China investe € 37 bilhões (cerca de R$ 201,65 bilhões) para enfrentar domínio europeu na fabricação de chips. Medida já provoca reações e tensão no mercado global de tecnologia
No centro da disputa global por semicondutores, dois nomes se destacam: SMIC, a principal fabricante de chips da China, e ASML, empresa holandesa que domina a tecnologia de fotolitografia. Essa rivalidade representa mais do que uma competição industrial. Trata-se de uma corrida geopolítica, onde cada avanço representa poder tecnológico e soberania nacional.
O domínio da ASML na fotolitografia
A ASML é atualmente a única fornecedora no mundo da tecnologia de litografia ultravioleta extrema (EUV), essencial para a fabricação dos chips mais avançados.
A fotolitografia, processo que usa luz para gravar circuitos em silício, é uma etapa crítica na produção de microchips modernos. Com a liderança da ASML nesse setor, a empresa se tornou indispensável na cadeia de fornecimento global.
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A dependência mundial da tecnologia da ASML cresceu com o tempo. A demanda por chips menores, rápidos e eficientes fez com que sua posição estratégica se fortalecesse ainda mais. Hoje, ela está no centro de um jogo onde inovação e geopolítica andam lado a lado.
Pressão sobre a China e resposta estratégica
Com as restrições impostas pelos Estados Unidos, a China ou a ter dificuldades para ar equipamentos essenciais como os da ASML. Essas barreiras comerciais limitaram sua capacidade de produzir chips de última geração, intensificando a necessidade de independência tecnológica.
Em resposta, a China lançou um plano ambicioso. Um investimento de € 37 bilhões está sendo direcionado ao desenvolvimento de máquinas próprias de litografia. A meta é reduzir a dependência de fornecedores estrangeiros e criar uma alternativa viável aos sistemas dominados pelo Ocidente.
Esse investimento mostra o tamanho da aposta feita por Pequim. Não é somente sobre competir com a ASML, mas sobre garantir que a indústria chinesa de chips siga em frente, mesmo com as restrições externas. A China busca consolidar sua posição como potência tecnológica.
Huawei Mate 60 Pro: um marco para a China
Em 2023, a Huawei lançou o Mate 60 Pro, um smartphone equipado com processador avançado de 7 nanômetros. O lançamento surpreendeu o mercado, já que a Huawei enfrentava duras sanções dos EUA. O sucesso do aparelho mostrou que a indústria chinesa tinha o poder de inovar mesmo sob forte pressão externa.
O dispositivo virou símbolo da resiliência tecnológica da China. O avanço não foi somente técnico, mas também estratégico. Mostrou que, mesmo com barreiras, a China poderia avançar na fabricação de semicondutores de ponta. A Huawei se tornou exemplo da nova fase de independência tecnológica que o país tenta consolidar.
A liderança tecnológica da ASML continua
Apesar dos avanços chineses, a ASML não parou. A empresa segue desenvolvendo a próxima geração da tecnologia EUV, chamada High-NA. Essa inovação promete levar a produção de chips a um novo patamar, com precisão para fabricar componentes menores que 2 nanômetros.
Esse movimento mostra que a ASML continua na frente. A nova geração de litografia pode ampliar ainda mais a distância entre a tecnologia ocidental e a chinesa. Mesmo com o investimento bilionário, a China ainda enfrenta o desafio de alcançar esse nível de sofisticação.
A vantagem da ASML não é somente técnica. Ela detém conhecimento acumulado, estrutura industrial consolidada e presença global. Esses fatores tornam difícil para qualquer concorrente igualar seu nível de excelência a curto prazo.
O peso geopolítico dos semicondutores (chips)
A disputa entre SMIC e ASML é parte de um conflito maior. O controle sobre a produção de semicondutores virou uma questão geopolítica. Chips são usados em quase tudo: de celulares a sistemas militares. Quem domina essa tecnologia, detém influência em áreas estratégicas da economia e da segurança.
Nesse contexto, o investimento da China é mais do que uma resposta a sanções. É um o claro para garantir autonomia em um setor vital. O país quer deixar de depender de fornecedores estrangeiros, principalmente quando essas relações estão sujeitas a tensões políticas.
Controlar a produção de chips significa ter poder sobre cadeias de suprimentos globais. Por isso, a corrida por semicondutores vai muito além dos laboratórios e fábricas. Trata-se de uma disputa pelo futuro da tecnologia global.
SMIC e o desafio da autossuficiência
A SMIC, como principal fabricante chinesa, está no centro desse esforço. Com apoio do governo e incentivo financeiro, a empresa tenta desenvolver sua própria capacidade de produzir chips de ponta. Mas o caminho não é simples.
A tecnologia necessária para competir com a ASML exige anos de pesquisa e desenvolvimento. Além disso, a complexidade da litografia envolve domínio de inúmeros processos e componentes que, hoje, ainda são fornecidos por empresas do Ocidente.
Mesmo assim, a China está determinada. O objetivo é construir uma cadeia de produção de semicondutores totalmente nacional. Isso inclui desde o design dos chips até os equipamentos de fabricação. O investimento de € 37 bilhões mostra que o país está disposto a pagar o preço por essa independência.
O impacto para o mercado global
Se a China conseguir alcançar autossuficiência tecnológica, o impacto será sentido em todo o mundo. O domínio da ASML pode ser desafiado. Novos fornecedores podem surgir. E a configuração atual da indústria de chips pode mudar.
O movimento também pode influenciar negociações comerciais e alianças políticas. Países que hoje dependem de tecnologia ocidental podem considerar alternativas chinesas. Isso mudaria o equilíbrio de poder na indústria e na diplomacia internacional.
Por outro lado, a resposta do Ocidente também será decisiva. A manutenção do domínio tecnológico dependerá de investimentos contínuos, inovação constante e políticas que garantam o seguro aos mercados.
A disputa dos chips continua
A corrida pelos semicondutores está longe do fim. A cada novo chip, a cada nova geração de máquinas, a rivalidade entre China e Ocidente se intensifica. O investimento de € 37 bilhões da China é um capítulo decisivo nessa história. Pode mudar o rumo da indústria ou somente reforçar a liderança atual da ASML.
Tudo depende de como essa aposta será executada. O mundo está observando. E o desfecho dessa disputa pode definir o futuro da tecnologia global. Por enquanto, a única certeza é que os semicondutores seguem sendo o campo de batalha mais estratégico do século 21.
Com informações de Jason Deegan.