Desafios geográficos, econômicos e políticos mantêm o Amapá como o único estado brasileiro sem conexão rodoviária direta com o restante do país
O Amapá, localizado no extremo norte do Brasil, se destaca por uma característica única e desafiadora: é o único estado do país que não possui uma conexão rodoviária direta com o restante do território nacional. Para se deslocar até o Amapá, é necessário utilizar uma balsa, numa viagem que pode durar até 26 horas, ou optar por um voo, alternativas que evidenciam o isolamento do estado.
A barreira natural
O Amapá é circundado por diversas barreiras naturais que complicam a construção de uma ponte ou de rodovias. Ao leste, o Rio Amazonas impõe um obstáculo significativo, enquanto o Rio Jari, ao sul, e o Rio Oiapoque, ao oeste, aumentam a dificuldade de integração. Ao norte, o estado é limitado pelo Oceano Atlântico, completando o cerco natural que isola o Amapá do restante do Brasil.
A única ponte significativa no estado, a Ponte Binacional Brasil-França, conecta o Amapá à Guiana sa. No entanto, essa ligação não facilita o o ao restante da América do Sul, uma vez que não há conexão rodoviária entre a Guiana sa e o Suriname, impedindo qualquer viagem contínua por terra.
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Tentativas frustradas de conexão
Em 2002, foi iniciada a construção de uma ponte sobre o Rio Jari, que prometia ser a primeira ligação rodoviária direta do Amapá com o Pará, e consequentemente com o restante do Brasil. No entanto, essa obra, que deveria ter sido concluída em alguns anos, está parada há mais de uma década. Atualmente, apenas 39% da ponte está construída, com alguns pilares danificados por embarcações. O projeto, que já consumiu milhões de reais, é um retrato da ineficiência e dos desafios enfrentados na tentativa de conectar o Amapá ao restante do Brasil.
Impacto econômico e social
A ausência de uma conexão rodoviária direta limita significativamente o desenvolvimento econômico do Amapá. O estado depende principalmente do setor primário, com ênfase na extração de recursos naturais, como ouro, manganês e castanha-do-pará. A falta de infraestrutura impede a diversificação da economia, afastando investimentos industriais e limitando o crescimento do setor secundário.
Além disso, o isolamento geográfico dificulta o o da população a serviços e produtos, aumentando os custos de transporte e tornando o custo de vida no estado mais elevado em comparação com outras regiões do Brasil.
Obstáculos ambientais e burocráticos
A densa floresta amazônica, que cobre aproximadamente 72% do território do Amapá, apresenta um desafio adicional para a construção de infraestruturas. As questões ambientais são um ponto crucial na discussão sobre a construção de rodovias e pontes na região, com licenças ambientais sendo difíceis de obter devido ao impacto potencial sobre o bioma local.
Ademais, a corrupção e a má gestão de recursos públicos têm sido um empecilho constante. O Ministério Público Federal já acusou gestores locais de desviar recursos que deveriam ter sido aplicados na construção de infraestrutura, como a ponte sobre o Rio Jari, o que agrava ainda mais a situação.
Futuro incerto
Embora o governo federal tenha anunciado em 2017 a intenção de retomar a construção da ponte sobre o Rio Jari e de melhorar a infraestrutura rodoviária do estado através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), as obras ainda não foram retomadas. A BR-156, principal rodovia do estado, que se estende do Rio Jari ao Oiapoque, é um exemplo claro dos desafios enfrentados. Iniciada em 1932, a rodovia ainda não foi completamente asfaltada, com mais de 100 km de estrada de terra, o que torna as viagens perigosas, especialmente durante o período de chuvas.