Missão Tianwen-2 busca coletar amostras de asteroide próximo à Terra e estudar cometa raro até 2035, em operação inédita da China no espaço profundo.
A China deu um novo o em sua jornada espacial. Nesta quarta-feira, 28, foi lançada com sucesso a missão Tianwen-2, considerada a mais ambiciosa do país no espaço profundo.
A decolagem ocorreu a partir do Centro de Lançamento de Satélites de Xichang, na província de Sichuan.
A bordo de um foguete Longa Marcha 3B, a sonda partiu com dois alvos: um asteroide próximo à Terra e, depois, um cometa raro no cinturão principal.
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Missão em duas fases
A missão Tianwen-2 é composta por duas etapas. A primeira delas é o encontro com o asteroide 469219 Kamoʻoalewa, também conhecido como 2016 HO3.
Este pequeno corpo rochoso orbita próximo à Terra e tem entre 40 e 100 metros de diâmetro. Os cientistas acreditam que ele seja um fragmento da Lua. A expectativa é que a sonda chegue ao asteroide em 2026.
Após a chegada, a Tianwen-2 realizará uma coleta de amostras da superfície. Serão utilizados três métodos diferentes, dependendo das condições do solo: coleta flutuante, sondagem e perfuração ancorada.
As amostras devem retornar à Terra em 2027. Após isso, a missão continua, com novo destino: o cometa 311P/PANSTARRS, com previsão de chegada por volta de 2035.
Operação de alta complexidade
A navegação até pequenos corpos celestes exige precisão extrema. Segundo o engenheiro da ESA, Franco Perez-Lissi, esses astros possuem campos gravitacionais fracos e irregulares, o que impede o uso de órbitas tradicionais.
Para coletar amostras com sucesso, a Tianwen-2 terá que combinar sua velocidade e rotação com a do asteroide.
Perez-Lissi comparou essa operação a “tentar atracar um barco com uma montanha flutuando no espaço e caindo de forma realmente imprevisível e quase sem gravidade”. Isso ilustra o desafio técnico envolvido.
Instrumentos e estudos
A sonda Tianwen-2 está equipada com 11 instrumentos científicos. Entre eles, câmeras de alta resolução, espectrômetros, sensores de partículas, sonar de radar e detectores de campo magnético.
Os equipamentos vão estudar a composição, características geológicas e interações com o vento solar tanto no asteroide quanto no cometa.
Esses dados devem ampliar o conhecimento sobre a formação do sistema solar e podem até contribuir para estudos sobre a origem da vida.
Missões anteriores, como OSIRIS-REx da NASA e Hayabusa2 da JAXA, trouxeram à Terra substâncias como aminoácidos e nucleobases.
Expansão do programa espacial chinês
A missão Tianwen-2 dá continuidade ao avanço da China no setor espacial. Ela sucede a missão Tianwen-1, que foi enviada a Marte, e está inserida em um plano mais amplo.
A China já anunciou missões futuras para trazer amostras de Marte, estudar Júpiter e explorar Vênus. Também estão nos planos a construção da Estação Lunar Internacional de Pesquisa e o envio de astronautas à Lua.
A estação espacial chinesa Tiangong já está em operação, e o país continua a investir fortemente em novas tecnologias. Segundo a agência estatal Xinhua, o chefe da CNSA, Shan Zhongde, destacou a expectativa de descobertas inovadoras e de avanço no conhecimento sobre o universo.
Um marco para o “sonho espacial”
Com o sucesso do lançamento confirmado pela Corporação de Ciência e Tecnologia Aeroespacial da China (CASC) e pela CNSA, a missão Tianwen-2 representa um novo marco. Os painéis solares da sonda foram abertos corretamente, sinalizando bom funcionamento inicial.
Ao perseguir dois corpos celestes distintos — um possível fragmento lunar e um cometa híbrido — a China demonstra ambição e capacidade técnica.
O projeto pode colocar o país em posição de destaque na corrida por conhecimento científico fora da Terra.
O lançamento da Tianwen-2 reforça o chamado “sonho espacial” promovido pelo governo chinês. E se os objetivos forem atingidos, o impacto científico pode se estender muito além das fronteiras nacionais.