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O projeto soviético que desafiou a crosta terrestre e terminou em abandono

Escrito por Ana Alice
Publicado em 14/05/2025 às 15:12
Atualizado em 15/05/2025 às 23:55
O buraco mais profundo do mundo guarda descobertas científicas, mitos bizarros e foi abandonado após o colapso da União Soviética. (Imagem: Reprodução/Canva)
O buraco mais profundo do mundo guarda descobertas científicas, mitos bizarros e foi abandonado após o colapso da União Soviética. (Imagem: Reprodução/Canva)

Cavado por cientistas soviéticos no auge da Guerra Fria, o buraco mais profundo do mundo esconde segredos geológicos extremos e abandonados após o colapso da URSS, com histórias reais e mitos que continuam a despertar fascínio e teorias.

O Poço Superprofundo de Kola, localizado na Rússia, é o buraco artificial mais profundo já perfurado pelo ser humano, atingindo 12.262 metros de profundidade.

Iniciado em 1970 pela União Soviética, o projeto visava explorar as profundezas da crosta terrestre para fins científicos, sem a intenção de extrair recursos naturais.

Apesar das descobertas significativas, como a presença de água líquida em grandes profundidades e fósseis microscópicos com bilhões de anos, o projeto enfrentou desafios técnicos, como temperaturas extremas que danificavam os equipamentos.

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Com o colapso da União Soviética em 1991 e a consequente falta de financiamento, a perfuração foi interrompida em 1992, e o local foi selado em 2008 por questões de segurança.​

A corrida científica durante a Guerra Fria

Durante a Guerra Fria, a União Soviética e os Estados Unidos competiam não apenas na corrida espacial, mas também em projetos científicos ambiciosos.

O Poço Superprofundo de Kola foi a resposta soviética ao Projeto Mohole americano, que visava perfurar a crosta terrestre no fundo do oceano Pacífico.

Enquanto o Projeto Mohole foi abandonado em 1966 devido a cortes de financiamento, os soviéticos continuaram com o Poço de Kola, alcançando profundidades recordes.​

Descobertas surpreendentes nas profundezas da Terra

Ao longo das duas décadas de perfuração, os cientistas fizeram descobertas inesperadas. Encontraram água líquida a mais de 5 km de profundidade, o que desafiava as teorias geológicas da época.

Além disso, foram descobertos microfósseis de organismos unicelulares datados de mais de 2 bilhões de anos, indicando a presença de vida em condições extremas.

Outro achado significativo foi a composição porosa das rochas em grandes profundidades, contrariando as expectativas de que seriam mais densas.​

Desafios técnicos e o fim do projeto

Apesar dos avanços, o projeto enfrentou obstáculos técnicos significativos. As temperaturas no fundo do poço alcançaram cerca de 180°C, quase o dobro do esperado, tornando a continuação dos trabalhos extremamente difícil e cara.

O calor intenso danificava os equipamentos de perfuração, e as rochas tornavam-se mais plásticas, dificultando o processo.

Com o colapso da União Soviética em 1991, o financiamento estatal foi cortado, levando à interrupção oficial da perfuração em 1992.​

O legado científico do Poço de Kola

Embora o Poço de Kola tenha sido abandonado, seu legado científico permanece. Os dados coletados durante a perfuração continuam a ser relevantes para os pesquisadores, fornecendo informações valiosas sobre a geologia profunda da Terra.

O projeto também inspirou outras iniciativas de perfuração profunda em diferentes partes do mundo, contribuindo para o avanço do conhecimento sobre o interior do nosso planeta.​

Mitos e lendas urbanas

O Poço Superprofundo de Kola também foi alvo de lendas urbanas. Uma das mais conhecidas é a história de que os cientistas soviéticos teriam ouvido sons semelhantes a gritos humanos vindos do fundo do poço, levando à especulação de que haviam perfurado até o inferno.

No entanto, essa história foi desmentida e atribuída a uma farsa envolvendo sons editados de um filme de terror.

O estado atual do Poço de Kola

Atualmente, o Poço Superprofundo de Kola está selado com uma tampa de metal e as instalações ao redor foram abandonadas.

O local tornou-se um símbolo dos limites da exploração humana e da busca incessante por conhecimento. Apesar de seu estado de abandono, o Poço de Kola continua a fascinar cientistas e curiosos, representando um marco na história da exploração geológica.​

Ana Alice

Redatora e analista de conteúdo. Escreve para o site Click Petróleo e Gás (G) desde 2024 e é especialista em criar textos sobre temas diversos como economia, empregos e forças armadas.

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