto tem muitos efeitos colaterais. O primeiro e mais óbvio: o impacto no comércio marítimo europeu. Portos gigantes como os de Roterdã e Hamburgo ficariam “presos” dentro desse reservatório. Seriam necessárias compotas (como as de canais) pra liberar o tráfego de navios, mas isso tornaria o transporte mais lento e caro.

Além disso, o impacto ambiental seria pesado. Ao isolar o Mar do Norte, as correntes marítimas naturais seriam alteradas. Isso pode prejudicar a migração de espécies, afetar a distribuição de nutrientes e bagunçar completamente os ecossistemas locais.

Outro problema: com o tempo, a água doce dos rios continuaria entrando no Mar do Norte, mas a água salgada do oceano não. Resultado? A salinidade diminuiria, transformando o mar num grande lago salobro. Em 100 anos, ele poderia ficar até 10 vezes menos salgado do que hoje. Isso prejudicaria não só a vida marinha, mas também a pesca, que movimenta bilhões de euros por ano na região.

Vale a pena?

A grande pergunta é essa. Será que vale a pena investir tanto em algo tão grandioso? A verdade é que Grooscamp não quer realmente construir essa barragem. Ele mesmo disse: “Se precisarmos construir isso, significa que fracassamos em agir antes”. A ideia do projeto é mais simbólica do que prática, é um aviso claro do que pode acontecer se o mundo continuar empurrando com a barriga as ações climáticas.

Mas o tempo tá correndo. A cada ano que a, o mar sobe mais um pouco, os eventos extremos se tornam mais frequentes, e os riscos aumentam. A muralha do Mar do Norte pode parecer exagerada hoje, mas pode ser a única saída amanhã.

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E aí, o que você acha?

Você acha que a Europa deve investir numa estrutura desse tamanho pra se proteger? Ou seria mais inteligente usar esse dinheiro pra reduzir emissões, apostar em energias limpas e preservar os oceanos? De qualquer forma, o recado dos cientistas é claro: ou mudamos o presente, ou vamos ter que enfrentar decisões drásticas no futuro.

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Noel Budeguer

Sou jornalista argentino, actualmente radicado en Río de Janeiro, Brasil, con trayectoria enfocada en la cobertura de temas militares, defensa, ciencia, tecnología, energía y geopolítica. Mi objetivo es traducir información técnica y compleja en contenidos accesibles y relevantes para un público amplio, siempre manteniendo el rigor periodístico. Sou apaixonado por explorar como a tecnologia y defensa impactam a sociedade eo desenvolvimento econômico. https://muckrack.com/noel-budeguer?

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