A volta da estrada de ferro está próxima! Empresários pressionam a Vale para construir uma ferrovia gigantesca, garantindo mais infraestrutura e investimentos. O governo cobra urgência, e a obra pode transformar a logística da região.
A construção de uma ferrovia de grande porte no Espírito Santo, conhecida como Ramal Anchieta, está se tornando uma verdadeira batalha entre empresários e a mineradora Vale.
O projeto, que visa ligar Santa Leopoldina a Anchieta, no Sul do Estado, tem sido defendido por figuras chave da economia e política local, que acreditam que a obra é vital para o crescimento da região e a atração de investimentos.
O que antes era um compromisso apenas entre a Vale e o governo estadual agora ganha contornos de exigência, com empresários pressionando para que a construção da ferrovia se torne obrigatória por contrato.
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Ramal Anchieta como prioridade: um marco para a economia local
A iniciativa de transformar a construção do Ramal Anchieta em uma obrigação contratual ganhou força nos últimos meses, com um movimento crescente entre empresários e autoridades estaduais.
O superintendente de Transportes Ferroviários da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Alessandro Baumgartner, revelou que o aditivo para incluir a obra no contrato de renovação da concessão da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) e de Carajás já está em andamento.
A renovação dessas concessões é uma oportunidade estratégica para incluir o projeto, que, até agora, era apenas um compromisso voluntário entre a mineradora e o governo do Espírito Santo.
O diretor da Associação Empresarial de Anchieta, José Carlos Lima, afirmou que a única forma de acelerar a construção é tornar o projeto uma exigência contratual.
“Tem de ser um compromisso contratual. A ferrovia precisa ser construída o mais rápido possível. É um investimento importante para o nosso município”, ressaltou Lima, mostrando a urgência de uma solução definitiva para a obra.
Segundo ele, a construção do Ramal Anchieta representa um o fundamental para melhorar a infraestrutura e, consequentemente, a competitividade da região no cenário nacional.
A importância da ferrovia para o desenvolvimento industrial e logístico
A construção do Ramal Anchieta também é vista como uma oportunidade de revitalizar o Sul do Estado, uma região carente de investimentos em infraestrutura.
O consultor empresarial e presidente do Guarapari em Ação, Durval Vieira de Freitas, destacou que a ferrovia, juntamente com o Porto Central, pode transformar a região em um polo industrial estratégico.
“Ela (a região) está carente de infraestrutura. Essa ferrovia, junto com o Porto Central, vai permitir à região atrair investimentos industriais que tragam desenvolvimento para o Estado”, afirmou.
O impacto da ferrovia não é limitado apenas ao setor industrial.
O prefeito de Anchieta, Léo Portugal, também se mostrou entusiasta do projeto, afirmando que a obra não só melhorará a logística local, como também será um o importante para a criação de um terminal de ageiros, vital para o crescimento do turismo e comércio da região.
A reforma tributária, segundo o prefeito, traz consigo o desafio de aumentar a atratividade turística e comercial de Anchieta, o que poderia ser facilitado por um sistema de transporte mais eficiente.
O clamor por um compromisso firme: empresários e políticos unidos
Em sua fala, Fernando Otávio, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Espírito Santo (ABIH-ES) e secretário de Turismo de Guarapari, também se uniu ao coro de vozes que pedem a transformação da construção do Ramal Anchieta em uma obrigação contratual.
“É necessário ter uma definição que o investimento vai acontecer e quando, pois a demora trava o desenvolvimento dos municípios onde a ferrovia vai ar”, explicou Otávio, ressaltando o impacto positivo que a obra traria não apenas para Anchieta, mas para outras cidades ao longo do trajeto.
O vice-governador do Estado, Ricardo Ferrado, foi um dos mais enfáticos na cobrança à Vale.
Ele pediu que a mineradora destravasse o investimento na ferrovia, considerando que todos os prazos do compromisso firmado entre a empresa e o governo estadual já haviam expirado.
“O governo federal, a ANTT e o Ministério dos Transportes precisam enquadrar a Vale”, afirmou Ferrado, destacando a falta de cumprimento das promessas feitas pela mineradora.
Vale se mantém em silêncio sobre o futuro da obra
Até o momento, a Vale optou por não se manifestar publicamente sobre o andamento da obra e as pressões que está recebendo.
A mineradora tem mantido sua posição de que os estudos para a extensão da Estrada de Ferro Vitória a Minas, que ligaria Santa Leopoldina a Anchieta, estão em andamento desde 2020.
No entanto, até agora, o que se observa é que a obra ainda é resultado de um compromisso voluntário da empresa com o governo do Estado, sem um prazo definido para sua conclusão.
Compromisso voluntário versus pressões por obrigatoriedade: o cenário atual
Em julho de 2023, a Vale e o governo do Estado divulgaram um cronograma para a construção da ferrovia, com previsão de uma linha tronco de 80 quilômetros e uma conexão com o Porto de Ubu, além de um pátio ferroviário de 20 quilômetros.
O projeto parecia estar em um estágio avançado, mas, até o momento, a obra ainda não saiu do papel.
O atraso gerou um crescente descontentamento entre os empresários e o governo estadual, que consideram a situação uma oportunidade perdida para o crescimento da economia local.
Atrasos e os entraves burocráticos no processo
O vice-governador Ricardo Ferrado fez duras críticas à Vale durante um evento empresarial recente, destacando que os estudos ambientais necessários para a obra estavam prontos há seis meses, mas ainda não haviam sido protocolados no Ibama.
Esse atraso está impedindo o avanço da obra e colocando em risco o desenvolvimento da região.
Para acelerar o processo, Ferrado sugeriu que a competência para a aprovação dos estudos fosse transferida do Ibama para o Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), no intuito de tornar o processo mais ágil e menos burocrático.
O futuro da ferrovia no Espírito Santo: uma questão estratégica
O Ramal Anchieta, se construído, poderá representar um marco para o desenvolvimento do Espírito Santo, especialmente no Sul do Estado.
A ferrovia tem o potencial de melhorar a logística e infraestrutura regional, além de atrair novos investimentos industriais e turísticos.
No entanto, a falta de um compromisso firme e o atraso nos trâmites burocráticos podem colocar em risco esses benefícios.
Agora, com a pressão dos empresários e a cobrança do governo estadual, o destino do Ramal Anchieta parece estar cada vez mais no centro das discussões sobre o futuro econômico da região.
Com um projeto de tamanha importância em jogo, é crucial que a Vale e as autoridades envolvidas cheguem a um acordo que permita a construção da ferrovia sem mais delongas.
O Espírito Santo espera que, finalmente, o Ramal Anchieta saia do papel e se torne uma realidade que beneficie não apenas o Estado, mas todo o país.