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China vem ao Brasil comprar milhões de toneladas de soja após ações de Trump, dos EUA

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 10/04/2025 às 21:23
Com Trump elevando tarifas, China compra soja do Brasil como nunca. Volume recorde aquece o agronegócio e reposiciona o comércio global.
Com Trump elevando tarifas, China compra soja do Brasil como nunca. Volume recorde aquece o agronegócio e reposiciona o comércio global.

O Brasil assume papel de destaque nas exportações globais de soja após sanções comerciais dos EUA contra a China, que reage com compras recordes do grão brasileiro, em meio a um cenário instável e disputado no comércio agrícola internacional.

A intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China provocou uma mudança abrupta no comércio global de grãos, beneficiando diretamente o Brasil.

Nesta semana, empresas chinesas compraram, em tempo recorde, milhões de toneladas de soja brasileira, sinalizando uma resposta imediata às novas tarifas impostas pelo governo norte-americano.

De acordo com fontes do setor agrícola, pelo menos 40 cargas de soja foram adquiridas por processadores chineses apenas nos primeiros dias da semana, somando cerca de 2,4 milhões de toneladas.

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A movimentação ocorre após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar um aumento nas tarifas sobre produtos chineses para 125%, intensificando o ime comercial entre as duas maiores economias do mundo.

A resposta de Pequim veio com a aplicação de uma tarifa de 84% sobre produtos norte-americanos, o que tornou economicamente inviável a importação de soja dos Estados Unidos.

Como consequência, a China voltou seu foco para o Brasil, seu principal fornecedor do grão desde que a guerra comercial teve início, ainda no mandato anterior de Trump.

Volume atípico em tempo recorde

O volume de compras realizado pelos chineses nos últimos dias foge ao padrão do comércio regular.

Normalmente, a China inicia suas aquisições de soja brasileira a partir de fevereiro, quando a safra sul-americana começa a dominar o mercado internacional.

Porém, a velocidade e o tamanho das encomendas desta semana surpreenderam os analistas e exportadores.

As cargas adquiridas têm destino programado para os meses de maio, junho e julho — um período estratégico em que a China busca manter seus estoques abastecidos sem depender da oferta dos Estados Unidos.

A demanda acelerada foi impulsionada pela queda recente nos preços da soja brasileira, que haviam subido nos meses anteriores devido às incertezas sobre a guerra comercial.

Brasil se consolida como o maior fornecedor global

A ascensão do Brasil como principal exportador de soja para a China não é novidade, mas o conflito entre EUA e China acelerou ainda mais esse protagonismo.

Dados da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) apontam que o país deve exportar cerca de 98 milhões de toneladas de soja em 2025, das quais mais de 60% serão destinadas à China.

Além disso, a margem de lucro para processadores chineses aumentou significativamente, impulsionada pela valorização do farelo de soja no mercado interno chinês — subproduto altamente valorizado na indústria de ração animal.

Isso tornou a compra de soja brasileira ainda mais vantajosa, mesmo com custos logísticos mais elevados.

O impacto das tarifas de Trump

A nova rodada de tarifas anunciada pelo governo Trump foi vista por analistas como uma escalada agressiva, que pode desencadear efeitos colaterais em diversas cadeias globais de suprimento.

O objetivo declarado pelo presidente norte-americano é reduzir o déficit comercial dos EUA com a China, mas especialistas alertam que o tiro pode sair pela culatra.

Conforme informações da Bloomberg e da agência Reuters, o governo chinês vinha tentando reduzir gradualmente sua dependência de commodities agrícolas americanas desde os primeiros embates comerciais em 2018.

Ainda assim, os Estados Unidos permaneciam como um fornecedor relevante, sobretudo nos períodos entre safras sul-americanas.

Possível escassez à frente

Mesmo com o impulso nas compras brasileiras, a situação no longo prazo pode trazer riscos para os chineses.

A dependência sazonal da nova safra americana, que ocorre no segundo semestre, pode se tornar um problema caso as relações entre Washington e Pequim não melhorem.

Caso as tensões permaneçam elevadas, a China pode enfrentar dificuldades para garantir sua segurança alimentar no último trimestre do ano, período em que normalmente voltaria a importar da safra dos EUA.

Uma alternativa seria expandir ainda mais as compras no Brasil, mas isso pressionaria os preços e a capacidade de entrega do país.

Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da USP, o aumento repentino da demanda chinesa pode levar a uma valorização ainda maior da soja brasileira nos próximos meses, o que tende a beneficiar os produtores nacionais, mas gerar desafios logísticos.

Trump e o risco geopolítico para o agronegócio

A reeleição de Donald Trump em 2024 reacendeu as preocupações sobre o impacto de sua política comercial no setor agrícola global.

Desde seu primeiro mandato, Trump adota uma abordagem protecionista e beligerante em relação à China, o que já causou prejuízos bilionários ao agronegócio americano — um de seus principais pilares eleitorais.

Analistas do setor agrícola afirmam que o Brasil deve continuar ganhando espaço, sobretudo se Trump mantiver sua postura agressiva, afastando a China dos produtos americanos.

Contudo, isso também cria um ambiente instável e difícil de prever, com impactos diretos nos preços, estoques e investimentos no setor.

Alternativas e estratégias chinesas

A fim de evitar surpresas no futuro, a China tem buscado diversificar ainda mais sua carteira de fornecedores.

Países como Argentina, Paraguai e até mesmo alguns da África Subsaariana foram sondados recentemente como potenciais parceiros comerciais.

No entanto, nenhum deles possui atualmente a mesma estrutura de produção e logística que o Brasil oferece.

Além disso, o governo chinês tem incentivado a produção interna de oleaginosas, como a colza e o amendoim, mas essa transição é demorada e ainda não supre a demanda crescente da indústria de proteínas animais.

Perspectivas para o Brasil

Para o agronegócio brasileiro, o momento é visto como uma janela de oportunidade única para consolidar mercados e ampliar investimentos em infraestrutura.

Com portos cada vez mais automatizados e melhorias no escoamento ferroviário, o país se posiciona de maneira competitiva no cenário internacional.

No entanto, autoridades e analistas ressaltam que o Brasil não deve depender exclusivamente das tensões entre potências globais para sustentar seu crescimento.

Investimentos em sustentabilidade, rastreabilidade e abertura de novos mercados serão fundamentais para manter o protagonismo nos próximos anos.

E você, acha que a dependência comercial da China pode ser uma faca de dois gumes para o Brasil, mesmo com os lucros crescentes no curto prazo? Comente abaixo e participe da discussão!

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, agens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: [email protected]. Não aceitamos currículos!

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