Estudo liderado por pesquisadores da Universidade de Princeton, NASA e setor privado abre caminho para nova fonte de energia limpa e inovadora.
Após quase uma década de estudos e testes, um grupo de cientistas conseguiu realizar um experimento inédito que comprova a possibilidade de gerar eletricidade a partir da rotação da Terra. O avanço foi liderado por Christopher F. Chyba, da Universidade de Princeton; Kevin P. Hand, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA; e Thomas H. Chyba, da empresa Spectral Sensor Solutions. A pesquisa traz uma nova perspectiva para a produção de energia elétrica, utilizando uma fonte até então considerada inviável: o próprio movimento rotacional do planeta.
Origem da teoria e reação inicial da comunidade científica
A ideia de gerar eletricidade a partir da rotação da Terra foi apresentada em julho de 2016, quando os pesquisadores Chyba e Hand publicaram um artigo na revista Physical Review Applied. Eles propunham a criação de um dispositivo que interagisse com o campo magnético da Terra, transformando essa interação em energia.
Na época, a proposta foi recebida com ceticismo por parte da comunidade científica. Muitos especialistas argumentavam que qualquer voltagem gerada seria automaticamente neutralizada pela movimentação dos elétrons, tornando impossível a captação da energia.
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Apesar das críticas, os autores seguiram com seus estudos. A partir de 2019, Thomas H. Chyba se juntou ao projeto, contribuindo com sua experiência no desenvolvimento de sensores eletro-ópticos voltados à detecção de ameaças químicas e nucleares.
Experimento confirma geração de energia elétrica com rotação da Terra
A comprovação veio no dia 19 de março de 2025, com a publicação de um novo artigo na revista Physical Review Research. Nele, os autores relatam a realização de um experimento prático utilizando um cilindro feito de ferrite de manganês e zinco, material conhecido por suas propriedades magnéticas.
O cilindro foi posicionado com uma inclinação de 57 graus no eixo norte-sul, de forma perpendicular à rotação da Terra e ao seu campo magnético. Nas extremidades do cilindro, os pesquisadores instalaram eletrodos. O resultado foi a medição de uma corrente gerando uma voltagem de 18 microvolts, sem o uso de qualquer fonte externa de energia.
A quantidade gerada é pequena, mas o experimento representa uma prova de conceito: demonstra que é possível converter o movimento rotacional da Terra em eletricidade, contrariando as previsões iniciais de que o efeito seria anulado automaticamente.
Próximos os e possibilidades futuras
O avanço abre novas possibilidades para o uso de fontes alternativas e limpas de energia. Os próprios autores reconhecem que 18 microvolts são insuficientes para aplicações práticas, mas já planejam desenvolver versões mais eficientes do dispositivo.
A expectativa é que, com novos materiais e configurações, seja possível ampliar a quantidade de energia elétrica gerada e viabilizar aplicações reais no futuro. Para isso, será necessário o envolvimento de outras instituições científicas, que deverão replicar o experimento em diferentes ambientes, a fim de eliminar qualquer possibilidade de interferência externa.
Potencial para energia limpa baseada na Terra
Caso a descoberta seja confirmada por outras equipes, o princípio de gerar eletricidade a partir da rotação da Terra poderá ser explorado como uma nova fronteira tecnológica. Isso incluiria o desenvolvimento de sistemas que operam continuamente, sem depender de combustíveis fósseis ou fontes intermitentes como o sol ou o vento.
Diferente das usinas solares e eólicas, que dependem de fatores climáticos, a rotação da Terra é constante e previsível. Isso tornaria essa fonte de energia potencialmente mais estável, uma característica valiosa para o futuro das matrizes energéticas.
Energia do planeta: uma alternativa promissora
Com a crescente demanda por fontes renováveis e sustentáveis, a busca por formas inovadoras de geração de eletricidade tem se intensificado. O experimento conduzido por Chyba, Hand e Chyba se junta a esse esforço global, ao demonstrar que o próprio planeta pode fornecer a energia necessária para sustentar parte de suas atividades.
Além do impacto científico, a pesquisa também representa um estímulo à inovação. Ela reforça a importância da persistência científica e da experimentação em áreas que inicialmente são vistas com desconfiança.
Fonte: IGN Brasil