Crescimento explosivo do cobre revela novas dinâmicas no mercado global, impactando desde carros elétricos até as decisões geopolíticas, e criando tensões inesperadas entre oferta, demanda e especulação financeira que transformam o cenário econômico mundial.
O cobre voltou a brilhar no mercado de commodities e já se tornou o metal-estrela de 2025, saltando mais de 16 % no ano e negociado perto de US$ 10.600 a tonelada em 8 de junho, o maior valor desde o recorde histórico de 2024.
O movimento é puxado pela combinação de demanda acelerada de carros elétricos, risco de tarifas globais e gargalos de oferta que ameaçam um déficit estrutural nos próximos anos.
Demanda elétrica rompe expectativas
Montadoras eletrificam suas linhas em ritmo frenético.
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Cada veículo totalmente elétrico consome, em média, até 83 kg de cobre – quase quatro vezes o volume presente em um carro a combustão.
Estudo da Benchmark Minerals projeta que
a procura de cobre pelo setor de baterias pode crescer 177 % até 2030,
superando 2,5 milhões de toneladas anuais e pressionando a cadeia produtiva.
Gigantes como BYD, Tesla e Volkswagen já revisam contratos de longo prazo para garantir metal suficiente para motores, inversores e infraestrutura de recarga.
No Brasil, a expansão de fábricas “verdes” no Sudeste e incentivos estaduais ao e-mobility reforçam a tendência e aumentam o apetite das siderúrgicas nacionais por concentrado de cobre de alta pureza.
Tarifas no radar aumentam tensão
O mercado financeiro precifica outro gatilho de alta: a possibilidade de o governo dos Estados Unidos impor tarifas de 10 % a 25 % sobre o cobre refinado e seus derivados ainda em 2025, dentro do pacote de medidas protecionistas da Casa Branca.
Ao antecipar‐se ao eventual imposto, grandes consumidores — especialmente China, Índia e Coreia do Sul — intensificam compras para estocar o metal.
A estratégia encarece prêmios de frete, seca estoques nas bolsas de metais e cria “picos” de volatilidade que atraem fundos de investimento e traders de alta frequência.
Segundo o JP Morgan,
o preço médio pode chegar a US$ 11.000 por tonelada já no primeiro trimestre de 2026,
caso o déficit global se consolide.
Efeito colateral nas minas
A corrida pelo metal contrasta com uma oferta cercada de incertezas geopolíticas.
O megaprojeto Cobre Panamá, que respondia por 1 % da produção mundial, continua fechado após decisão da Suprema Corte panamenha em 2023, e só recebeu autorização emergencial para exportar 120 mil toneladas estocadas a fim de custear a manutenção ambiental do sítio.
Enquanto isso, protestos trabalhistas na Zâmbia e licenças ambientais mais rígidas no Chile atrasam expansões e dificultam a reposição de reservas.
Qualquer interrupção repentina — um acidente em fundição ou nova greve nos Andes — pode apertar ainda mais o balanço oferta-procura, disparando novas máximas.
Ouro brilha, mas perde protagonismo
O metal amarelo não ficou para trás.
Desde janeiro, o ouro acumula valorização de 26 % e flerta com US$ 3.350 por onça-troy, impulsionado pelo cenário de inflação resiliente e guerras tarifárias.
Ainda assim, analistas observam que parte dos recursos que tradicionalmente migrariam para o ouro como “porto seguro” tem buscado diversificação em cobre, dada a narrativa da transição energética.
É a primeira vez, em quase duas décadas, que os dois metais se valorizam simultaneamente por razões distintas, ampliando o debate sobre a nova cesta de proteção de portfólio.
Como brasileiros podem investir no metal
Embora a B3 não ofereça ETFs de cobre nem contratos listados, investidores locais já am o segmento por plataformas internacionais como Avenue e Nomad.
O United States Copper Index Fund (ER) lidera o ranking de retorno em Nova York, com alta de 20,7 % no ano, seguido pelo Global X Copper Miners (COPX), que replica o desempenho de gigantes como Freeport-McMoRan e Antofagasta.
Quem prefere dividendos encontra potencial extra nos ETFs de mineradoras, pois empresas geradoras de caixa tendem a rear parcela relevante dos lucros aos acionistas.
Contudo, fundos que mesclam outros metais — caso do Invesco DB Base Metals — sofrem com a queda do alumínio e do zinco e exibem retorno negativo em 2025.
Especialistas recomendam checar o custo total (TER) dos fundos, exposição cambial e liquidez diária antes de alocar recursos.
Brasil sente o efeito na economia
As cotações em alta beneficiam exportadores de concentrado instalados no Pará e em Goiás, elevando o saldo da balança comercial de minerais.
Companhias de fios e cabos alertam, porém, para ree de custos em obras de infraestrutura e construção civil — segmentos que já enfrentam pressão de preços de aço e cimento.
O encarecimento do cobre afeta também o bolso do consumidor, elevando desde o preço de eletrodomésticos até o custo de instalação de pontos de recarga residencial para veículos leves.