Falhas técnicas em subestações e queda na geração solar colocam em evidência vulnerabilidades da infraestrutura elétrica em contextos de transição energética
No dia 28 de abril de 2025, um apagão de grande extensão atingiu Espanha, Portugal, Andorra e o sul da França, afetando milhões de pessoas. O evento resultou na interrupção de diversos serviços essenciais, como transporte público, atendimento hospitalar, comunicações e atividades esportivas. O governo espanhol informou que falhas técnicas em subestações localizadas em Granada, Badajoz e Sevilha provocaram o blecaute. A isso somou-se uma queda abrupta na geração de energia solar, que na ocasião representava cerca de 59% da matriz energética da Espanha, conforme dados da Red Eléctrica de España (REE).
Sequência de falhas causou desequilíbrio elétrico e afetou países conectados à rede espanhola
Às 12h33 do dia 28 de abril, a subestação de Granada registrou uma pane técnica. Logo depois, subestações em Badajoz e Sevilha também apresentaram falhas, o que ampliou drasticamente o colapso elétrico em toda a rede interligada do país. Como resultado imediato, cerca de 2,2 gigawatts de energia foram perdidos, representando 10% da capacidade nacional. Simultaneamente, houve uma queda na produção de energia solar, que caiu de 18 para 8 gigawatts em menos de cinco minutos. Isso comprometeu a estabilidade da rede elétrica, que entrou em modo de desligamento automático em cascata, atingindo países interligados à infraestrutura espanhola, como Portugal e partes da França. De acordo com a REE, o sistema respondeu conforme sua programação de segurança, no entanto, a ausência de mecanismos de compensação suficientes impediu que o equilíbrio fosse restabelecido de forma rápida.
Autoridades descartam sabotagem e reforçam foco em causas estruturais e operacionais
Apesar de especulações iniciais sobre um possível ataque cibernético, a ministra da Transição Ecológica da Espanha, Sara Aagesen, afirmou em 29 de abril que não há indícios de ações externas ou erro humano. Segundo ela, a investigação se concentrava exclusivamente em falhas técnicas, com análise de dados em tempo real. A REE destacou que está avaliando milhões de registros e sensores para entender o que levou à reação em cadeia. Especialistas do setor elétrico, como José Luis Martínez Dalmau, da Universidade de Valência, explicam que a dependência de fontes intermitentes, como a solar, exige e estrutural mais robusto, o que ainda está em fase de desenvolvimento.
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Serviços foram interrompidos e eventos suspensos durante a falha no fornecimento
O apagão causou impactos imediatos em Madri e Barcelona, pois trens, metrôs e semáforos pararam de funcionar, gerando confusão urbana generalizada. Além disso, caixas eletrônicos saíram do ar, enquanto redes de internet e telefonia falharam, dificultando a comunicação por horas seguidas. Hospitais e aeroportos acionaram geradores para manter serviços essenciais, o que evitou prejuízos maiores durante a crise energética. O torneio Mutua Madrid Open 2025, no Parque Manzanares, foi suspenso temporariamente por falta de energia no local. A energia retornou às 16h, mas a normalização completa aconteceu apenas por volta das 22h30, segundo autoridades locais. Por fim, a prefeitura ativou às 13h10 seu plano emergencial, coordenando o retorno dos serviços com base em protocolos já definidos.
Especialistas destacam necessidade de modernização da rede para garantir segurança energética
Nos dias seguintes ao evento, veículos como BBC News, RTVE e Cadena SER ouviram diversos especialistas. Todos destacaram que a transição energética baseada em fontes como solar e eólica exige estratégias robustas de compensação, especialmente diante de oscilações abruptas de geração. Segundo Francisco Valverde, analista do setor elétrico ouvido pela RTVE, a rede elétrica espanhola está entre as mais avançadas da Europa, mas ainda carece de sistemas automatizados de resposta, armazenamento em larga escala e interconexões que permitam distribuição mais eficiente de energia. No dia 2 de maio de 2025, a ministra Sara Aagesen anunciou, portanto, que o governo reforçará os protocolos de segurança e, além disso, realizará investimentos estruturais. Desse modo, o objetivo será modernizar a rede elétrica nacional, o que, aliás, já vinha sendo cobrado por especialistas. Ademais, a ministra prometeu divulgar um relatório técnico completo com dados definitivos sobre o apagão, até o final de junho de 2025.