Um aerogerador do Complexo Ventos de São Clemente desabou em Pernambuco após a retomada das operações sem licença ambiental. Dessa forma, o incidente reacende o debate sobre segurança, impactos ambientais e decisões judiciais que favorecem empresas do setor eólico.
Na noite de 12 de março de 2025, um aerogerador do Complexo Eólico Ventos de São Clemente, localizado em Caetés, Pernambuco, desabou por volta das 22h. A empresa Echoenergia, que istra o parque, havia retomado as operações em 19 de fevereiro de 2025, sem licença ambiental. No entanto, essa retomada ocorreu graças a uma decisão judicial favorável.
O desabamento da torre eólica assustou os moradores da região. Além disso, segundo o site Marco Zero, José Salgado da Silva Sobrinho, agricultor de 42 anos, relatou que ouviu um “estrondo muito forte” e logo percebeu os impactos na área ao redor.
Segundo ele, este não foi o primeiro acidente no local. Em dezembro de 2021, outra estrutura desmoronou, o que já havia levantado questionamentos sobre a segurança do parque eólico.
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Como consequência desse novo acidente, a queda do aerogerador intensificou as discussões sobre os impactos da energia eólica em comunidades rurais. Em 2 de fevereiro de 2025, a Agência Estadual de Meio Ambiente (RH) decidiu não renovar o licenciamento ambiental do Complexo Ventos de São Clemente.
Isso ocorreu porque o órgão ambiental atendeu às reclamações de agricultores e da comunidade indígena Kapinawá, que exigiam maior distância entre os aerogeradores e as residências da região.
No entanto, apesar dessa decisão, segundo o site Marco Zero, a empresa Echoenergia conseguiu uma liminar no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) em 7 de fevereiro de 2025. O desembargador Antenor Cardoso Soares Júnior autorizou a continuidade das operações.
Segundo ele, a paralisação do parque eólico poderia gerar prejuízos diários de R$ 600 mil e comprometer contratos de financiamento no valor de R$ 500 milhões.
Investigação e medidas tomadas pela empresa
Após o incidente, a Echoenergia iniciou uma investigação para identificar as causas da queda da torre. Além disso, a fabricante GE, responsável pela manutenção dos aerogeradores, também participa do processo.
Para garantir a segurança, a empresa isolou a área e anunciou que tomaria medidas preventivas.
Além do risco estrutural, moradores próximos ao Complexo Ventos de São Clemente denunciam impactos ambientais e sociais provocados pelo parque eólico.
Muitos enfrentam problemas de saúde, como insônia, ansiedade, depressão e perda de audição, especialmente devido ao barulho constante das turbinas.
Além disso, os animais criados na região apresentam comportamentos anormais e redução na produção.
Energia eólica no Brasil: benefícios e desafios
Desde 2015, o Brasil tem ampliado significativamente sua capacidade de geração de energia eólica.
No entanto, segundo o site Marco Zero, especialistas alertam que muitos projetos são implementados sem considerar adequadamente seus impactos ambientais e sociais.
Por fim, o desabamento do aerogerador do Complexo Ventos de São Clemente levanta questões sobre a fiscalização e o licenciamento ambiental de parques eólicos no Brasil.
Com novas denúncias e investigações em andamento, o caso pode influenciar futuras decisões judiciais sobre a regulamentação do setor.
Dessa forma, esse acidente reforça a importância de um debate equilibrado entre o avanço das energias renováveis e a proteção das populações que convivem diariamente com os impactos desses empreendimentos.