Entenda os prós e contras de usar R$ 90 mil para comprar um carro à vista ou optar por consórcio com parte do valor investido
Quem tem R$ 90 mil disponíveis pode se perguntar qual a melhor forma de usar esse valor: comprar um carro à vista ou consórcio? Buscar uma estratégia mais elaborada, como entrar em um consórcio e investir parte do valor, é uma das opções.
Neste artigo, analisamos um cenário que viralizou nas redes sociais. Veremos as suas vantagens e desvantagens de fazer esse acordo.
A proposta: consórcio + investimento
A estratégia é a seguinte: ao invés de usar os R$ 90 mil para comprar o carro diretamente, o consumidor entra em um consórcio de R$ 125 mil.
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Ele usa parte do valor como lance, contemplando a carta de crédito, e aplica o restante.
O plano funciona assim:
- Consórcio de R$ 125 mil
- Lance embutido de 30% (R$ 37.500)
- Entrada do próprio bolso de R$ 40 mil
- Sobra de R$ 50 mil para investir
- Parcela do consórcio após contemplação: R$ 824 por mês
- Investimento dos R$ 50 mil rende cerca de R$ 450 mensais
- Com isso, o custo líquido da parcela cai para R$ 374 por mês
Esse plano busca um equilíbrio entre aquisição de um bem, manutenção de reserva e geração de renda mensal.
Comparando com a compra à vista
A alternativa mais simples seria usar os R$ 90 mil para comprar um carro diretamente. Isso elimina parcelas e preocupação com prazos.
O bem está disponível imediatamente, sem necessidade de sorteio ou lance. O valor é limitado, mas não há outras obrigações financeiras.
Vantagens da estratégia com consórcio
O modelo do consórcio com investimento tem pontos positivos importantes:
Você mantém parte do dinheiro investido: Ao não usar todo o dinheiro na compra, o consumidor ainda tem R$ 50 mil aplicados. Isso garante liquidez e uma reserva de emergência. Além disso, o dinheiro investido continua rendendo, o que ajuda no orçamento mensal.
Redução das parcelas com o rendimento: Com o rendimento de R$ 450 mensais no CDB, a parcela de R$ 824 cai, na prática, para R$ 374.
É como se parte da parcela fosse paga com os juros do próprio dinheiro. Isso torna o valor mais fácil de encaixar no orçamento.
Aquisição de um carro de maior valor: Com a carta de crédito de R$ 125 mil, o comprador pode escolher um veículo mais novo ou de categoria superior. Isso amplia o poder de compra sem recorrer ao financiamento tradicional com juros altos.
Você evita pagar juros bancários: O consórcio tem taxas istrativas, mas não cobra juros como um financiamento. Isso reduz o custo final da operação em comparação com a maioria dos financiamentos de veículos no Brasil.
Riscos e desvantagens
Apesar das vantagens, é preciso atenção a alguns pontos importantes:
Tempo até a contemplação: O plano só funciona plenamente se o participante for contemplado com o lance ou sorteio logo no início. Caso contrário, ele pode ficar meses ou anos sem o carro. Isso pode frustrar quem tem urgência.
O rendimento do investimento pode variar: A estimativa de R$ 450 mensais é baseada em CDBs que pagam cerca de 1% ao mês bruto. Essa taxa pode mudar com o tempo. Uma queda nos juros compromete essa simulação.
É preciso disciplina para manter o investimento: Se o investidor gastar os R$ 50 mil ao longo do tempo, o plano perde o efeito. A disciplina de manter o dinheiro aplicado é essencial para que a estratégia funcione.
Taxas istrativas do consórcio existem: Mesmo sem juros, o consórcio cobra taxa de istração e fundo de reserva. Isso encarece a operação ao longo do tempo. O valor final pago pode superar os R$ 125 mil da carta de crédito.
É um compromisso de longo prazo: Mesmo com ajuda do investimento, o consorciado terá uma parcela mensal durante anos. Isso exige planejamento e estabilidade financeira. Um imprevisto pode comprometer o pagamento.
Comparativo direto entre as opções
Critério | Compra à Vista | Consórcio com Investimento |
---|---|---|
Liquidez após compra | Zero | R$ 50 mil investidos |
Parcelas | Nenhuma | R$ 824 (líquido: R$ 374) |
Valor do carro | R$ 90 mil | R$ 125 mil |
Tempo de liberação do carro | Imediato | Após contemplação |
Potencial de rentabilidade | Nenhum | Rendimento mensal de R$ 450 |
Complexidade | Baixa | Média (depende de contemplação) |
Se posso pagar à vista, qual o sentido de entrar em consórcio?
O consórcio envolve o pagamento de taxas istrativas, que podem representar até 20% do valor contratado, além de estar sujeito à correção anual pelo IPCA, o que encarece o crédito ao longo do tempo.
Enquanto isso, o investimento em CDB, usado como contrapeso para aliviar as parcelas, sofre incidência de Imposto de Renda sobre o rendimento e está sujeito à oscilação das taxas de juros.
Na prática, isso significa que o suposto abatimento do valor da parcela pode ser menor do que o estimado inicialmente.
Outro ponto de crítica é a natureza do bem em questão: o carro é um ativo que sofre depreciação contínua. A
o optar por pagar por ele em parcelas corrigidas, o comprador pode terminar desembolsando um valor maior por um bem que já perdeu parte significativa do seu valor de mercado.
É uma decisão complexa
A decisão entre comprar um carro à vista ou adotar uma estratégia que combina consórcio e investimento depende diretamente do perfil financeiro e dos objetivos de cada pessoa.
O modelo com consórcio permite ampliar o valor do bem adquirido, manter parte do capital investido e, com isso, reduzir o impacto mensal das parcelas.
É uma alternativa que pode funcionar bem para quem busca equilíbrio entre aquisição e preservação de patrimônio, decsde que haja paciência para aguardar a contemplação e disciplina para manter o investimento ativo.
Por outro lado, é preciso considerar os custos embutidos nesse modelo, como a taxa de istração, a correção anual pelo IPCA e a tributação sobre os rendimentos do investimento.
Além disso, como o carro é um bem que deprecia com o tempo, o pagamento parcelado corrigido pode tornar a operação mais cara do que parece.
Quem tem o valor total disponível pode encontrar na compra à vista a opção mais econômica, direta e segura. Em resumo, ambas as estratégias têm vantagens e riscos: cabe ao comprador avaliar o que pesa mais — flexibilidade financeira ou simplicidade na aquisição.