Negócio bilionário entre empresa de Hong Kong e o grupo norte-americano BlackRock foi suspenso após investigação antitruste na China. Autoridades chinesas alegam risco de monopólio e reforçam que o Canal do Panamá é área sensível para os interesses do país.
A China voltou a agir forte no tabuleiro da geopolítica global. Dessa vez, o foco foi o Canal do Panamá, uma das rotas comerciais mais estratégicas do mundo. O governo chinês decidiu suspender a venda de dois portos panamenhos controlados por uma empresa de Hong Kong para o grupo norte-americano BlackRock, um negócio que estava prestes a ser fechado e tinha valor estimado de 23 bilhões de dólares.
A suspensão partiu da istração Estatal de Regulação de Mercado da China, que abriu uma investigação antitruste para analisar o impacto da operação. Segundo os reguladores, o acordo poderia favorecer o monopólio dos Estados Unidos sobre a infraestrutura logística no Panamá, algo que colocaria em risco a concorrência global e interesses estratégicos de Pequim.
Canal do Panamá: peça-chave no comércio e nas tensões China-EUA
O Canal do Panamá conecta o Atlântico ao Pacífico e movimenta cerca de 5% do comércio marítimo global. A China tem presença significativa no canal por meio de empresas como a CK Hutchison Holdings, sediada em Hong Kong, que opera os portos de Balboa e Cristobal, nas duas extremidades da rota.
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A tentativa de vender essas operações para a BlackRock, uma das maiores gestoras de ativos do mundo, com mais de 11 trilhões de dólares em ativos globais, foi vista pelos Estados Unidos como uma jogada para “tomar espaço” da influência chinesa na América Central.
Mas a China reagiu rápido, e o Estado decidiu bloquear temporariamente a operação, sob alegação de que a venda poderia concentrar poder logístico em mãos americanas, prejudicando não apenas a China, mas também o livre fluxo de mercadorias internacionais.
EUA celebraram cedo demais e mercado reagiu
O ex-presidente Donald Trump chegou a comemorar publicamente o acordo, classificando-o como uma “vitória estratégica” contra o avanço da China. No entanto, a resposta foi imediata. Além da suspensão, veículos estatais chineses publicaram editoriais duros, chamando a venda de “jogada imperialista disfarçada”.
O mercado também reagiu: as ações da CK Hutchison caíram mais de 6% após o anúncio da suspensão, e especialistas aram a questionar a viabilidade da operação no curto prazo.
China quer mais documentos e garante que não vai ceder facilmente
O governo chinês esclareceu que a venda não está completamente barrada, mas sim suspensa enquanto aguarda novos documentos e justificativas da BlackRock. A investigação segue sob a lei antimonopólio chinesa, e analistas afirmam que, mesmo que aprovada, a operação deve ar por exigências rigorosas.
A decisão reforça a mensagem de que a China está disposta a confrontar diretamente os Estados Unidos quando o assunto é infraestrutura estratégica fora do seu território — especialmente em regiões de alta importância logística.
E o Panamá no meio disso tudo?
O governo do Panamá adotou uma posição neutra, afirmando que, por se tratar de uma negociação entre empresas privadas, o Estado só deve se manifestar em etapas posteriores, se necessário. O canal é a principal fonte de receita do país, e autoridades panamenhas evitam se envolver em disputas que possam afetar sua estabilidade econômica.
O Brasil é afetado?
No caso brasileiro, o impacto é mínimo. A maior parte do comércio Brasil-China acontece pelo Atlântico Sul, via portos próprios e rotas marítimas que contornam o continente africano, sem depender diretamente do Canal do Panamá. As novas rotas aéreas e logísticas estabelecidas com províncias chinesas também reforçam essa autonomia comercial.
A BlackRock certa em comprar os dois portos no canal do Panamá e a China dizer isto é benéfico para nós. As negociações continuam . Vamos ver.