Relatório da Opep destaca o Brasil como líder na produção de petróleo fora do cartel, com crescimento econômico e desafios fiscais em 2025.
O mais recente relatório da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), divulgado nesta quarta-feira (14), colocou o Brasil entre os protagonistas do crescimento da oferta global de petróleo.
A análise reconhece o país como uma das principais forças de expansão da produção, ao lado de países como Estados Unidos, Argentina e Canadá. Embora o Brasil ainda não seja membro da Opep+, sua relevância no setor é crescente.
Em fevereiro deste ano, o governo brasileiro assinou a carta de cooperação entre países produtores, o que permite acompanhar decisões técnicas do grupo e contribuir com sugestões voltadas à transição energética.
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No entanto, essa participação não implica adesão formal à organização.
Expansão econômica impulsiona protagonismo brasileiro
O documento destaca que o desempenho econômico do Brasil em 2024 fortaleceu sua posição entre os maiores produtores de petróleo.
O país registrou crescimento de 4% no terceiro trimestre e 3,6% no quarto, o que favoreceu a elevação da oferta de petróleo nacional.
A Opep prevê, porém, uma desaceleração no ritmo de crescimento em 2025, com projeções de 2,5% no primeiro trimestre e 2,2% na segunda metade do ano.
Esse avanço é atribuído, em grande parte, à força do setor de commodities, onde o petróleo ocupa papel central.
O relatório reforça que a performance brasileira ajuda a equilibrar a oferta global, especialmente fora do núcleo dos países membros do cartel.
Efeitos limitados das tarifas dos EUA sobre o petróleo brasileiro
Outro ponto abordado pela Opep foi a recente política tarifária dos Estados Unidos, sob a gestão do presidente Donald Trump.
Apesar da imposição de uma tarifa de 10% às exportações brasileiras, o impacto sobre a economia nacional foi considerado baixo.
O relatório lembra que os embarques para os EUA representam menos de 2% do PIB brasileiro, além de se beneficiarem de isenções específicas para combustíveis e minerais.
A organização também menciona que tarifas superiores a esse percentual foram congeladas, reduzindo ainda mais os possíveis efeitos negativos para o Brasil.
Inflação fora da meta e cenário fiscal desafiam o país
Apesar dos avanços, a Opep chama atenção para os obstáculos enfrentados pela economia brasileira.
O país lida com juros reais elevados, um ajuste fiscal lento e uma dívida pública que ultraa os 70% do Produto Interno Bruto (PIB).
Esses fatores levantam preocupações sobre a sustentabilidade das finanças públicas a médio e longo prazo.
A inflação, que atingiu 5,53% em abril, também está fora do intervalo meta estipulado pelo Banco Central (entre 1,5% e 4,5%).
Esse foi o sétimo mês consecutivo em que o índice oficial ultraou o teto da meta, o que pode pressionar ainda mais a política monetária.
Demanda global por petróleo permanece estável
Por fim, o relatório manteve as projeções anteriores em relação à demanda mundial de petróleo para 2025.
A estimativa da Opep é de crescimento de 1,3 milhão de barris por dia (bpd), número que reforça a importância de novos polos produtores, como o Brasil, na estabilidade do mercado energético global.