Vacina indolor criada por cientistas de Stanford é aplicada ao esfregar na pele, eliminando agulhas e tornando a imunização mais ível
Imagine um futuro onde a vacinação não precise mais de agulhas, seringas ou filas demoradas. Cientistas da Universidade de Stanford deram um o importante nessa direção ao desenvolver uma vacina viva e indolor, que pode ser aplicada na pele somente com o esfregar de um creme.
A inovação usa uma bactéria comum da pele para desencadear uma resposta imunológica eficaz contra doenças graves como o tétano e a difteria.
Essa descoberta pode mudar como vacinamos milhões de pessoas no mundo, facilitando o o e aumentando a adesão, especialmente em crianças e pessoas com medo de agulhas.
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Com testes em humanos previstos para os próximos anos, a comunidade científica observa com atenção os avanços dessa tecnologia.
O papel das bactérias da pele
A pele humana é um ambiente desafiador para microrganismos. Ela é seca, salgada e tem poucos nutrientes disponíveis. Mesmo assim, algumas bactérias conseguem sobreviver nesse cenário.
Entre elas está o Staphylococcus epidermidis, uma espécie inofensiva presente na pele de praticamente todas as pessoas. Os pesquisadores de Stanford descobriram que o sistema imunológico reage de forma intensa a essa bactéria, produzindo anticorpos específicos.
Essa resposta imune natural serviu de inspiração para os cientistas, que decidiram modificar geneticamente a bactéria visando treinar o organismo a se defender de agentes patogênicos.
Michael Fischbach, professor de bioengenharia e líder da pesquisa, destaca que a maioria das pessoas não gosta de agulhas e que a possibilidade de substituir uma injeção por um simples creme é uma ideia bastante atraente.
O experimento com camundongos
Os testes iniciais foram realizados em camundongos. A equipe mergulhou um cotonete em uma solução contendo a bactéria bioengenheirada e esfregou suavemente na pele dos animais. O sistema imunológico respondeu de maneira impressionante.
Após seis semanas, os camundongos desenvolveram níveis elevados de anticorpos contra as toxinas do tétano. Em seguida, foram expostos a doses letais dessas toxinas. Os camundongos que receberam a versão modificada da bactéria sobreviveram, enquanto os que receberam a versão natural sucumbiram.
Essa resposta imunológica persistiu mesmo após poucas aplicações, o que sugere uma proteção robusta e duradoura. Os cientistas também inseriram o gene responsável pela toxina da difteria, obtendo resultados igualmente promissores.
Por que funciona?
A chave para o sucesso da vacina está na proteína Aap, presente na superfície do S. epidermidis. Essa proteína funciona como uma “árvore”, com galhos que se projetam para fora da célula bacteriana.
Células sentinelas do sistema imunológico, chamadas células de Langerhans, captam essas proteínas e apresentam suas características a outras células de defesa. Assim, o corpo aprende a reconhecer o invasor e a reagir rapidamente caso haja uma infecção real.
Além de estimular anticorpos no sangue, conhecidos como IgG, a vacina promove a produção de IgA, que se concentra nas mucosas das vias respiratórias. Essa ação pode ajudar a proteger contra patógenos que entram pelo nariz, como o vírus da gripe e o coronavírus.
Testes futuros e desafios
A etapa seguinte envolve testar a vacina em macacos, com o objetivo de verificar sua eficácia e segurança em organismos mais próximos dos humanos. Caso os resultados sejam positivos, os testes clínicos poderão ser iniciados dentro de dois ou três anos.
Os pesquisadores já comprovaram o funcionamento da vacina em camundongos e agora precisam demonstrar que o mesmo efeito ocorre em primatas e, posteriormente, em humanos.
A produção em larga escala é outro ponto importante. Os pesquisadores conseguiram grampear quimicamente o fragmento da toxina do tétano à proteína Aap, o que simplifica o processo. Surpreendentemente, mesmo após a divisão das bactérias, a produção de anticorpos permaneceu alta, o que indica potencial para uma fabricação eficiente e econômica.
Impactos para o futuro
Se a vacina tópica se provar segura e eficaz, poderá beneficiar especialmente regiões remotas e países em desenvolvimento, onde a infraestrutura para campanhas de vacinação muitas vezes é precária.
A aplicação simples, sem necessidade de profissionais treinados para aplicar injeções, pode aumentar significativamente a cobertura vacinal.
Além disso, a tecnologia não se limita ao tétano e à difteria. Os pesquisadores acreditam que o método pode ser adaptado para proteger contra uma variedade de doenças, incluindo infecções respiratórias e até parasitárias.
Essa abordagem também poderia aliviar os temores de quem tem medo de agulhas, um fator que impede muitas pessoas de se vacinarem. Com um simples creme aplicado na pele, o desconforto físico e psicológico desaparece, facilitando a adesão a campanhas de imunização.
Estudo publicado na revista Nature. Com informações de scitechdaily.