Pesquisa com ultramaratonistas revela presença elevada de tumores pré-cancerígenos no cólon, mesmo entre pessoas consideradas saudáveis e ativas
Um novo estudo apresentado na ASCO 2025, maior congresso mundial de oncologia, levantou um alerta inesperado: praticantes de maratonas e ultramaratonas entre 35 e 50 anos apresentam taxas significativamente maiores de tumores pré-cancerígenos no cólon do que a população geral. A informação foi publicada pelo Daily Mail neste domingo, 01/06.
Dos 100 corredores avaliados, 41% apresentaram pelo menos um adenoma, um tipo de pólipo que pode evoluir para câncer. Outros 15% tinham adenomas avançados, e mais da metade relatou sangramentos retais, um sintoma frequentemente negligenciado por médicos, mas que pode ser indicativo de câncer colorretal.
Segundo o oncologista Dr. Timothy Cannon, que liderou a pesquisa, a motivação do estudo veio da observação de que vários de seus pacientes com câncer no cólon, ainda jovens e extremamente ativos, eram corredores de longas distâncias.
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A hipótese central é que a prática extrema de corrida desvia o fluxo sanguíneo do cólon para os músculos das pernas, o que pode causar infartos intestinais microscópicos, morte celular e regeneração acelerada das células, um cenário que favorece mutações associadas ao câncer.
Apesar de a pesquisa ser observacional e não conclusiva, os dados preocupam. “Se você corre longas distâncias e nota sangue nas fezes, não ignore. Peça uma colonoscopia, mesmo que ainda não tenha a idade recomendada para o exame preventivo”, alertou Dr. Cannon.
A descoberta também lança dúvidas sobre o consumo constante de barras energéticas e géis, comuns entre corredores, por serem alimentos ultraprocessados, categoria já relacionada a aumento de risco para diversos tipos de câncer.
Jovens, saudáveis e chocados com o diagnóstico
Casos como o de Phil Decker, diagnosticado com câncer colorretal em estágio 4 enquanto treinava para uma maratona, ilustram o choque vivido por pacientes que seguiam à risca um estilo de vida saudável.
Outros exemplos incluem Radwah Oda, diagnosticada aos 33 anos, e Laurie Koshers, vegetariana e corredora diária, surpreendida aos 44 com o mesmo diagnóstico. O caso de John B. Johnson, maratonista aos 35, reforça o padrão identificado pelo estudo.
Esses relatos pessoais têm reforçado o debate sobre a epidemia silenciosa de câncer colorretal precoce: nos EUA, os casos entre pessoas com menos de 50 anos estão aumentando, enquanto caem entre os mais velhos.
Segundo dados da American Cancer Society, mais de 20 mil pessoas com menos de 50 anos serão diagnosticadas com câncer colorretal em 2025. Em jovens de 20 a 34 anos, a taxa de novos casos deve subir 90% até 2030. Entre adolescentes, o salto foi de 500% desde os anos 2000.
A dúvida que persiste: a corrida é a causa ou um fator entre muitos? Ainda não há consenso. Fatores genéticos, dieta, inflamações intestinais e hábitos alimentares, como o uso excessivo de suplementos e alimentos industrializados, estão todos sob investigação.
O recado da comunidade médica, no entanto, é claro: prevenção e atenção aos sinais são fundamentais, mesmo entre os que se consideram “inexpugnáveis” à doença. Afinal, como disse uma das pacientes: “Eu fazia tudo certo, e ainda assim, fui pega de surpresa”.