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Caça ao tesouro? Agência do governo autoriza 870 garimpos em unidades de conservação ambiental e deixa empresários do ramo da mineração pulando de alegria

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 21/07/2024 às 15:27
Agência autoriza 870 garimpos em áreas de preservação ambiental, contrariando a lei. Impactos devastadores, afirma especialistas. (Imagem: reprodução)
Agência autoriza 870 garimpos em áreas de preservação ambiental, contrariando a lei. Impactos devastadores, afirma especialistas. (Imagem: reprodução)

Em um cenário que desafia a legislação ambiental, a Agência Nacional de Mineração (ANM) autorizou a abertura de 870 garimpos em 18 unidades de conservação no Brasil, onde a mineração é proibida por lei.

O jornal Folha de S.Paulo revelou neste domingo (21) que essas autorizações foram concedidas apesar da proteção legal dessas áreas, criando um conflito entre a atividade econômica e a preservação ambiental.

A maior parte dessas concessões está no Pará, com 846 garimpos, representando 97% do total. Outros estados afetados incluem Rondônia (11), Piauí (7), Bahia (3), Amazonas (2) e Rio Grande do Sul (1).

Conforme a Folha de S.Paulo, as lavras no Pará concentram-se principalmente na APA do Tapajós, uma área de proteção ambiental que cobre dois milhões de hectares, dos quais 86% estão no município de Itaituba, conhecido como a capital nacional do garimpo.

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Um problema de longa data

O levantamento mostrou que 14 dessas autorizações foram concedidas no governo atual de Lula (PT), enquanto o recorde de concessões ocorreu em 1995, durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), com 272 autorizações.

A ANM justificou que a legislação “não impede a outorga de Permissão de Lavra Garimpeira em unidades de conservação, apenas condiciona o início dos trabalhos a uma prévia autorização do órgão da UC [Unidade de Conservação].”

Monitoramento e fiscalização

O ICMBio, responsável pela gestão das unidades de conservação, afirmou estar ciente da situação e acompanhar de perto o problema. “O órgão está atuando na elaboração de diversos documentos técnicos para embasar tais irregularidades junto à Procuradoria Federal Especializada e ao Ministério Público Federal”, disse o ICMBio em nota.

Além disso, o instituto destacou a realização de ações fiscalizatórias em parceria com o Ibama devido aos alertas de desmatamento na área.

A Resex Lago do Cuniã, em Rondônia, é a unidade de conservação com maior percentual de área autorizada para garimpo pela ANM. Dos 76,4 mil hectares da reserva, 12,3% são destinados à mineração, afetando diretamente populações tradicionais que dependem do extrativismo, agricultura de subsistência e criação de animais de pequeno porte.

O papel das licenças municipais

Segundo o jornal citado, Garimpeiros têm tentado contornar a legislação ambiental obtendo licenças municipais, mas o Ministério Público Federal (MPF) já recomendou que essas licenças não sejam reconhecidas pela ANM, ICMBio e Ibama.

A ANM respondeu que “não é responsável por fiscalizar a emissão de licenças ambientais emitidas por órgãos incompetentes”, mas está revisando suas normas internas para garantir que as lavras só sejam liberadas após a anuência do órgão gestor da unidade de conservação.

Personagens e controvérsias

José Antunes, conhecido como Dr. José, é um dos principais personagens desse cenário. Ligado à Associação dos Mineradores de Ouro do Tapajós (Amot), Antunes possui 161 autorizações para garimpo na unidade de conservação, acumulando uma área de 8.048 hectares para exploração.

Segundo a Folha de S.Paulo, ele também está envolvido em investigações da Polícia Federal sobre esquemas para “esquentar” ouro ilegal. Outro nome destacado é Francisco do Nascimento Moura, com 52 autorizações.

Moura foi identificado em investigações como fornecedor de ouro ilegal extraído da região de Itaituba para a DTVM Ourominas, alvo de operações de fiscalização entre 2015 e 2018. Moura deu depoimentos contraditórios à Polícia Federal, complicando ainda mais a situação.

Impactos ambientais e sociais dos garimpos

O impacto desses garimpos nas unidades de conservação é devastador, afirmam especialistas. A APA dos Tapajós, por exemplo, é a unidade de conservação federal mais desmatada do Brasil desde 2022, com cerca de 50% do desmatamento atribuído à mineração.

O ICMBio e o Ibama dizem que estão elaborando um termo de cooperação com a ANM para o compartilhamento de dados e o aos sistemas, buscando melhorar a fiscalização e combater as irregularidades.

Em nota, a Ourominas negou qualquer irregularidade e afirmou que colaboraria com a Justiça nas investigações. A situação dos garimpos em unidades de conservação continua a gerar controvérsias e a levantar questionamentos sobre a efetividade das políticas de preservação ambiental no Brasil.

Você acha que a autorização de garimpos em áreas de conservação é justificável em algum caso? Comente sua opinião!

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Roberto
Roberto
23/07/2024 13:39

Então o nome está errado, se é área de preservação, como pode ser degradada pela mineração? Onde está a preservação?

Claudiney
Claudiney
Em resposta a  Roberto
23/07/2024 19:15

Imagina se fosse o Bolsonaro liberando essa máfia…
Quem controla esses garotos?
O tal de PT pode tudo, cadê os preservadores do meio ambiente?

Carlos
Carlos
23/07/2024 21:18

a culpa é do Bolsonaro! 🤔

Jorge
Jorge
25/07/2024 07:02

Deixa o povo trabalhar vcs de fora não conhece a realidade da nossa gente

Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, agens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: [email protected]. Não aceitamos currículos!

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