Cratera de 80 metros surge em cidade do Maranhão e pode engolir casas: prefeitura de Buriticupu declara estado de calamidade pública e avanço das voçorocas impacta diversas famílias.
A Prefeitura de Buriticupu, município localizado a aproximadamente 415 km de São Luís, no Maranhão, decretou estado de calamidade pública em 11 de fevereiro de 2025, devido ao avanço das voçorocas—grandes crateras resultantes de processos erosivos que ameaçam a infraestrutura urbana e a segurança dos moradores. O fenômeno das voçorocas afeta a região há mais de 30 anos, mas a situação se agravou nas últimas semanas em função das fortes chuvas, que intensificaram a erosão e resultaram na abertura de crateras de até 80 metros de profundidade.
Atualmente, cerca de 1.200 pessoas, residentes em 250 moradias situadas em áreas de risco nos bairros Caeminha, Centro, Vila Isaias, Santos Dumont, Eco Buriti, Terra Bela, Sagrima e Terceira Vicinal, estão diretamente ameaçadas.
Com o decreto de calamidade pública, a prefeitura busca agilizar a obtenção de recursos estaduais e federais para implementar medidas emergenciais de contenção das voçorocas e realocação das famílias afetadas. Além disso, as festividades de Carnaval foram canceladas, direcionando os esforços e recursos para enfrentar a crise atual.
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Cidade do Maranhão solicitará recursos do governo do Estado e Federal
Com o decreto de calamidade pública, o município de Buriticupu poderá solicitar recursos do Governo do Estado e Federal sem a necessidade de licitação, agilizando as providências para conter a cratera de 80 metros.
A justiça do Maranhão determinou que a prefeitura tome medidas urgentes, como delimitar e isolar as áreas de risco, atualizar o cadastro das famílias impactadas pelas voçorocas e apresentar um plano para contenção das crateras.
Nas últimas três décadas, mais de 70 casas foram engolidas pelas voçorocas, e mais de 180 famílias foram impactadas. Uma cratera de 80 metros de profundidade se abriu esta semana na cidade do Maranhão, mas outras já chegaram a alcançar até 600 metros de extensão.
O solo da região de Buriticupu, composto por argila, areia, silte, possui pouca porosidade, agravando o problema. O avanço do desmatamento também contribui para a instabilidade do solo, tornando-o mais suscetível ao surgimento de novos buracos.
A cidade do Maranhão já havia decretado calamidade pública em 2023 e 2024. Em agosto do último ano, o Governo Federal liberou R$ 45,7 milhões para contribuir nas ações de contenção, contudo, segundo o prefeito João Carlos Teixeira (PP), os recursos foram voltados às obras de habitação. Ele destaca que o município aguarda a liberação de verbas para obras de prevenção.
Cerca de 1.200 pessoas correm riscos com cratera de 80 metros
Em alguns pontos mais críticos da cidade no Maranhão, os buracos já avançaram mais de 20 metros em direção às casas. Com o decreto de calamidade pública, a prefeitura de Buriticupu, que conta com mais de 50 mil moradores, autoriza os processos de desapropriação das casas particulares que correm risco de serem engolidas pelo avanço das fendas na terra.
Segundo a prefeitura, 1.200 pessoas e 250 moradias correm risco, por estarem localizadas em áreas de risco devido à cratera de 80 metros. O decreto municipal prevê a troca das casas atuais, por outras localizadas em áreas seguras, mas sem especificar quais. O texto determina que o processo de desmontagem e de reconstrução deve ser apoiado pela comunidade.
A dispensa de licitação para os contratos ligados à resolução do problema de calamidade pública para Buriticupu é válido por seis meses. Vale mencionar que Teixeira se reuniu, neste mês, com o Ministro do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, em Brasília, para tratar da liberação da ordem de serviço e contratação para início das obras emergenciais.
Entenda o que são as Voçorocas
Uma voçoroca, também chamada de boçoroca, é um fenômeno geológico que consiste na formação de enormes buracos de erosão, gerados pela chuva e intempéries, em solos onde a vegetação é muito escassa e não protege o solo, que fica cascalhento e suscetível de carregamento por enxurradas.
Essa forma de erosão avançada acontece em áreas de declive acentuado, geralmente começando com o escoamento da água em áreas onde o solo está desprotegido, seja por conta da remoção da vegetação natural ou à atividade humana, como a agricultura inadequada.
A água das chuvas em Buriticupu fluem pela superfície do solo, gerando pequenos sulcos que se tornam cada vez mais profundos e largos com o tempo, formando uma voçoroca.