CEO da Anthropic prevê que a inteligência artificial pode substituir metade dos empregos de escritório, com impacto rápido e amplo no mercado de trabalho.
O avanço da inteligência artificial preocupa especialistas e empresários. Um deles é Dario Amodei, cofundador e CEO da Anthropic. Em entrevista ao site Axios, ele fez uma previsão alarmante: a IA pode acabar com metade dos empregos de nível inicial em escritórios.
A Anthropic é uma empresa de inteligência artificial, fundada em 2021 por ex-funcionários da OpenAI, incluindo Dario Amodei (ex-vice-presidente de pesquisa da OpenAI). A empresa tem sede em San Francisco, nos Estados Unidos.
Quatro etapas de uma crise anunciada
Amodei descreve o problema em quatro fases. Primeiro, empresas como OpenAI, Google e a própria Anthropic continuarão desenvolvendo modelos de linguagem cada vez mais sofisticados. Esses sistemas arão a executar tarefas com eficiência igual ou superior à dos humanos.
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No segundo estágio, segundo o CEO, os governos ficarão inertes. Mesmo com o crescimento dessa tecnologia, não haverá ações para regular a IA ou informar o público sobre os riscos. Para Amodei, o medo de perder espaço para a China e de causar instabilidade no mercado de trabalho fará com que as autoridades evitem interferir.
A terceira etapa acontece com os trabalhadores ainda desinformados. As pessoas, nas palavras de Amodei, “não têm ideia do que está acontecendo” e não percebem o avanço da IA e o perigo que ela representa para seus empregos.
Por fim, viria o colapso. De forma repentina, empresas adotariam em massa os modelos de linguagem e substituiriam os funcionários humanos. “O público só percebe quando já é tarde demais”, afirmou Amodei durante a conversa.
Possibilidades assustadoras e promissoras
Para enfatizar seu ponto, o CEO da Anthropic apresentou exemplos extremos. Ele citou um cenário em que o câncer seria curado, a economia cresceria 10% ao ano, o orçamento público estaria equilibrado, mas 20% da população ficaria desempregada.
“Como produtores dessa tecnologia, temos o dever de ser honestos sobre o que está por vir. Não acho que isso esteja no radar das pessoas”, destacou Amodei.
A posição de Amodei desperta questionamentos. Se ele realmente acredita que sua empresa pode causar tamanho impacto negativo, por que não interrompe o desenvolvimento? A Anthropic está avaliada entre 30 e 40 bilhões de dólares, o que torna suas declarações ainda mais relevantes.
Críticas à visão apocalíptica
Diferente do que afirma Amodei, muitos especialistas em ciência da computação discordam dessa visão catastrófica. Apesar dos avanços, os modelos de linguagem atuais ainda apresentam limitações claras. Entre os problemas mais comuns estão alucinações, respostas exageradas e erros de generalização. Além disso, há um fenômeno conhecido como lei dos retornos decrescentes: cada nova versão da IA traz melhorias menores em comparação com as anteriores.
Hoje, mesmo os modelos mais avançados têm impacto limitado na eficiência do trabalho. Os ganhos obtidos não são tão significativos quanto sugerem alguns executivos da indústria.
O papel dos líderes do setor
Para alguns analistas, empresários como Amodei não apenas exageram os riscos, mas também se beneficiam dessa narrativa. Ao apresentarem a IA como uma ameaça incontrolável, acabam estimulando legisladores a deixarem a autorregulação nas mãos das próprias empresas de tecnologia.
Nos Estados Unidos, essa abordagem tem funcionado. O Congresso, temendo os supostos perigos, prefere delegar o controle da IA às grandes corporações, evitando intervir diretamente.
Os trabalhadores já percebem os riscos
Apesar das declarações de Amodei, parte dos trabalhadores já enxerga os possíveis efeitos negativos da IA. O receio é maior entre grupos vulneráveis, que sofrem com discriminação e estão nas posições mais frágeis do mercado de trabalho. São justamente esses profissionais que podem ser mais afetados por eventuais demissões em massa causadas pela automação.
Na prática, o que parece influenciar mais o desemprego atualmente não é a capacidade real da tecnologia, mas o clima de euforia em torno dela. Muitos empregadores tomam decisões de corte baseados na expectativa de que a IA irá substituir funcionários, mesmo que a tecnologia ainda não tenha atingido esse nível.