Investimentos bilionários em tecnologia verde conectam Brasil e China para revolucionar o setor aéreo com combustíveis renováveis a partir da cana-de-açúcar, apontando para um futuro sustentável e inovação em energia limpa no mercado global.
O Brasil deu um o decisivo rumo à sustentabilidade na aviação com um investimento chinês de US$ 1 bilhão — o equivalente a cerca de R$ 5,6 bilhões na conversão direta — voltado para a produção de combustível renovável para aeronaves, conhecido como SAF (Sustainable Aviation Fuel).
Segundo informações divulgadas nesta segunda-feira (12), o aporte será realizado pela Envision Group, empresa chinesa que também pretende instalar um centro de pesquisa e desenvolvimento (P&D) dedicado à energia renovável no país.
O anúncio aconteceu durante a visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Pequim, a terceira em pouco mais de dois anos, e marcou quatro audiências com executivos chineses dos setores de energia sustentável e defesa.
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“Concluímos uma audiência com um anúncio de investimento de US$ 1 bilhão para a produção de SAF a partir da cana-de-açúcar no Brasil. O país se tornará um dos maiores produtores de combustíveis verdes de aviação,” afirmou o ministro Rui Costa, da Casa Civil, que acompanhou a comitiva presidencial.
Investimentos estratégicos para o futuro energético do Brasil
Além do compromisso com o SAF, os acordos firmados entre Brasil e China abrangem diversos projetos de energia renovável, incluindo iniciativas em energia eólica, solar, sistemas híbridos e tecnologias para armazenamento energético.
De acordo com representantes do governo brasileiro e da ApexBrasil, o investimento no SAF é um dos maiores já anunciados para o setor no país, demonstrando o interesse global no potencial brasileiro para o desenvolvimento sustentável.
A Envision Energy, com sede em Xangai e reconhecida mundialmente como líder em tecnologia verde, será a principal responsável pelos projetos.
A empresa já atua em soluções inovadoras, como turbinas eólicas inteligentes e sistemas avançados de armazenamento de energia, além de priorizar o desenvolvimento do SAF em sua agenda global de transição energética.
O investimento é fruto de negociações iniciadas em 2024, com reuniões recentes em abril deste ano entre autoridades brasileiras e executivos chineses, voltadas a explorar oportunidades de parceria e desenvolvimento tecnológico conjunto.
Essas conversas também abordaram como reduzir custos na produção e integrar múltiplas fontes renováveis usando tecnologias de ponta, incluindo sistemas híbridos de energia, hidrogênio verde, amônia verde e aerogeradores de grande porte.
O novo centro de pesquisa, que será implementado em parceria entre o Senai Cimatec, referência nacional em inovação, e a Windey Energy Technology Group, estatal chinesa líder em turbinas eólicas, vai focar no desenvolvimento e manutenção de tecnologias para grandes aerogeradores, ampliando a expertise brasileira em energia limpa.
Combustível sustentável de aviação: uma revolução para o setor aéreo
O SAF é uma alternativa inovadora ao combustível fóssil usado atualmente na aviação comercial.
Ele é produzido a partir de matérias-primas renováveis, com processos que respeitam critérios rigorosos de sustentabilidade ambiental.
Segundo a União Nacional da Bioenergia (UNICA), o Brasil possui condições únicas para liderar globalmente a produção desse combustível, graças ao clima favorável e à variedade de recursos naturais disponíveis.
Entre as matérias-primas utilizadas estão a cana-de-açúcar, palmeira-de-dendê, macaúba, eucalipto, soja, milho e até agave.
Estudos mostram que o uso do SAF pode reduzir em até 80% as emissões de carbono no setor aéreo em comparação com o querosene tradicional, o que representa um o crucial para descarbonizar um dos setores mais desafiadores em termos de impacto ambiental.
Segundo pesquisa da Boeing, o Brasil tem capacidade para produzir até nove bilhões de litros de combustível sustentável por ano, o que corresponde a 125% do consumo atual de combustível fóssil do setor aéreo nacional.
Essa produção viria principalmente de resíduos agroindustriais, como a sobra da cana-de-açúcar, resíduos de eucalipto, gases residuais, além de matérias-primas inusitadas como sebo bovino e óleo de cozinha usado, ampliando a eficiência do ciclo produtivo e contribuindo para a economia circular.
Panorama internacional e desafios para o Brasil
No contexto global, o setor aéreo enfrenta uma pressão crescente para adotar alternativas que reduzam seu impacto ambiental.
A Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) destaca o SAF como uma das tecnologias mais promissoras para cumprir as metas de neutralidade de carbono até 2050.
Entretanto, para que o Brasil concretize essa liderança, ainda é necessário enfrentar desafios como o desenvolvimento tecnológico, a infraestrutura para distribuição e o custo competitivo do combustível sustentável em relação ao querosene fóssil.
De acordo com especialistas, os investimentos recentes — como o aporte chinês — são essenciais para acelerar esses processos, trazendo inovação e ampliando a cooperação internacional.
Além disso, o fortalecimento de políticas públicas, como a Lei do Combustível do Futuro, oferece um marco regulatório importante para estimular o setor e garantir segurança jurídica para investidores.
O Brasil, portanto, está na vanguarda de uma transformação que poderá redefinir não apenas o setor energético nacional, mas também a posição do país no cenário mundial da aviação sustentável.
O que você acha desse investimento e da perspectiva do Brasil como líder global em combustíveis renováveis para a aviação?