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China inicia a construção de uma constelação de supercomputadores de IA no espaço

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 25/05/2025 às 12:29
supercomputadores de IA
Foto: Reprodução

Constelação de 2.800 satélites processará dados diretamente no espaço com IA, reduzindo perdas e uso de energia terrestre.

A China deu início a um ambicioso projeto tecnológico que pode mudar a forma como os dados espaciais são tratados. A ideia é construir supercomputadores de IA no espaço.

No dia 14 de maio, o país lançou seus primeiros 12 satélites com supercomputadores de inteligência artificial integrados.

O lançamento ocorreu no Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan, com o uso de um foguete Longa Marcha 2D. A iniciativa é liderada pela empresa ADA Space e pelo Zhejiang Lab.

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Supercomputadores de IA

Esses satélites representam o começo da chamada Constelação de Computação de Três Corpos.

O plano completo prevê um total de 2.800 satélites.

Com os supercomputadores de IA, a proposta é permitir que dados sejam processados diretamente no espaço, sem a necessidade de transferi-los para computadores terrestres.

Isso pode reduzir a dependência da infraestrutura da Terra e agilizar o tratamento de informações.

O espaço, por ser frio e vácuo, serve como sistema de resfriamento natural.

Essa característica favorece a realização de cálculos intensivos com menor custo energético e menor impacto ambiental. Segundo o governo chinês, a capacidade de computação combinada dos satélites é de mil peta operações por segundo.

Inteligência artificial e comunicação via laser

Cada satélite está equipado com um modelo de IA com 8 bilhões de parâmetros. Isso permite que cada unidade alcance até 744 tera operações por segundo (TOPS).

Juntos, eles atingem um total de cinco peta operações por segundo. Para comparação, os novos laptops com Copilot+ da Microsoft processam cerca de 40 TOPS.

Além da capacidade computacional, os satélites conseguem se comunicar entre si por meio de lasers. Um deles está equipado com um detector de polarização de raios X.

Esse equipamento será usado para estudar fenômenos cósmicos, como explosões de raios gama.

A iniciativa também foi inspirada pelo “problema dos três corpos“, um conceito da física que descreve o movimento imprevisível de três objetos sob efeito gravitacional.

O nome da constelação faz referência direta a esse desafio e também à trilogia de ficção científica escrita por Liu Cixin, que inspirou uma adaptação da Netflix.

Menos perda de dados e menos carbono

Hoje, satélites que capturam imagens ou dados climáticos precisam enviá-los à Terra para serem analisados. No entanto, a transmissão depende da agem do satélite por estações específicas, o que limita a quantidade de dados aproveitados.

Com a nova abordagem, os dados serão processados ainda em órbita. Apenas os resultados finais são transmitidos, economizando banda e energia.

Os satélites usam painéis solares como fonte energética e dissipam o calor no próprio espaço. Isso reduz a pegada de carbono do processo.

Essa chamada “computação de ponta”, ao ser realizada no próprio satélite, representa uma inovação promissora para diversos setores. Ela pode beneficiar desde a previsão do tempo até estudos astronômicos mais avançados.

Cooperação internacional e avanços globais

Wang Jian, diretor do Laboratório de Zhejiang, afirmou que o momento é propício para pensar em como a inteligência artificial pode ser aplicada no espaço.

Ele defende que a constelação possa servir também a outras organizações internacionais, ampliando o alcance do projeto.

Embora Estados Unidos e Europa tenham feito testes com computadores espaciais, essa é a primeira vez que um sistema assim é lançado com foco em operação contínua.

Nos Estados Unidos, o ex-CEO do Google, Eric Schmidt, também propôs levar centros de dados ao espaço.

Após assumir o controle acionário da Relativity Space, Schmidt defendeu a construção de data centers orbitais como resposta à crescente demanda energética desses sistemas.

Durante uma audiência na Câmara dos Representantes dos EUA, em abril, Schmidt afirmou que os data centers podem exigir mais 29 gigawatts de energia até 2027 e 67 gigawatts até 2030. Para ele, essa escala industrial representa um desafio sem precedentes.

Com o lançamento inicial da China, o setor de computação espacial entra em uma nova fase. O projeto da Constelação de Computação de Três Corpos propõe soluções técnicas que podem transformar o tratamento de dados no mundo.

E, ao mesmo tempo, levanta discussões sobre energia, sustentabilidade e cooperação global.

Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail [email protected].

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