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Arqueólogos descobrem povo extinto de 6.000 anos na Colômbia com DNA diferente e jamais visto, sem descendentes vivos conhecidos, quem são eles?

Escrito por Jefferson S
Publicado em 08/06/2025 às 17:13
Ilustração de uma civilização antiga desconhecida com traços genéticos únicos descobertos pela arqueologia colombiana
Representação artística de um povo extinto descoberto em escavações arqueológicas no Altiplano colombiano, cujos esqueletos revelaram um DNA nunca antes visto na América do Sul, marcando um avanço inédito na arqueologia genética do continente.

Descoberta de arqueólogos no Altiplano colombiano expõe civilização desaparecida que não deixou traços genéticos entre os povos indígenas modernos

Uma das descobertas mais impactantes da arqueologia sul-americana acaba de ser revelada por arqueólogos: esqueletos de 6.000 anos encontrados no sítio pré-cerâmico de Checua, na Colômbia, apresentam um DNA completamente diferente de qualquer população indígena atual. Esses restos pertencem a um grupo misterioso de caçadores-coletores que viveram isolados por milênios e desapareceram sem deixar descendência genética.

De acordo com os pesquisadores do Senckenberg Center for Human Evolution, da Alemanha, o DNA extraído dos ossos e dentes de 21 indivíduos revela uma linhagem genética extinta, sem correspondência com qualquer população antiga ou moderna da América do Sul. Essa descoberta arqueológica pode reescrever parte da história da ocupação humana nas Américas, abrindo novas perguntas sobre migrações, isolamento e extinções populacionais.

O estudo, publicado na revista Science Advances, destaca o Altiplano colombiano como uma região-chave para entender a arqueologia genética do continente. Situada entre Mesoamérica, a Amazônia e os Andes, a área funcionava como uma ponte natural entre o norte e o sul, onde culturas e genes colidiram — e, nesse caso, desapareceram.

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Arqueólogos que trabalham com genética encontram uma linhagem perdida de 6.000 anos no sítio de Checua

Imagem de escavação arqueológica em Checua, na Colômbia, onde pesquisadores encontraram restos mortais de uma civilização desaparecida com DNA sem equivalentes modernos. Descoberta crucial para os estudos de arqueologia genética sul-americana.
Imagem de escavação arqueológica em Checua, na Colômbia, onde pesquisadores encontraram restos mortais de uma civilização desaparecida com DNA sem equivalentes modernos. Descoberta crucial para os estudos de arqueologia genética sul-americana.

A arqueologia moderna tem avançado por meio do cruzamento entre escavações e análises de DNA antigo. Em Checua, arqueólogos encontraram dois esqueletos de caçadores-coletores cujos perfis genéticos não se assemelham a nenhum outro grupo da região, nem ao norte nem ao sul do continente. Esse povo não compartilha ancestrais com antigos habitantes do Chile, Brasil ou mesmo da América do Norte.

A arqueóloga Kim-Louise Krettek, principal autora da pesquisa, afirma que esses indivíduos fazem parte de uma linhagem humana que se diferenciou das demais logo após a chegada dos primeiros humanos ao continente e permaneceu geneticamente isolada por milhares de anos. A arqueologia genética, nesse caso, revelou não só um povo, mas também o seu desaparecimento completo.

Curiosamente, mesmo os marcadores genéticos masculinos, como o Y-DNA Q1b1a, comuns entre povos nativos americanos, estavam presentes. Mas o restante do material genético não mostrava relação com as populações que viveram posteriormente na Colômbia ou nos países vizinhos.

A arqueologia de campo não encontrou sinais de violência, guerra ou genocídio. O desaparecimento dessa linhagem parece ter ocorrido de forma gradual, possivelmente por miscigenação ou substituição populacional.

