A subsidência terrestre, muitas vezes causada pela ação humana como a extração excessiva de água subterrânea, ameaça mais de uma megametrópole no mundo, com cidades afundando a um ritmo mais alarmante que a icônica Veneza. Entenda as causas, os perigos e as possíveis soluções para esta crise crescente que se desdobra sob nossos pés.
Veneza, com seus canais e palácios, tornou-se o símbolo mundial de uma cidade que afunda. No entanto, a realidade é que inúmeras outras grandes cidades, incluindo mais de uma megametrópole com milhões de habitantes, enfrentam um destino semelhante, muitas vezes a um ritmo ainda mais acelerado e com consequências potencialmente mais devastadoras. Este afundamento do solo, conhecido como subsidência terrestre, é uma crise global que se desdobra silenciosamente sob nossos pés.
Impulsionada predominantemente pela extração excessiva de águas subterrâneas para abastecer populações e indústrias em crescimento, e pelo peso da urbanização desenfreada, a subsidência ameaça a infraestrutura, multiplica o risco de inundações e impacta diretamente a vida de quase dois bilhões de pessoas em todo o planeta. Este artigo desvenda por que tantas cidades, incluindo alguma megametrópole densamente povoada, estão cedendo e o que pode ser feito para enfrentar este desafio.
Entendendo a ciência por trás da subsidência que ameaça cada megametrópole vulnerável
A subsidência terrestre é o afundamento gradual ou súbito da superfície da Terra devido ao movimento de materiais no subsolo. Embora processos naturais contribuam, 77% dos casos globais são induzidos pelo homem. A principal causa antropogênica é a extração excessiva de águas subterrâneas, responsável por 60% dessa parcela. Quando a água é bombeada dos aquíferos mais rápido do que sua reposição, a pressão da água nos poros diminui, fazendo com que camadas de argila e silte se compactem de forma irreversível.
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Outros fatores humanos incluem o peso da urbanização (edifícios e infraestrutura) sobre solos moles, a extração de petróleo, gás e minerais, e a drenagem de solos orgânicos (turfeiras), que leva à compactação e oxidação. Esses fatores, combinados com a elevação do nível do mar, amplificam drasticamente o risco de inundação para qualquer megametrópole costeira.
A megametrópole (e outras grandes cidades) que afunda mais rápido que a referência de Veneza
Enquanto Veneza afunda cerca de 1 a 2 milímetros por ano, muitas outras cidades enfrentam taxas muito superiores. Jacarta, na Indonésia, é a “capital mundial do afundamento”, com áreas cedendo até 25 centímetros anualmente, principalmente devido à extração de água subterrânea. Megacidades asiáticas como Banguecoque (Tailândia), Daca (Bangladesh), Tianjin, Xangai e Pequim (China), Cidade de Ho Chi Minh (Vietnã) e Manila (Filipinas) também registram taxas alarmantes.
Nas Américas, Houston (EUA) destaca-se, enquanto Nova Orleães luta contra o afundamento em seu delta, e a Cidade do México, uma gigantesca megametrópole, afunda sobre um antigo leito de lago devido à extração de água. Cidades africanas como Lagos (Nigéria) e históricas como Alexandria (Egito) também estão na lista, mostrando a amplitude global do problema.
As consequências de longo alcance e muitas vezes subestimadas
As repercussões da subsidência são vastas. A vulnerabilidade a inundações aumenta drasticamente, como visto em Jacarta e Semarang (Indonésia) com suas inundações “rob”. Danos severos ocorrem em infraestruturas críticas como edifícios, fundações, estradas, pontes e redes de água e esgoto. As perdas econômicas são imensas, incluindo custos de reparo e desvalorização de propriedades.
Ocorre o deslocamento forçado de populações, especialmente comunidades vulneráveis, e surgem riscos à saúde pública pela contaminação da água potável (intrusão salina) e problemas de saneamento. A degradação ambiental inclui a perda de zonas úmidas protetoras. Estes impactos em cascata afetam profundamente a qualidade de vida em cada megametrópole ou cidade atingida.
Por que esta crise global que afeta cada megametrópole em risco permanece largamente ignorada?
Apesar da gravidade, a subsidência é uma crise “invisível”. Seu caráter de “desastre em câmera lenta” dificulta a percepção pública imediata e a cobertura midiática sustentada, ao contrário de terremotos ou furacões. Muitas vezes, os primeiros sinais são normalizados.
A compreensão pública limitada sobre as causas e riscos é um fator chave, e a complexidade científica do fenômeno dificulta a comunicação eficaz. As respostas governamentais podem ser reativas, e a falta de dados de monitorização abrangentes e de longo prazo em algumas regiões também contribui para o déficit de conscientização, mesmo quando uma megametrópole inteira está em risco.
Estratégias de mitigação, adaptação e resiliência para salvar cada megametrópole e cidade em perigo
Enfrentar a crise exige uma abordagem multifacetada. A gestão sustentável das águas subterrâneas é o pilar mais crítico, envolvendo regulação da extração, desenvolvimento de fontes alternativas e recarga artificial de aquíferos, como feito com sucesso em Tóquio e parcialmente em Banguecoque.
O planejamento urbano resiliente deve incluir zoneamento restritivo, códigos de construção adaptados e o uso de Soluções baseadas na Natureza, como a criação de “Cidades Esponja” para aumentar a infiltração de água. A monitorização contínua com tecnologias como InSAR e GPS é imperativa. Educação e envolvimento público são cruciais para construir vontade política e implementar soluções de longo prazo, garantindo um futuro mais seguro para cada megametrópole e cidade que enfrenta o silencioso, mas implacável, afundamento do solo.