A Transiberiana é a maior ferrovia do mundo, com 9.289 km de extensão. Conectando Moscou à Ásia, ela atravessa 87 cidades e 12 regiões em uma das viagens de trem mais épicas e longas do planeta.
Ao longo de mais de 9 mil quilômetros de trilhos contínuos, a Transiberiana se impõe como um feito monumental da engenharia e um símbolo de integração continental. Construída para ligar a capital russa Moscou ao porto oriental de Vladivostok, a ferrovia atravessa a Eurásia conectando cidades, culturas e fronteiras por meio da maior rota de trem do mundo. Mais do que números impressionantes — 12 regiões istrativas, 87 cidades, 8 fusos horários e 9.289 km de extensão — a ferrovia mais extensa do mundo é também um marco geopolítico, histórico, econômico e turístico. Hoje você vai entender por que a Transiberiana ocupa um lugar único no cenário ferroviário global.
Como a Transiberiana se tornou a maior ferrovia do mundo
A ferrovia Transiberiana nasceu de uma necessidade estratégica do Império Russo no final do século XIX. Em um país de dimensões continentais, com vastas áreas desabitadas e distantes dos centros de poder, era urgente criar uma malha que garantisse coesão territorial, circulação de recursos e defesa militar. A construção começou oficialmente em 1891 por ordem do czar Alexandre III e levou 25 anos para ser concluída.
Dados oficiais da Russian Railways apontam que o custo da obra ultraou 350 milhões de rublos em ouro, com mão de obra de mais de 84 mil operários, incluindo prisioneiros e camponeses.
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Finalizada em 1916, a Transiberiana tornou-se o maior trecho ferroviário contínuo do planeta, ligando o oeste europeu ao leste asiático. Apesar de haver outras ligações mais longas entre países (como Moscou-Pyongyang, com 10.267 km), nenhuma delas opera sob uma única rede ferroviária nacional e linear, como acontece com a Transiberiana dentro do território russo.
A geografia da ferrovia mais extensa do mundo
A maior ferrovia do mundo começa em Moscou, no coração da Rússia europeia, e termina em Vladivostok, cidade portuária no extremo oriente russo, já próximo ao mar do Japão. Durante o trajeto, ela corta:
- 12 oblasts (regiões istrativas)
- 87 cidades russas
- 16 rios de grande porte (inclusive o Volga, Ob e Amur)
- 8 fusos horários diferentes
Em alguns trechos, a ferrovia tangencia fronteiras com China, Mongólia e Coreia do Norte, sendo possível ar esses países por rotas alternativas integradas à malha.
As três grandes rotas da Transiberiana
A Transiberiana é mais do que uma linha: ela oferece três trajetos principais, cada um com experiências distintas. São eles:
Rota clássica: Moscou – Vladivostok
- Distância: 9.289 km
- Tempo de viagem: 6 a 7 dias sem paradas
- Destaques: florestas boreais da Sibéria, Lago Baikal, Urais
Essa é a rota original e 100% russa, ideal para quem deseja cruzar a Eurásia sem sair do território da Federação Russa.
Rota transmongoliana: Moscou – Pequim (via Mongólia)
- Distância: 7.621 km
- Países: Rússia, Mongólia, China
- Destaques: Ulan Bator, deserto de Gobi, muralhas chinesas
Essa opção segue pela linha de Ulan-Ude e cruza a Mongólia até a capital da China.
Rota transmanchuriana: Moscou – Pequim (via Manchúria)
- Distância: 8.986 km
- Países: Rússia e China
- Destaques: Harbin, Pequim imperial
Aqui o trem evita a Mongólia, ando pela província chinesa da Manchúria antes de chegar a Pequim.
A bordo da maior rota de trem do mundo: tipos de trens e experiências
A Transiberiana oferece experiências para todos os bolsos e perfis. Os trens são classificados em comuns (regionais e expressos), turísticos e de luxo.