A arqueologia revela uma substituição populacional silenciosa na Colômbia antiga

Cerca de 2.000 anos atrás, a região do Altiplano de Bogotá ou por uma transformação populacional radical. A genética dos habitantes mudou completamente, sendo substituída por um grupo cujos traços genéticos se aproximam dos antigos panamenhos e dos povos modernos que falam línguas chibchanas em Costa Rica e Panamá.

Essa mudança coincide com a chegada da tradição Herrera, uma cultura agrícola com domínio da cerâmica. Esses novos povos trouxeram tecnologias e possivelmente introduziram as línguas chibchanas na Colômbia. Ainda assim, a arqueologia não encontrou vestígios de conflito: a transição parece ter ocorrido sem violência, talvez por casamentos entre grupos ou por simples deslocamento cultural.

Andrea Casas-Vargas, pesquisadora e arqueóloga da Universidad Nacional de Colombia, destaca que o sumiço genético completo dos Checua é raro, uma vez que a arqueologia genética tem mostrado continuidade entre antigos e modernos povos andinos. O caso de Checua é uma exceção impressionante.

O achado representa a primeira análise de DNA antigo feita em território colombiano e pode inaugurar uma nova fase da arqueologia genômica na América Latina. Outras regiões próximas, como oeste da Colômbia, Venezuela e Equador, ainda não foram geneticamente estudadas — e podem esconder histórias semelhantes.

Arqueologia genética lança luz sobre as rotas de povoamento das Américas

A descoberta de Checua levanta novas hipóteses sobre as rotas de migração pré-históricas no continente. A chamada região Istmo-Colombiana, que vai de Honduras aos Andes colombianos, é apontada como ponto de transição entre os principais domínios culturais das Américas: Mesoamérica, Amazônia e Andes.

A arqueologia genética mostra que os primeiros habitantes dessa região não têm ligação direta com as populações indígenas modernas, reforçando a ideia de que múltiplas ondas de migração, substituição e isolamento marcaram o povoamento do continente. A cada nova descoberta, os mapas da pré-história são redesenhados.

A linguagem também ajuda a contar essa história. A hipótese atual é que os falantes originais do proto-chibchano migraram do sul da América Central para o norte da América do Sul, onde fundaram novas comunidades. Mas a arqueologia e a genética indicam que os Checua não faziam parte dessa linha.

A arqueologia, neste caso, revela mais do que artefatos: revela a própria ausência de herança. Um povo inteiro, com cultura, idioma e hábitos próprios, desapareceu sem deixar rastros genéticos — uma anomalia rara que desafia explicações fáceis.

O futuro da arqueologia genética na América do Sul começa na Colômbia

A Colômbia está apenas começando a explorar seu ado genético. A descoberta da linhagem extinta em Checua é um marco para a arqueologia do continente. Regiões como o Altiplano, antes vistas apenas por sua importância cultural, agora ganham novo valor como chave para entender a origem e evolução dos povos sul-americanos.

O professor Cosimo Posth, coautor do estudo, alerta que genética não deve ser confundida com identidade cultural. As comunidades indígenas modernas, como os Muisca, têm direito à sua herança cultural, independentemente da genética.

O respeito à ciência e às tradições se cruza aqui: arqueólogos trabalham lado a lado com líderes indígenas para interpretar os achados de forma respeitosa e colaborativa. A arqueologia, afinal, não é apenas sobre o ado, é também sobre como escolhemos lembrar e honrar esse ado.

Nos próximos anos, outras escavações e análises genéticas poderão revelar novas linhagens humanas, povos esquecidos e rotas ainda desconhecidas. A arqueologia está apenas começando a revelar os segredos enterrados sob o solo colombiano.

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Jefferson S

Profissional com experiência militar no Exército, Inteligência Setorial e Gestão do Conhecimento no Sebrae-RJ e no Mercado Financeiro por meio de um escritório da XP Investimentos. Trago um olhar único sobre a indústria energética, conectando inovação, defesa e geopolítica. Transformo cenários complexos em conteúdo relevante sobre o futuro do setor de petróleo, gás e energia. Envie uma sugestão de pauta para: [email protected]

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