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Brasil ganha território equivalente à ‘Alemanha’ e agora quer mais 1,55 milhão de km² no oceano

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 06/04/2025 às 13:15

O Brasil acaba de conquistar um território oceânico do tamanho da Alemanha e já mira outro ainda maior: 1,55 milhão de km² repleto de metais raros e preciosos. A disputa internacional é acirrada, envolve interesses geopolíticos, e o fundo do mar pode esconder riquezas bilionárias. Entenda o plano ambicioso que pode mudar o futuro do país.

Após garantir uma área marítima do tamanho da Alemanha, o Brasil quer mais: agora, mira uma porção oceânica ainda maior, com 1,55 milhão de km², rica em recursos minerais e estratégicos para o futuro.

Na última semana de março de 2025, o Brasil conquistou uma vitória geopolítica e ambiental de grandes proporções.

O país teve reconhecido pela ONU o direito sobre uma área de 360 mil km² na chamada Margem Equatorial — uma extensão equivalente ao território da Alemanha.

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Agora, a atenção se volta para uma região ainda mais ambiciosa:

O governo brasileiro solicitou à Organização das Nações Unidas o reconhecimento de uma nova porção do Atlântico Sul, com 1,55 milhão de km², situada entre o litoral do Paraná e da Paraíba.

Trata-se da Margem Oriental Meridional, um território submarino que avança até 1,3 mil km da costa brasileira, chegando a profundidades superiores a 4 mil metros.

Segundo a geóloga Izabel King Jeck, capitã de mar e guerra da Marinha e doutora em geologia marinha, a área é rica em minerais estratégicos como cobalto, níquel, manganês, ferro, platina, nióbio e titânio.

A região guarda ainda a Elevação do Rio Grande, uma antiga formação vulcânica que foi uma ilha tropical entre 5 e 30 milhões de anos atrás, conforme estudos da Universidade de São Paulo (USP).

Exploração estratégica e disputa geopolítica

A solicitação de anexação não é novidade:

Desde 2004, o Brasil tem pleiteado junto à Comissão de Limites da Plataforma Continental da ONU a ampliação de sua área marítima além das 200 milhas náuticas (cerca de 370 km) previstas pela Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, conhecida como Convenção da Jamaica, de 1982.

Para reivindicar áreas além desse limite, o país precisa comprovar, por meio de análises geofísicas e geológicas, que há continuidade natural entre o solo submarino e o território continental.

De acordo com a capitã Izabel Jeck, os dados científicos estão bem embasados, mas ela reconhece a complexidade do processo:

“Provamos que há continuidade da margem continental brasileira. Há informações sísmicas, de batimetria, que comprovam. Mas não é fácil. A comissão que analisa as propostas é bem rígida.”

Além das dificuldades técnicas, há interesses geopolíticos e econômicos envolvidos.

A posse de regiões com potencial mineral e biológico gera disputas silenciosas entre nações, especialmente em um cenário global de escassez de recursos.

A importância da Elevação do Rio Grande

O ponto mais valioso da nova região solicitada é a Elevação do Rio Grande, um paredão rochoso submerso que abriga jazidas minerais de altíssimo valor.

Embora o Brasil já tenha realizado expedições científicas ao local, apenas uma fração do potencial da área foi mapeada.

Conforme afirmou Jeck, menos de 5% da região foi efetivamente estudada, principalmente por causa da distância e das severas condições meteorológicas, que restringem as viagens de pesquisa ao verão.

Desde 1989, com a criação do Plano de Levantamento da Plataforma Continental Brasileira (Leplac), o país realiza expedições científicas para estudar sua plataforma marítima.

A Petrobras ou a financiar parte do projeto em 2018 e, até hoje, já investiu mais de R$ 60 milhões nas pesquisas.

Em 2019, o Brasil conquistou outra vitória ao conseguir a anexação da Margem Sul, ampliando o território marítimo nas costas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina em 170 mil km².

Potencial econômico e necessidade de presença

Segundo o vice-almirante Marco Antônio Linhares Soares, diretor de Hidrografia e Navegação da Marinha, a ampliação do domínio marítimo é estratégica para o país.

A nova área da Margem Equatorial, por exemplo, possui uma vasta bacia sedimentar com potencial para exploração mineral e biológica, especialmente na região do Cone do Amazonas, que ainda está longe de ser completamente compreendida.

“Todos os países querem estar no Cone do Amazonas.

Ainda é uma área a ser descoberta.

Pode ser que só na geração dos meus filhos ou netos a gente descubra tudo”, afirmou o vice-almirante, que também destacou a importância de ações permanentes no local.

“Tem que estar lá com navios, fazendo patrulha, fiscalização e, principalmente, pesquisa científica.”

Debate ambiental: riqueza, mas a que custo?

Enquanto o governo comemora as vitórias geoestratégicas, ambientalistas alertam para a ausência de planos concretos de preservação da biodiversidade nas áreas anexadas.

O doutor em Ecologia José Amorim Reis Filho, das universidades federais da Bahia e do Pará, afirma que os relatórios apresentados à ONU se concentram exclusivamente nos aspectos geológicos, ignorando completamente a fauna e a flora das regiões submarinas.

“A titularidade do território não significa dizer que vai haver dano ambiental, mas é preciso considerar o histórico de descuido e falta de interesse em preservar zonas naturais no Brasil, especialmente as marítimas”, alerta o pesquisador.

Segundo ele, o oceano brasileiro continua sendo pouco estudado, e o interesse pela exploração mineral pode colocar em risco ecossistemas ainda desconhecidos.

“Se nem perto da costa conseguem proteger, imagina a centenas de milhas”, ironiza.

Prolongamento da plataforma: uma corrida global

O Brasil não está sozinho nessa corrida por territórios submarinos.

Países como Argentina, África do Sul e até o Uruguai também apresentam pedidos semelhantes à ONU, com base na mesma Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar.

A diferença brasileira está na ousadia e persistência.

Com quase duas décadas de estudos e uma estrutura que envolve universidades, a Marinha e empresas estatais, o país tenta garantir não apenas território, mas também soberania sobre recursos estratégicos que podem fazer a diferença nas próximas décadas.

A próxima etapa depende da resposta da ONU, que não tem prazo definido para avaliar os pedidos.

Enquanto isso, o Brasil precisa reforçar sua presença marítima, investir em tecnologia de exploração e, principalmente, equilibrar desenvolvimento com responsabilidade ambiental.

Você acha que o Brasil está preparado para explorar com responsabilidade esses territórios submarinos ou estamos correndo o risco de repetir erros do ado?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, agens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: [email protected]. Não aceitamos currículos!

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