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Braço energético do Kremlin por décadas, a Gazprom, maior produtora de gás natural do planeta, agora vende imóveis em Moscou numa tentativa desesperada de sobreviver ao colapso causado por sanções e erros estratégicos de Putin

Escrito por Noel Budeguer
Publicado em 11/05/2025 às 11:11
gás - petróleo
Braço energético do Kremlin por décadas, a Gazprom, maior produtora de gás natural do planeta, agora vende imóveis em Moscou numa tentativa desesperada de sobreviver ao colapso causado por sanções e erros estratégicos de Putin

O império energético de Putin está ruindo: a Gazprom, que já controlou o gás da Europa, liquida seus imóveis na capital russa para conter um colapso financeiro sem precedentes.

A Gazprom, gigante estatal russa do setor de energia e uma das maiores produtoras de gás natural do mundo, vive um dos momentos mais críticos de sua história recente. Após registrar prejuízos bilionários e enfrentar uma queda acentuada nas exportações para a Europa, a companhia anunciou a venda de diversos imóveis em Moscou, incluindo prédios comerciais, um hotel com spa nos arredores da capital e até um edifício industrial.

Crise profunda abala o “coração” energético da Rússia

De acordo com o portal Reuters em março de 2025, a Gazprom registrou um prejuízo líquido de 1,076 trilhão de rublos (aproximadamente US$ 12,9 bilhões) em 2024, segundo os padrões contábeis russos. Trata-se do pior resultado desde 1999, impulsionado por fatores como a queda no valor de mercado de ações da Gazprom Neft e o declínio drástico nas exportações para a União Europeia.

Em comunicado publicado no Telegram oficial da Gazprom, a empresa lista os ativos colocados à venda e convida interessados a entrarem em contato diretamente via telefone. A medida é vista por analistas como uma liquidação emergencial de patrimônio para conter os danos financeiros.

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Exportações de gás despencam com sanções e mudança de rota europeia

Em 2023, as exportações da Gazprom para a Europa caíram 56%, totalizando apenas 28,3 bilhões de metros cúbicos — o nível mais baixo desde a era soviética. Em 2024, a queda continuou: segundo dados da consultoria de energia Anas Alhajji, as exportações para a Europa foram reduzidas em mais 13%, atingindo 31 bilhões de m³.

Isso se deve, principalmente, às sanções impostas à Rússia pela guerra na Ucrânia e à decisão do governo de Ucrânia de não renovar o contrato de trânsito de gás, que expirou em 31 de dezembro de 2024. Ao mesmo tempo, os países europeus aceleraram investimentos em fontes alternativas e energias renováveis para reduzir a dependência do gás russo.

Putin subestimou o impacto das retaliações

Para o analista geopolítico Tom O’Donnell, ouvido pela Newsweek, a estratégia de Vladimir Putin de cortar o fornecimento do gasoduto Nord Stream foi um grave erro de cálculo. A intenção era forçar uma crise energética na Europa e pressionar os países a abandonarem o apoio à Ucrânia, mas o tiro saiu pela culatra. “A produção atual da Gazprom está no mesmo nível de 1970”, afirma O’Donnell.

Uma vista mostra a torre empresarial Lakhta Centre, que é a sede do maior produtor de gás da Rússia, a Gazprom, durante o pôr do sol em São Petersburgo, Rússia, em 14 de março de 2025. REUTERS/Anton Vaganov/Foto de arquivo.

Reestruturação e demissões em massa

Diante do colapso nos lucros, a empresa iniciou um amplo plano de reestruturação. Segundo o jornal El País, a Gazprom pretende demitir até 40% de seus executivos, ando de 4.100 para cerca de 2.500 cargos de chefia. A medida visa reduzir gastos fixos e adaptar a estrutura da companhia a uma nova realidade de mercado.

Além disso, a sede da empresa foi transferida para um arranha-céu moderno em São Petersburgo, com o objetivo de reduzir custos operacionais e concentrar atividades estratégicas longe da capital.

Alternativas no Oriente ainda não são suficientes

A Gazprom tem tentado redirecionar parte de sua produção para a Ásia, especialmente para a China. No entanto, projetos como o Poder da Sibéria 2 ainda não foram formalmente aprovados e enfrentam desafios diplomáticos e técnicos. De acordo com a ChemAnalyst, os acordos com Pequim avançam lentamente, e os volumes contratados estão longe de compensar a perda do mercado europeu.

Futuro incerto e dependência de subsídios estatais

Com receitas em queda e investimentos em baixa, a Gazprom depende cada vez mais de subsídios do governo russo. Ainda assim, especialistas afirmam que a companhia dificilmente conseguirá manter sua antiga influência geopolítica. A União Europeia já delineou um plano para eliminar completamente o uso de gás russo até 2027, com a proibição de novos contratos a partir de 2025 (Reuters).

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Um império em declínio

O que estamos testemunhando é a derrocada gradual de um império energético que, por décadas, foi usado como instrumento de influência geopolítica do Kremlin. A Gazprom agora precisa reinventar seu modelo de negócios em um cenário de sanções, concorrência crescente e uma transição energética global cada vez mais acelerada.

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Aliyah Cline
Aliyah Cline
11/05/2025 11:29

Very well presented. Every quote was awesome and thanks for sharing the content. Keep sharing and keep motivating others.

Noel Budeguer

Sou jornalista argentino, actualmente radicado en Río de Janeiro, Brasil, con trayectoria enfocada en la cobertura de temas militares, defensa, ciencia, tecnología, energía y geopolítica. Mi objetivo es traducir información técnica y compleja en contenidos accesibles y relevantes para un público amplio, siempre manteniendo el rigor periodístico. Sou apaixonado por explorar como a tecnologia y defensa impactam a sociedade eo desenvolvimento econômico. https://muckrack.com/noel-budeguer?

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