Com investimento bilionário e construção liderada pela Vale S.A., a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO) Tramo 1 avança em Goiás e Mato Grosso. Conheça os detalhes desta nova ferrovia e seu impacto estratégico para o escoamento da produção brasileira.
Uma nova ferrovia de grande importância estratégica está tomando forma no coração do Brasil: a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO) Tramo 1. Este trecho fundamental ligará Mara Rosa, em Goiás, a Água Boa, no Mato Grosso, abrindo um novo corredor logístico para o país.
O projeto visa otimizar o escoamento da vasta produção agrícola e mineral do Centro-Oeste. Este artigo detalha o investimento envolvido, o inovador modelo de construção pela Vale, o andamento atual das obras e os significativos impactos esperados desta nova ferrovia para a economia nacional.
FICO Tramo 1: conectando o agronegócio e a mineração aos portos brasileiros
O objetivo estratégico central da Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO) Tramo 1 é integrar as ricas regiões produtoras do Centro-Oeste brasileiro à Ferrovia Norte-Sul (FNS), no município de Mara Rosa (GO). Essa conexão permitirá o escoamento da produção, principalmente commodities agrícolas e minerais, aos principais portos de exportação do Arco Norte, como o de Itaqui, no Maranhão, e também ao porto de Santos, em São Paulo.
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O impacto esperado na logística nacional é a criação de alternativas mais econômicas para o transporte de cargas de longa distância. Além disso, busca-se fomentar a multimodalidade e incentivar novos investimentos produtivos na vasta área de influência da ferrovia, conforme as diretrizes do Plano Nacional de Logística. A FICO é também parte de uma visão de longo prazo da Ferrovia Transcontinental (EF-354), que almeja conectar a costa fluminense à fronteira com o Peru, sendo o Tramo 1 um o inicial crucial.
Investimento cruzado: o papel da Vale na construção da nova ferrovia
A FICO Tramo 1 se destaca por ser a primeira ferrovia brasileira a ser implementada integralmente através do inovador modelo de “investimento cruzado”. Neste arranjo, a gigante da mineração Vale S.A. assumiu a responsabilidade pela construção do trecho. Esta obrigação surgiu como uma contrapartida direta pela prorrogação antecipada de seu contrato de concessão da Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM), um acordo formalizado em dezembro de 2020.
O Custo de Capital (CAPEX) oficialmente associado a este trecho da nova ferrovia é de R$ 2,73 bilhões. No entanto, algumas análises e informações de mercado indicam que o custo final do projeto pode ser consideravelmente maior. Recentes acordos entre a Vale e o Governo Federal, envolvendo a repactuação dos contratos de concessão da EFC e EFVM, mencionam “alterações no Projeto FICO” e preveem aportes bilionários em infraestrutura, sugerindo que o escopo financeiro da FICO pode estar inserido em negociações mais amplas e estratégicas.
Raio-X do projeto: traçado, especificações e cronograma atualizado da FICO
O Tramo 1 da FICO terá uma extensão aproximada de 383 quilômetros, ligando o município de Mara Rosa, em Goiás, ao município de Água Boa, em Mato Grosso, ando por outras localidades goianas como Nova Crixás e Santa Terezinha de Goiás.
As especificações técnicas da ferrovia são robustas, projetadas para o transporte de cargas pesadas: a bitola será larga, com 1,60 metros (compatível com a FNS), os trilhos serão do tipo TR-UIC 60 soldados em barras longas, os dormentes de concreto monobloco e a capacidade de carga da via está projetada para 32,5 toneladas brutas por eixo. Após atrasos iniciais, principalmente relacionados a licenciamentos e desapropriações, as obras tiveram um avanço físico de 13,28% até abril de 2024, com a conclusão total do empreendimento prevista para abril de 2028.
Obras em andamento: progresso, desafios e a governança do projeto
As obras de infraestrutura da FICO Tramo 1, como terraplenagem, estão em andamento em diversas frentes. A superestrutura, que inclui a instalação de trilhos, já foi iniciada nas alças de ligação com a Ferrovia Norte-Sul em Mara Rosa e em parte da linha tronco. Um dos destaques da construção é uma futura ponte ferroviária de 1.600 metros sobre o Rio Araguaia.
A governança do projeto envolve uma complexa articulação multissetorial: a Vale S.A. é a construtora; a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) atua como órgão regulador e fiscalizador, liderando a “Missão FICO” para acompanhar o projeto; a empresa pública Infra S.A. é responsável pela gestão fundiária (desapropriações) e pela futura subconcessão do ativo; e o IBAMA é o órgão encarregado do licenciamento ambiental.
Os principais desafios atuais incluem a continuidade do processo de licenciamento ambiental (a Licença de Instalação atual é válida até setembro de 2026), a complexa aquisição de terras e desapropriações, especialmente no trecho mato-grossense próximo a terras indígenas (exigindo diálogo com a FUNAI), e os riscos inerentes à execução de uma obra dessa magnitude. Iniciativas como a “Missão FICO” e a contratação de um verificador independente pela Vale visam mitigar esses riscos e agilizar as aprovações.
Impactos da nova ferrovia: desenvolvimento regional, empregos e meio ambiente
A construção da nova ferrovia FICO Tramo 1 já está gerando um impacto socioeconômico positivo. Em abril de 2024, o projeto já contabilizava 2.469 empregos diretos e 1.430 indiretos dedicados às atividades de infraestrutura. As estimativas iniciais apontavam para um total de 4.600 postos de trabalho, considerando também o efeito-renda. Espera-se que, após a conclusão, a ferrovia impulsione significativamente a produção agroindustrial da região Centro-Oeste e estimule a exploração de reservas minerais que atualmente enfrentam gargalos logísticos.
Para gerenciar os aspectos ambientais e sociais, a Vale S.A. está implementando 21 programas específicos na região de influência da FICO, incluindo atividades de prospecção e salvamento arqueológico. A Infra S.A., por sua vez, utiliza a “Ouvidoria Itinerante” como um canal direto de diálogo com as comunidades que são impactadas pelos processos de desapropriação, buscando soluções e esclarecimentos.
depois da destruição da malha ferroviária no Brasil, pelo governo federal,demora até recuperar as antigas e paralelamente imprementar novas linhas.
esperemos que acordem para o modal ferroviário, de carga e ageiros.
Parabéns pela matéria.
Entretanto seria importante também a implantação de transporte de ageiros, com cabines leito, vagão restaurante etc
Onde se inscrever para vaga de trabalho tenho categoria E, mecânico formação em radiologia e engenharia elétrica