Cavado por cientistas soviéticos no auge da Guerra Fria, o buraco mais profundo do mundo esconde segredos geológicos extremos e abandonados após o colapso da URSS, com histórias reais e mitos que continuam a despertar fascínio e teorias.
O Poço Superprofundo de Kola, localizado na Rússia, é o buraco artificial mais profundo já perfurado pelo ser humano, atingindo 12.262 metros de profundidade.
Iniciado em 1970 pela União Soviética, o projeto visava explorar as profundezas da crosta terrestre para fins científicos, sem a intenção de extrair recursos naturais.
Apesar das descobertas significativas, como a presença de água líquida em grandes profundidades e fósseis microscópicos com bilhões de anos, o projeto enfrentou desafios técnicos, como temperaturas extremas que danificavam os equipamentos.
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Com o colapso da União Soviética em 1991 e a consequente falta de financiamento, a perfuração foi interrompida em 1992, e o local foi selado em 2008 por questões de segurança.
A corrida científica durante a Guerra Fria
Durante a Guerra Fria, a União Soviética e os Estados Unidos competiam não apenas na corrida espacial, mas também em projetos científicos ambiciosos.
O Poço Superprofundo de Kola foi a resposta soviética ao Projeto Mohole americano, que visava perfurar a crosta terrestre no fundo do oceano Pacífico.
Enquanto o Projeto Mohole foi abandonado em 1966 devido a cortes de financiamento, os soviéticos continuaram com o Poço de Kola, alcançando profundidades recordes.
Descobertas surpreendentes nas profundezas da Terra
Ao longo das duas décadas de perfuração, os cientistas fizeram descobertas inesperadas. Encontraram água líquida a mais de 5 km de profundidade, o que desafiava as teorias geológicas da época.
Além disso, foram descobertos microfósseis de organismos unicelulares datados de mais de 2 bilhões de anos, indicando a presença de vida em condições extremas.
Outro achado significativo foi a composição porosa das rochas em grandes profundidades, contrariando as expectativas de que seriam mais densas.
Desafios técnicos e o fim do projeto
Apesar dos avanços, o projeto enfrentou obstáculos técnicos significativos. As temperaturas no fundo do poço alcançaram cerca de 180°C, quase o dobro do esperado, tornando a continuação dos trabalhos extremamente difícil e cara.
O calor intenso danificava os equipamentos de perfuração, e as rochas tornavam-se mais plásticas, dificultando o processo.
Com o colapso da União Soviética em 1991, o financiamento estatal foi cortado, levando à interrupção oficial da perfuração em 1992.
O legado científico do Poço de Kola
Embora o Poço de Kola tenha sido abandonado, seu legado científico permanece. Os dados coletados durante a perfuração continuam a ser relevantes para os pesquisadores, fornecendo informações valiosas sobre a geologia profunda da Terra.
O projeto também inspirou outras iniciativas de perfuração profunda em diferentes partes do mundo, contribuindo para o avanço do conhecimento sobre o interior do nosso planeta.
Mitos e lendas urbanas
O Poço Superprofundo de Kola também foi alvo de lendas urbanas. Uma das mais conhecidas é a história de que os cientistas soviéticos teriam ouvido sons semelhantes a gritos humanos vindos do fundo do poço, levando à especulação de que haviam perfurado até o inferno.
No entanto, essa história foi desmentida e atribuída a uma farsa envolvendo sons editados de um filme de terror.
O estado atual do Poço de Kola
Atualmente, o Poço Superprofundo de Kola está selado com uma tampa de metal e as instalações ao redor foram abandonadas.
O local tornou-se um símbolo dos limites da exploração humana e da busca incessante por conhecimento. Apesar de seu estado de abandono, o Poço de Kola continua a fascinar cientistas e curiosos, representando um marco na história da exploração geológica.