Expansão da empresa de internet via satélite de Elon Musk levanta dúvidas sobre soberania digital, segurança nacional e controle tecnológico na Amazônia. Itália e outros países também manifestaram preocupação com o avanço da Starlink.
A Starlink, empresa de internet via satélite controlada por Elon Musk, está sob análise da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) por possíveis riscos geopolíticos e estratégicos ao Brasil. A preocupação vai além da tecnologia: trata-se da soberania nacional e do crescente domínio de uma big tech estrangeira sobre a conectividade em áreas sensíveis, como a região amazônica.
De acordo com reportagem do Estadão publicada em 23 de março de 2025, o pedido da Starlink para ampliar a quantidade de satélites operando sobre o Brasil está travado há mais de um ano. A Anatel avalia, além dos critérios técnicos, os possíveis impactos econômicos e de segurança nacional associados à atuação da empresa norte-americana.
Presença da Starlink de Elon Musk na Amazônia gera debate sobre soberania digital
Atualmente, a Starlink possui mais de 250 mil clientes no Brasil, com forte presença em áreas isoladas da Amazônia Legal, segundo apuração do The Guardian. A empresa fornece internet de alta velocidade em locais onde provedores tradicionais não atuam, beneficiando escolas, comunidades indígenas, postos de saúde e até bases de segurança pública.
-
Elon Musk na economia brasileira: o empresário global que mira do lítio aos céus com seus foguetes e satélites
-
Brasil voltando ao protagonismo? Abril registra maior geração de empregos desde 2020
-
Marca de roupas icônica que já foi queridinha dos brasileiros declara falência e fecha mais de 300 lojas no mundo
-
Como uma gigante brasileira com mais de 200 anos perdeu seu protagonismo para a burocracia
No entanto, essa conectividade também trouxe alertas sobre a dependência tecnológica. Segundo ambientalistas, ONGs e autoridades locais, há receio de que o uso da rede satelital possa facilitar atividades ilegais, como o garimpo em áreas protegidas. Uma matéria do The Guardian, de setembro de 2024, alertou sobre o “domínio silencioso” da Starlink de Elon Musk no território amazônico, destacando a falta de controle estatal sobre sua operação.
Em nota, a Anatel informou que a empresa precisa atender aos critérios regulatórios do país e garantir que sua atuação “não comprometa a autonomia das comunicações brasileiras”.
Itália e outros países já bloquearam ou restringiram a empresa
O Brasil não é o único país a colocar a atuação da Starlink sob escrutínio. Recentemente, a Itália interrompeu negociações com a empresa de Elon Musk, conforme revelou o jornal El País em 19 de março de 2025. Segundo o Ministro da Defesa italiano, Guido Crosetto, a figura pública de Musk “gera ruídos políticos e estratégicos”, tornando a operação delicada do ponto de vista de segurança nacional.
Ainda segundo o El País, o governo italiano teme que os dados coletados via satélite por empresas privadas possam ser utilizados de forma indevida, violando acordos de confidencialidade ou servindo a interesses de outros países.
A preocupação também foi levantada por autoridades da União Europeia e de países africanos, onde a empresa iniciou operação em regiões instáveis politicamente. Nesses locais, governos alertaram para a necessidade de criar marcos regulatórios específicos para a atuação de empresas de satélite com forte capacidade de vigilância e coleta de dados.