Arqueólogos fazem descoberta em caverna alagada no México. 14 artefatos de 500 anos de idade são encontrados e podem revelar mistérios e curiosidades sobre o ado.
Em maio de 2025, uma equipe de arqueólogos do Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH), no México, revelou uma das descobertas mais significativas dos últimos anos. No interior da caverna Tlayócoc, localizada na região montanhosa do estado de Guerrero, pesquisadores encontraram 14 artefatos de 500 anos em um estado de conservação surpreendente. O local, parcialmente submerso por água de origem subterrânea, apresentou condições ideais para a preservação de peças históricas datadas do período Pós-Clássico Mesoamericano (950–1521 d.C.).
O achado gerou não apenas interesse acadêmico, mas também reacendeu debates sobre civilizações pouco documentadas, especialmente a cultura Tlacotepehua — um grupo étnico extinto pouco depois da chegada dos colonizadores espanhóis e que até então era conhecido apenas por citações dispersas em documentos do século XVI.
O que foi encontrado pelos Arqueólogos na caverna alagada no México?
Entre os itens recuperados da caverna alagada no México, destacam-se quatro pulseiras feitas de conchas, dois discos de pedra completos, seis fragmentos desses discos, uma concha do gênero Strombus decorada com gravuras simbólicas e um pedaço de madeira carbonizada.
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Esses artefatos de 500 anos não estavam apenas depositados ao acaso: dois deles foram cuidadosamente colocados sobre estalagmites com formas fálicas, o que levou os arqueólogos a levantar a hipótese de que a caverna servia como espaço cerimonial, possivelmente dedicado a rituais de fertilidade.
As conchas utilizadas nas pulseiras são típicas de regiões litorâneas, o que sugere que a cultura que habitava o interior do atual estado de Guerrero tinha uma rede de trocas comerciais bem estabelecida. Já os discos de pedra podem ter sido usados em práticas religiosas ou como instrumentos de medição astronômica, dado o simbolismo presente nas inscrições encontradas.
Simbolismo e possíveis rituais, segundo Arqueólogos
As gravuras nos objetos encontrados revelam elementos característicos da cosmovisão mesoamericana. Um dos símbolos mais recorrentes é o “xonecuilli”, um desenho em forma de “S” que aparece em diversas culturas indígenas pré-hispânicas e está relacionado ao planeta Vênus, à dualidade cósmica e à agem do tempo.
A representação de um possível ser humano com feições estilizadas pode ser uma referência ao deus Quetzalcoatl — divindade associada à criação, ao conhecimento e ao renascimento.
A presença de elementos fálicos em conjunto com esses artefatos de 500 anos sugere que a caverna era utilizada em cerimônias relacionadas à fertilidade da terra e à renovação da vida. Tais rituais eram comuns em diversas culturas indígenas, que atribuíam à natureza propriedades sagradas. A água presente na caverna, por exemplo, podia simbolizar o útero da terra, elemento fértil e sagrado.
Quem eram os Tlacotepehua?
A civilização à qual os arqueólogos atribuem esses artefatos é conhecida como Tlacotepehua, um grupo pouco documentado que habitava a região de Tlacotepec — nome que ainda denomina um município no atual estado de Guerrero. Relatos históricos do século XVI mencionam brevemente os Tlacotepehua, mas não há registros substanciais sobre sua língua, costumes ou estrutura social.
A ausência de dados concretos sobre os Tlacotepehua torna essa descoberta ainda mais relevante. Os artefatos resgatados fornecem pistas sobre sua religiosidade, práticas cotidianas e possíveis interações com outras culturas mesoamericanas, como os mexicas e os mixtecas.
A hipótese mais aceita entre os arqueólogos é que essa cultura tenha sido assimilada ou exterminada nos primeiros anos do período colonial, desaparecendo sem deixar registros escritos.
Desafios da arqueologia em cavernas alagadas
Estudar sítios arqueológicos em ambientes subterrâneos e úmidos é um desafio técnico e logístico. A caverna Tlayócoc está situada a mais de 2.300 metros acima do nível do mar, o que por si só já dificulta o o. Além disso, o espaço estreito e parcialmente inundado requer equipamentos de mergulho especializados e técnicas específicas de escavação para evitar a danificação dos artefatos.
Paradoxalmente, essas condições extremas também contribuíram para a excelente preservação dos objetos. A ausência de luz solar e a baixa presença de oxigênio impediram a deterioração de materiais orgânicos e minerais. Isso permitiu aos especialistas obter informações valiosas não apenas sobre os materiais utilizados, mas também sobre o contexto ritual e simbólico dos artefatos.
A importância da descoberta de artefatos de 500 anos para a história do México
Esse achado é considerado um marco no estudo das culturas mesoamericanas não documentadas. Ao contrário de civilizações como os maias ou os astecas, que deixaram abundantes registros arqueológicos e escritos, os Tlacotepehua eram praticamente desconhecidos. A recuperação desses artefatos de 500 anos, especialmente em um contexto ritual claro, pode reescrever parte da história indígena da Mesoamérica.
A arqueóloga principal da equipe, Dra. Marisol Rodríguez, destaca que “essa é uma das raras ocasiões em que conseguimos ligar elementos simbólicos, materiais e contextuais a uma cultura sobre a qual pouco sabíamos. Os dados obtidos permitirão comparações com outras tradições indígenas e ajudarão a preencher lacunas na cronologia regional”.
Além do valor acadêmico, a descoberta tem potencial turístico e educativo. O governo local estuda a possibilidade de criar uma exposição permanente com réplicas dos artefatos, respeitando a preservação do local original, que deverá permanecer fechado ao público devido às suas características frágeis.
Civilizações esquecidas: um campo aberto à pesquisa
A descoberta na caverna alagada no México é um lembrete de que muito do conhecimento sobre as civilizações pré-hispânicas ainda está por ser descoberto. Isso se deve a limitações orçamentárias, dificuldades geográficas e, em alguns casos, à ausência de interesse político em promover essas pesquisas.
O caso dos Tlacotepehua levanta a hipótese de que outras culturas igualmente importantes possam ter existido sem deixar registros claros — ou que esses registros estejam soterrados, ocultos ou dispersos em coleções privadas e acervos não catalogados.
A preservação, pesquisa e reconhecimento cultural
A descoberta feita pelos arqueólogos na caverna alagada no México é muito mais do que um achado isolado de artefatos de 500 anos. Trata-se de um capítulo importante na reconstituição da história indígena do continente americano.
Ao revelar traços da cultura Tlacotepehua, os pesquisadores não apenas contribuem para o conhecimento científico, mas também fortalecem o reconhecimento da diversidade cultural que existia antes da colonização europeia.
Com o avanço das tecnologias de datação, análise de DNA antigo e arqueologia digital, espera-se que mais descobertas desse tipo venham à tona nos próximos anos. Investir na pesquisa arqueológica é, portanto, investir no resgate da identidade de povos que, embora pouco documentados, tiveram um papel fundamental na formação da história do México e da América Latina.