Trens turísticos de luxo
Golden Eagle
- Operado por britânicos
- Suítes com banheiro privativo, janelas panorâmicas, bar e música ao vivo
- Percorre Rússia, Ásia Central e China
Zarengold
- Inspirado no luxo dos czares
- Cabines de várias categorias, cardápio europeu e asiático
- Rota Moscou–Pequim via Mongólia
Imperial Russia
- Trem-hotel 5 estrelas com paradas culturais
- Decoração da era imperial
- Ideal para imersão histórica
Trens regulares
Operados pela Russian Railways, são mais íveis e autênticos, utilizados por milhares de russos diariamente. Contam com:
- Cabines de 1ª, 2ª e 3ª classe
- Vagões com beliches
- Refeições simples e convivência local
Aspectos técnicos e operacionais
- Bitola dos trilhos: 1.520 mm (bitola russa)
- Velocidade média: 60 a 90 km/h (pode variar conforme o trem)
- Tempo de viagem: até 30 dias com paradas; 6 a 7 dias diretos
- Temperatura extrema: de –50 °C na Sibéria a +35 °C no verão asiático
Toda a ferrovia é eletrificada e operada por locomotivas modernas com monitoramento digital, inclusive com sinal de Wi-Fi e controle satelital, dependendo do serviço contratado.
O impacto econômico e logístico da Transiberiana
A ferrovia mais extensa do mundo é um pilar estratégico da economia russa e da logística euroasiática. Entre seus principais impactos:
Transporte de cargas
- Leva carvão, gás, madeira, grãos e minérios da Sibéria até os portos do Pacífico.
- Em 2023, a carga transportada superou 120 milhões de toneladas, segundo dados da Russian Railways.
Integração da Rota da Seda
- A Transiberiana é parte integrante dos corredores logísticos da Iniciativa Cinturão e Rota da China.
- Reduz o tempo de entrega entre Ásia e Europa para até 15 dias, contra 45 por via marítima.
Turismo internacional
- Atração de mais de 400 mil turistas/ano, segundo o Ministério do Turismo da Rússia.
- Geração de empregos locais e estímulo à economia de pequenas cidades ao longo da linha.
A Transiberiana como patrimônio cultural e político
Legado histórico
A ferrovia foi vital para a industrialização soviética, deslocamento de tropas durante a Segunda Guerra Mundial e para o controle da Sibéria.
Cultura e literatura
Foi imortalizada por autores como Anton Tchekhov, Tolstói e Blaise Cendrars. Também inspirou filmes como Transsiberian e documentários da BBC.
Geopolítica
Controlar essa ferrovia é controlar o fluxo intercontinental de bens, energia e influência. Ela é um ativo estratégico no equilíbrio de poder euroasiático.
A ferrovia mais longa do mundo e o futuro
Com investimentos em corredores logísticos modernos, o governo russo pretende transformar a Transiberiana em alternativa ao Canal de Suez. A expansão das conexões com a China e países da Ásia Central é estratégica para reduzir a dependência da navegação marítima internacional.
Além disso, há planos para:
- Trens de alta velocidade em trechos selecionados (como Moscou–Ecaterimburgo)
- Modernização de estações com foco no turismo
- Digitalização logística e uso de IA para gerenciamento de cargas
E se o Brasil tivesse sua própria “Transiberiana”?
Apesar do tamanho continental, o Brasil ainda não possui uma ferrovia que interligue o território de forma contínua e estratégica como a Transiberiana.
Projetos como a Ferrovia Norte-Sul, Ferrogrão e Nova Transnordestina caminham nessa direção, mas enfrentam décadas de entraves políticos e logísticos. Especialistas defendem que, com investimento público-privado coordenado, seria possível criar uma malha ferroviária conectando:
- Manaus ao Porto de Santos
- Recife ao Centro-Oeste
- Sul ao Norte pela BR-163 em trilhos
A lição da Transiberiana mostra que uma ferrovia estratégica integra o território, reduz desigualdades e impulsiona o desenvolvimento.
A Transiberiana é muito mais do que a maior ferrovia do mundo. Ela é a espinha dorsal da Rússia, uma ponte entre Europa e Ásia, um monumento à engenharia e um testemunho vivo da história.
Seja para transportar grãos, soldados, turistas ou sonhos, seus trilhos continuam ativos mais de 100 anos depois. E à medida que o mundo repensa sua logística diante de guerras, mudanças climáticas e disputas comerciais, a ferrovia mais extensa do mundo mostra que o caminho sobre trilhos ainda pode ser o mais confiável.