Arqueólogos descobrem tumba frígia com primeira cremação registrada, ao lado do Monte Midas, com artefatos de bronze e ferro
Na antiga cidade de Gordion, na Turquia, arqueólogos realizaram uma descoberta de grande relevância histórica. Uma tumba real, datada de 2.800 anos, foi encontrada no local onde reinou o lendário Rei Midas, conhecido por transformar tudo o que tocava em ouro.
A revelação foi feita na última semana pelo Ministro da Cultura e Turismo da Turquia, Mehmet Nuri Ersoy.
Descoberta em local de importância histórica
O achado ocorreu no famoso sítio arqueológico de Gordion, que desde 2023 integra a Lista do Patrimônio Mundial da UNESCO.
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Essa cidade foi a capital da Frígia e palco da trajetória de Midas. A tumba recém-descoberta, identificada como T26, fica nas proximidades do Monte Midas, onde está o túmulo do pai do rei.
Apesar de o ocupante da câmara ainda ser desconhecido, a localização e as características apontam para uma ligação com a família real.
A câmara funerária de madeira revelou um detalhe inédito na história dos frígios: foi o primeiro sepultamento por cremação registrado na cultura daquele povo.
Essa nova prática funerária levanta questionamentos sobre possíveis mudanças nas tradições da dinastia.
Escavação minuciosa e cuidadosa
A escavação foi comandada por Süleyman Yücel Şenyurt, da Universidade Hacı Bayram Veli de Ancara. Durante quatro meses, a equipe trabalhou com atenção aos detalhes, buscando entender melhor os costumes e o cotidiano dos frígios.
Ao todo, 15 trabalhadores e seis arqueólogos participaram do trabalho em uma área de 12 x 12 metros.
A tumba foi encontrada sob várias camadas de pedras e solo, escondida em um monte de 8 metros de altura e quase 60 metros de diâmetro.
A câmara, com cerca de 3 x 2,7 metros, conservava-se relativamente intacta, considerando o longo período de mais de dois mil anos.
Gargarapalvin
Mais de 100 artefatos revelam os costumes da época
Dentro da tumba, os pesquisadores localizaram uma vasta coleção de objetos. Foram contabilizados 100 artefatos, entre itens de bronze e ferro.
Entre eles, havia caldeirões, queimadores de incenso e vasos cerimoniais. O ministro Ersoy anunciou que 47 desses itens já foram restaurados e estão expostos no Museu Gordion.
O destaque entre as descobertas ficou por conta de um jarro de bronze, envolto em linho, que surpreendeu pela conservação após tantos séculos.
Esse jarro foi apontado pelo Heritage Daily como o objeto mais notável do conjunto encontrado.
Ersoy ressaltou ainda que as peças não apenas estão bem preservadas, mas também oferecem informações valiosas sobre os rituais funerários e a organização social dos frígios.
A disposição dos objetos ao redor dos restos cremados lembra o arranjo observado na tumba do pai de Midas, fortalecendo a hipótese de que o sepultado seria um membro da realeza, possivelmente um primo do rei.
Vasos de bronze datam do século VIII a.C.
Muitos dos vasos encontrados remontam ao século VIII a.C., época em que Midas teria construído o túmulo de seu pai.
A introdução da cremação como método de sepultamento desse indivíduo, no entanto, ainda intriga os especialistas, já que não há registros anteriores desse costume entre os frígios.
Essa prática funerária distinta adiciona um novo capítulo na história da dinastia.
Apesar de o motivo da escolha pela cremação não ter sido identificado, o achado amplia o conhecimento sobre a diversidade cultural e as possíveis mudanças de costumes na Frígia antiga.
Arqueologia turca em fase de grandes descobertas
O ministro Mehmet Nuri Ersoy destacou que essa descoberta integra um período que chamou de “era de ouro da arqueologia” na Turquia.
Segundo ele, o país tem investido em diversos projetos que vêm revelando tesouros arqueológicos de grande importância.
Somente em 2024, milhares de novos achados foram registrados em diferentes partes do território turco.
A nova tumba, ainda que não confirmada como pertencente a um parente direto de Midas, já trouxe informações valiosas sobre os rituais, o cotidiano e a estrutura social da época.
A dinastia, que teve início com o pai de Midas, um simples fazendeiro, continua a surpreender pesquisadores com seus segredos preservados sob a terra de Gordion.
Gordion permanece como um dos raros sítios arqueológicos do mundo com ocupação contínua desde o início da Idade do Bronze.
As novas escavações reforçam sua importância para o entendimento das civilizações antigas e da própria história da humanidade.