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As temperaturas desabaram, o gelo avançou e o mundo mudou: como era a Terra há 21 mil anos no auge do Último Máximo Glacial

Escrito por Jefferson S
Publicado em 02/06/2025 às 14:55
As temperaturas desabaram, o gelo avançou e o mundo mudou: como era a Terra há 21 mil anos no auge do Último Máximo Glacial

Conheça os impactos climáticos extremos, o avanço de geleiras de até 3 km de espessura e a queda brutal de 125 metros no nível do mar que moldaram continentes, desertos e oceanos no Último Máximo Glacial

Imagine um planeta 6 °C mais frio, coberto por camadas de gelo imensas, desertos expandidos e oceanos 125 metros mais rasos. Há cerca de 21 mil anos, a Terra viveu o auge de seu último grande congelamento, um período conhecido como Último Máximo Glacial (UMG), quando o clima global atingiu o ápice de seu resfriamento. O evento foi tão profundo que moldou paisagens, ecossistemas e migrações humanas por milênios.

Segundo dados disponíveis publicamente, baseado em pesquisas como as do USGS e Nature, o UMG ocorreu entre 26.500 e 20.000 anos atrás, com variações regionais marcantes. Do Ártico ao Pacífico, do Saara à Patagônia, os efeitos desse resfriamento global extremo ainda são sentidos nos registros geológicos, ecológicos e até na configuração atual dos continentes.

O mundo congelado: o auge do frio e o recuo dos oceanos

Durante o auge do Último Máximo Glacial, a Terra perdeu 6 °C na temperatura média global em relação aos dias atuais. As imensas camadas de gelo cobriam até 25% de toda a massa terrestre, principalmente na América do Norte, Europa e Ásia. Em alguns pontos, como no Canadá, o gelo atingia até 3,2 km de espessura.

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Com tanta água congelada, o nível do mar caiu cerca de 125 metros, expondo plataformas continentais e unindo territórios hoje separados por oceanos. A Beríngia, por exemplo, conectava a Sibéria ao Alasca, possibilitando a migração de humanos e animais para as Américas.

O clima era seco, com tempestades de poeira frequentes e redução drástica na vegetação. A poeira em suspensão aumentou até 25 vezes, causada pela ausência de florestas e precipitações que normalmente limpam o ar.

Nas regiões tropicais, como a Amazônia e o Saara, houve aumento da aridez, com florestas retraídas e desertos avançando. A savana dominava vastas áreas hoje cobertas por vegetação densa, como o leste brasileiro.

Na África Austral, o solo congelava até 2 metros de profundidade em algumas regiões. Já na Europa, o gelo chegou até o norte da Alemanha e o sul da Inglaterra, e a Islândia estava completamente soterrada por glaciares.

Continentes unidos, desertos expandidos e mudanças drásticas nos ecossistemas

Com o recuo dos oceanos, continentes e ilhas formavam superterritórios. A Indonésia estava unida à Ásia através da Sundalândia, e a Austrália formava o megacontinente Sahul junto à Tasmânia e Nova Guiné. A Grande Barreira de Corais recuou para longe da costa australiana, adaptando-se à nova linha litorânea.

Na América do Sul, geleiras desciam dos Andes e dominavam parte da Patagônia. A vegetação adaptava-se ao frio, com florestas de Nothofagus substituindo campos abertos. Na Amazônia, as florestas retraíram e cederam lugar a paisagens mais abertas e áridas.

O Oriente Médio também sofreu transformações drásticas. A região do Golfo Pérsico, por exemplo, era uma vasta planície fluvial formada pelo Ur-Shatt, união dos rios Tigre e Eufrates. Essa região só foi inundada por águas marinhas cerca de 8 mil anos atrás.

Na Ásia, a permafrost alcançava o sul de Pequim e as florestas tropicais de regiões como o sul da China resistiam ao frio com dificuldade. O sudeste asiático tinha geleiras de montanha e áreas hoje insulares formavam grandes massas de terra.

Degelo, elevação do nível do mar e o começo do mundo como conhecemos

Após o pico do Último Máximo Glacial, iniciado há cerca de 20 mil anos, teve início um processo de degelo acelerado. Grandes geleiras começaram a recuar, e o nível do mar subiu rapidamente. Entre 14.500 e 8.000 anos atrás, os oceanos voltaram a inundar terras baixas, como o Golfo Pérsico e parte da costa brasileira.

Esse degelo provocou mudanças profundas nos padrões de circulação oceânica e climática. A Corrente Circumpolar Antártica, o El Niño e a AMOC (Circulação Meridional do Atlântico) aram por grandes alterações, afetando diretamente os sistemas de monções e precipitação global.

O retorno do calor permitiu o avanço de florestas tropicais e temperadas. A megafauna que prosperava durante o frio começou a declinar, e as paisagens voltaram a abrigar ecossistemas mais semelhantes aos atuais.

Ao longo desse processo, as primeiras civilizações humanas começaram a se fixar e desenvolver agricultura, aproveitando os solos expostos e os climas mais estáveis do Holoceno, iniciado há cerca de 11.700 anos.

O que o Último Máximo Glacial pode nos ensinar hoje

Compreender os extremos do ado climático da Terra ajuda a projetar cenários futuros diante das mudanças climáticas em curso. O Último Máximo Glacial mostra como alterações na temperatura global afetam ecossistemas, sociedades humanas e até a geografia planetária.

Eventos como o recuo do gelo, a elevação do nível do mar e as mudanças nos ventos e correntes oceânicas, embora em outra escala, também estão presentes nas discussões sobre o aquecimento atual.

O estudo detalhado desse período, com base em núcleos de gelo, sedimentos marinhos e fósseis, continua sendo essencial para a ciência do clima — e para a nossa sobrevivência no futuro.

Conte para a gente nos comentários: você já imaginava que o nível do mar foi 125 metros mais baixo? Compartilhe esse conteúdo com seus amigos e familiares e ajude a espalhar esse conhecimento impressionante!

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Jefferson S

Profissional com experiência militar no Exército, Inteligência Setorial e Gestão do Conhecimento no Sebrae-RJ e no Mercado Financeiro por meio de um escritório da XP Investimentos. Trago um olhar único sobre a indústria energética, conectando inovação, defesa e geopolítica. Transformo cenários complexos em conteúdo relevante sobre o futuro do setor de petróleo, gás e energia. Envie uma sugestão de pauta para: [email protected]

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