O império energético de Putin está ruindo: a Gazprom, que já controlou o gás da Europa, liquida seus imóveis na capital russa para conter um colapso financeiro sem precedentes.
A Gazprom, gigante estatal russa do setor de energia e uma das maiores produtoras de gás natural do mundo, vive um dos momentos mais críticos de sua história recente. Após registrar prejuízos bilionários e enfrentar uma queda acentuada nas exportações para a Europa, a companhia anunciou a venda de diversos imóveis em Moscou, incluindo prédios comerciais, um hotel com spa nos arredores da capital e até um edifício industrial.
Crise profunda abala o “coração” energético da Rússia
De acordo com o portal Reuters em março de 2025, a Gazprom registrou um prejuízo líquido de 1,076 trilhão de rublos (aproximadamente US$ 12,9 bilhões) em 2024, segundo os padrões contábeis russos. Trata-se do pior resultado desde 1999, impulsionado por fatores como a queda no valor de mercado de ações da Gazprom Neft e o declínio drástico nas exportações para a União Europeia.
Em comunicado publicado no Telegram oficial da Gazprom, a empresa lista os ativos colocados à venda e convida interessados a entrarem em contato diretamente via telefone. A medida é vista por analistas como uma liquidação emergencial de patrimônio para conter os danos financeiros.
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Exportações de gás despencam com sanções e mudança de rota europeia
Em 2023, as exportações da Gazprom para a Europa caíram 56%, totalizando apenas 28,3 bilhões de metros cúbicos — o nível mais baixo desde a era soviética. Em 2024, a queda continuou: segundo dados da consultoria de energia Anas Alhajji, as exportações para a Europa foram reduzidas em mais 13%, atingindo 31 bilhões de m³.
Isso se deve, principalmente, às sanções impostas à Rússia pela guerra na Ucrânia e à decisão do governo de Ucrânia de não renovar o contrato de trânsito de gás, que expirou em 31 de dezembro de 2024. Ao mesmo tempo, os países europeus aceleraram investimentos em fontes alternativas e energias renováveis para reduzir a dependência do gás russo.
Putin subestimou o impacto das retaliações
Para o analista geopolítico Tom O’Donnell, ouvido pela Newsweek, a estratégia de Vladimir Putin de cortar o fornecimento do gasoduto Nord Stream foi um grave erro de cálculo. A intenção era forçar uma crise energética na Europa e pressionar os países a abandonarem o apoio à Ucrânia, mas o tiro saiu pela culatra. “A produção atual da Gazprom está no mesmo nível de 1970”, afirma O’Donnell.
Reestruturação e demissões em massa
Diante do colapso nos lucros, a empresa iniciou um amplo plano de reestruturação. Segundo o jornal El País, a Gazprom pretende demitir até 40% de seus executivos, ando de 4.100 para cerca de 2.500 cargos de chefia. A medida visa reduzir gastos fixos e adaptar a estrutura da companhia a uma nova realidade de mercado.
Além disso, a sede da empresa foi transferida para um arranha-céu moderno em São Petersburgo, com o objetivo de reduzir custos operacionais e concentrar atividades estratégicas longe da capital.
Alternativas no Oriente ainda não são suficientes
A Gazprom tem tentado redirecionar parte de sua produção para a Ásia, especialmente para a China. No entanto, projetos como o Poder da Sibéria 2 ainda não foram formalmente aprovados e enfrentam desafios diplomáticos e técnicos. De acordo com a ChemAnalyst, os acordos com Pequim avançam lentamente, e os volumes contratados estão longe de compensar a perda do mercado europeu.
Futuro incerto e dependência de subsídios estatais
Com receitas em queda e investimentos em baixa, a Gazprom depende cada vez mais de subsídios do governo russo. Ainda assim, especialistas afirmam que a companhia dificilmente conseguirá manter sua antiga influência geopolítica. A União Europeia já delineou um plano para eliminar completamente o uso de gás russo até 2027, com a proibição de novos contratos a partir de 2025 (Reuters).
Um império em declínio
O que estamos testemunhando é a derrocada gradual de um império energético que, por décadas, foi usado como instrumento de influência geopolítica do Kremlin. A Gazprom agora precisa reinventar seu modelo de negócios em um cenário de sanções, concorrência crescente e uma transição energética global cada vez mais acelerada.
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