A 5.100 metros de altitude, onde o oxigênio é escasso, o frio corta a pele e o crime domina, milhares de pessoas arriscam suas vidas diariamente em busca de ouro. Sem saneamento, com apenas três chuveiros para 30.000 habitantes e uma taxa alarmante de violência, La Rinconada é um verdadeiro pesadelo gelado nos Andes peruanos.
La Rinconada, nos Andes peruanos, é o tipo de lugar que desafia qualquer lógica humana. Considerada a cidade mais alta do mundo, ela está a 5.100 metros acima do nível do mar, em um ambiente tão hostil que parece tirado de um filme de sobrevivência. O apelido de “Paraíso do Diabo” não é exagero: quem se aventura por lá enfrenta frio cortante, falta de oxigênio e uma realidade brutal. O youtuber Tyler Oliveira decidiu ver tudo isso de perto e, bom… quase não voltou para contar a história.
A jornada perigosa até La Rinconada
Tyler partiu do Texas rumo ao Peru cheio de curiosidade, mas foi recebido por um choque gelado de -3°C assim que pisou na cidade. E isso nem foi o pior: a altitude extrema rapidamente cobrou seu preço. Com tontura, dores de cabeça e a sensação de que seu corpo estava entrando em colapso, ele percebeu que não era brincadeira.
O oxímetro acusou 59% de oxigênio no sangue – um nível assustadoramente baixo. Sem pensar duas vezes, ele precisou descer às pressas antes que seu corpo desistisse. Depois, mais preparado, tentou novamente no dia seguinte. Só que desta vez, foi seu cinegrafista quem ou mal. Nada de boas-vindas calorosas na cidade mais alta do mundo, apenas um teste brutal de resistência.
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O perigo vai além da altitude na cidade mais alta do mundo
Se o frio e a falta de oxigênio não forem suficientes para espantar alguém, o crime pode dar conta do recado. La Rinconada não é só inóspita; é também perigosa. Tyler foi alertado por locais para esconder sua câmera, pois roubos, sequestros e prostituição são comuns por lá.
Outro youtuber, do canal Yes Theory, classificou cidade mais alta do mundo como o “lugar mais suspeito” que já visitou. E com razão. Relatos apontam que assassinatos dentro dos túneis da mina não são raros, mulheres são traficadas e brigas acontecem frequentemente. Sem policiamento adequado, a cidade se transformou em um verdadeiro faroeste sem lei.
A dura realidade da mineração de ouro
A economia de La Rinconada gira em torno do ouro – e não de uma forma justa. Os trabalhadores am 30 dias inteiros minerando sem pagamento. No 31º dia, podem ficar com o que encontrarem. Parece loucura, mas essa é a realidade.
As mulheres nem têm esse direito. São proibidas de minerar e só podem garimpar os rejeitos descartados pelos homens, na esperança de encontrar pequenos traços do metal precioso. Para piorar, o mercúrio usado no processo contamina o solo e os rios, afetando gravemente a saúde dos moradores da cidade mais alta do mundo.
Um ambiente insustentável
Se não bastasse a violência e o trabalho brutal, a infraestrutura de La Rinconada beira o inexistente. Saneamento básico? Esquece. Apenas três chuveiros atendem os 30.000 moradores da cidade. O lixo se acumula pelas ruas e a poluição é absurda.
Cerca de 25% da população sofre de hipóxia devido à baixa pressão do ar. A adaptação à altitude extrema leva tempo, e muitos acabam desenvolvendo problemas respiratórios irreversíveis. Sobreviver na cidade mais alta do mundo é um desafio diário.
O desejo pelo ouro mantém a cidade viva
Mesmo com condições tão absurdas, La Rinconada continua atraindo gente de todo o Peru. O sonho de enriquecer com o ouro é mais forte do que o medo. Todos querem a chance de encontrar uma pepita que mude suas vidas, mesmo que isso custe a própria saúde.
Após sua visita, Tyler Oliveira não conseguiu esconder a iração pelos moradores. Se ele, em poucos dias, já sentia os efeitos devastadores do ambiente, como era possível que milhares de pessoas vivessem ali a vida inteira? Ele reconheceu a resistência inacreditável da população e disse que nunca mais subestimaria o impacto da altitude.