Pesquisadores brasileiros identificaram uma floresta fossilizada de 260 milhões de anos no Rio Grande do Sul, um dos mais impressionantes sítios paleontológicos do Brasil. A descoberta pode ajudar a entender os efeitos de antigas mudanças climáticas globais.
A floresta fossilizada encontrada no Brasil, mais especificamente em Dom Pedrito, na região dos pampas gaúchos, próxima à fronteira com o Uruguai, é considerada um dos registros mais completos do período Permiano no hemisfério sul. A redescoberta foi liderada por uma equipe da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) e publicada no último dia 2 de abril na revista científica Journal of South American Earth Sciences.
Embora o sítio, conhecido como Cerro Chato, tenha sido inicialmente identificado em 1951, foi apenas em 2021 que escavações detalhadas trouxeram à luz mais de 200 fósseis de plantas preservadas em excelente estado — incluindo folhas, raízes, galhos e troncos.
Floresta fossilizada de 260 milhões de anos mostra como era o ambiente da Gondwana
As espécies vegetais encontradas são típicas do antigo supercontinente Gondwana, que incluía a região onde hoje está o Brasil. Entre os fósseis estão exemplares de cavalinhas, licófitas, samambaias e coníferas. Os cientistas destacam o alto nível de preservação: muitos restos vegetais foram mineralizados ainda em vida, permitindo uma reconstrução precisa do ecossistema da época.
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O período Permiano, há 260 milhões de anos, foi marcado por uma intensa crise climática global, com aumento das temperaturas e maior aridez. Esse cenário causou uma das maiores extinções em massa da história, que dizimou diversas espécies vegetais e animais. A análise da floresta fossilizada encontrada no Brasil oferece uma oportunidade única de entender como essas mudanças afetaram os ecossistemas e como algumas linhagens vegetais conseguiram se adaptar — dando origem à flora atual.
Os fósseis estão sendo estudados no Laboratório de Paleobiologia da Unipampa, onde continuarão a fornecer dados sobre o clima, solo e biodiversidade do ado remoto.
Outras florestas fossilizadas no Brasil revelam história profunda
O Brasil tem se mostrado um verdadeiro tesouro paleontológico. Em 2022, outro importante achado foi divulgado por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR): uma floresta fossilizada de 290 milhões de anos, localizada em Ortigueira (PR), formada por 164 árvores da linhagem das licófitas, que podiam atingir até 18 metros de altura.
Segundo a geóloga Thammy Ellin Mottin, responsável pela descoberta durante seu doutorado, a floresta ficou preservada exatamente como era em vida, fossilizada dentro da rocha. A pesquisa foi publicada na revista internacional Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology e destacou a importância do Brasil no cenário da paleobotânica mundial.
A floresta fossilizada mais antiga do mundo está na Inglaterra
Além das florestas fósseis encontradas no Brasil, o título de floresta fossilizada mais antiga do mundo pertence atualmente a uma formação descoberta no sul da Inglaterra, nas regiões de Devon e Somerset. As árvores têm aproximadamente 390 milhões de anos e são entre quatro e cinco milhões de anos mais velhas do que os registros anteriores, encontrados nos Estados Unidos.
Essas plantas pertencem ao grupo cladoxylopsida, ancestrais das atuais cavalinhas e samambaias, e apresentam troncos fossilizados com até dois metros de comprimento. Os fósseis foram identificados na costa do antigo continente Old Red Sandstone, revelando mais uma peça fundamental da evolução vegetal.
Entenda a importância de estudar florestas fossilizadas
A análise de florestas fossilizadas permite aos cientistas reconstruir cenários ambientais do ado e entender como plantas e ecossistemas responderam a mudanças climáticas extremas. Essas informações são valiosas não apenas para compreender a história da Terra, mas também para projetar o impacto que a crise climática atual pode causar nos ambientes modernos.
A descoberta da floresta fossilizada de 260 milhões de anos no Brasil é um marco para a paleontologia sul-americana e mostra como nosso território abriga registros preciosos de um mundo perdido — e talvez um espelho do nosso futuro climático.
Fonte: Olhar Digital