Plano Decenal de Energia 2034 prevê cenários com soluções viáveis e de menor custo para reduzir emissões no transporte
O Brasil definiu uma estratégia ousada e pragmática para cortar emissões no setor de transportes. Segundo o novo Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2034), a aposta está nos veículos flex e no uso de biocombustíveis avançados como solução imediata e viável, enquanto o hidrogênio entra no radar como tecnologia promissora para aplicações futuras, a partir de 2040.
Veículos flex e biocombustíveis ganham prioridade
Em vez de seguir exclusivamente as tendências internacionais centradas na eletrificação plena, o Brasil opta por um caminho mais alinhado com suas capacidades atuais. Conforme divulgado pelo portal Eixos Energia, o PDE 2034 destaca os veículos flex, já amplamente utilizados no país, como pilares de curto e médio prazo da transição energética.
O plano reforça o papel dos biocombustíveis de segunda geração, como o etanol de resíduos agrícolas e o biodiesel avançado, aproveitando a infraestrutura existente e a expertise brasileira acumulada ao longo das últimas décadas. A proposta é promover uma redução real de emissões sem depender exclusivamente de tecnologias de alto custo e ainda em fase de maturação.
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Hidrogênio entra no plano com foco a longo prazo
Embora o hidrogênio não seja a estrela principal do momento, ele aparece com força nos cenários de transição para o futuro. O PDE 2034 reconhece o potencial desse vetor energético, especialmente em aplicações indiretas como células a combustível abastecidas com etanol — uma solução que pode combinar inovação e sustentabilidade com a realidade agrícola brasileira.
No entanto, o plano é claro ao apontar que a utilização do hidrogênio em escala relevante deve acontecer apenas a partir de 2040. Essa previsão considera os desafios tecnológicos, os altos custos de produção e a ausência de infraestrutura adequada. Ainda assim, o Brasil pretende se posicionar de forma estratégica para não ficar de fora desse mercado promissor quando ele atingir maturidade global.
Cenários distintos para atingir a descarbonização
O estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) apresentou três caminhos possíveis para alcançar a descarbonização no setor de transportes até 2050. Todos os cenários partem da premissa de que nenhuma única tecnologia resolverá o problema. Por isso, o Brasil aposta em uma matriz diversificada, aproveitando o que já tem de melhor: uma frota adaptável, uma base consolidada de biocombustíveis e, futuramente, a entrada do hidrogênio como uma peça importante desse quebra-cabeça energético.
Essa abordagem mais flexível permite que o país avance sem depender exclusivamente de investimentos bilionários em infraestrutura elétrica, o que dá vantagem competitiva, principalmente em regiões onde a eletrificação ainda é inviável. O documento completo está disponível para consulta pública e marca um o decisivo no planejamento energético nacional.