Para executivo da Fluxys, país deve apostar no biometano como alternativa viável e estratégica frente aos desafios do hidrogênio verde
Em entrevista recente, o CEO da Fluxys Brasil, Sébastien Lahouste, defendeu o biometano como o verdadeiro “hidrogênio brasileiro”. Segundo ele, essa fonte de energia renovável se apresenta como uma solução mais viável e imediata para o Brasil diante da infraestrutura já existente e da urgência da transição energética.
Biometano desponta como solução estratégica no curto prazo
Segundo o portal Eixos, o executivo da Fluxys Brasil afirmou que o biometano, produzido a partir da decomposição de resíduos orgânicos, já possui mercado consolidado, tecnologia dominada e plantas em operação no território nacional. Em contraste, o hidrogênio verde ainda demanda investimentos expressivos em infraestrutura e regulação, o que dificulta sua aplicação imediata em escala.
Lahouste explicou que o Brasil possui uma rede de gás natural que pode ser utilizada para escoar o biometano, o que reduz drasticamente os custos de implementação. A proposta da empresa inclui o desenvolvimento de hubs regionais conectados à malha de transporte nacional, otimizando a logística e garantindo maior capilaridade do produto no país.
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Desafios estruturais limitam o avanço do hidrogênio
Embora o hidrogênio verde continue sendo uma aposta estratégica, sobretudo para a exportação, com destaque para polos como os portos de Pecém (CE) e Açu (RJ), sua aplicação doméstica enfrenta barreiras. A malha de gás brasileira, ainda pouco desenvolvida em comparação a países da Europa e América do Norte, inviabiliza o transporte em grandes volumes, segundo análise do executivo.
Além disso, Lahouste mencionou entraves como a falta de demanda interna, ausência de contratos de longo prazo com compradores internacionais e altos custos iniciais para viabilização de plantas. Ele ainda aponta que, mesmo a alternativa de injetar hidrogênio em pequenas proporções na rede atual esbarra em limitações técnicas e regulatórias.
Biometano e segurança energética: convergência possível
Para a Fluxys, a adoção em larga escala do biometano pode contribuir de forma relevante com a segurança energética brasileira. A empresa reforça a importância de uma regulamentação que valorize as condições reais do país, incluindo a integração com usinas térmicas e a utilização de recursos locais. De acordo com Eixos, a viabilidade técnica e econômica do biometano o posiciona como um aliado central da matriz energética nos próximos anos.
De forma complementar, relatório da Agência Internacional de Energia (IEA) reconhece o potencial do biometano como vetor de descarbonização em economias emergentes, sobretudo em países com forte produção agropecuária e disponibilidade de resíduos, cenário compatível com o Brasil.
Perspectiva para o futuro energético brasileiro
Em resumo, a visão da Fluxys Brasil prioriza uma transição energética pautada pela realidade do país. O biometano surge como um combustível renovável com aplicação imediata, aproveitando infraestrutura já existente e atendendo a uma demanda crescente por soluções sustentáveis. Já o hidrogênio, embora promissor, depende de articulações mais robustas e investimentos coordenados para se tornar competitivo no cenário interno.