Após fusão com a Sadia, marca Perdigão sumiu das prateleiras por exigência do CADE e perdeu espaço em categorias-chave; estratégia da BRF priorizou reposicionamento e foco competitivo no mercado.
Entenda como a Perdigão desapareceu das prateleiras: Durante décadas, ela foi presença obrigatória na mesa dos brasileiros. Linguiça, presunto, lasanha, peito de peru, salsicha, mortadela. A Perdigão era sinônimo de produto de qualidade, tradição e comida de verdade. Junto com a Sadia, dominava as prateleiras de supermercados e a preferência nacional. Mas, de repente, sumiu.
Hoje, ao entrar em qualquer grande supermercado, é praticamente impossível encontrar um produto com a marca “Perdigão” em destaque. A logo vermelha e branca foi substituída por embalagens da BRF ou, em muitos casos, pela própria Sadia, a eterna rival.
O que aconteceu com a Perdigão? Como uma das marcas mais populares do Brasil desapareceu silenciosamente das gôndolas? E qual foi o papel da fusão entre Perdigão e Sadia, anunciada como histórica, nesse sumiço?
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Neste artigo, vamos relembrar a trajetória da Perdigão: da fundação ao auge, da fusão à decadência, do sumiço das prateleiras ao que restou da marca hoje.
A origem de um império: a Perdigão no coração dos brasileiros
A Perdigão S.A. nasceu em 1934, na cidade de Videira, no interior de Santa Catarina, como uma pequena empresa familiar de abate de suínos. Fundada por descendentes de imigrantes italianos, a empresa recebeu o nome inspirado na ave “perdiz” — associada a algo saboroso e regional.
Aos poucos, a Perdigão foi crescendo e conquistando espaço no sul do país. Nos anos 1950 e 1960, expandiu sua atuação para São Paulo e Rio de Janeiro, aproveitando a urbanização crescente e o aumento do consumo de alimentos industrializados.
Com um modelo verticalizado de produção, a empresa controlava tudo: criação de animais, abate, processamento, embalagem e distribuição. Esse controle de ponta a ponta foi uma das chaves para seu sucesso.
A Perdigão investiu pesado em publicidade e criou produtos que se tornaram ícones, como as lasanhas congeladas, as pizzas de micro-ondas e o famoso presunto defumado. Nos anos 1990, a marca já era uma das maiores do país, disputando o mercado palmo a palmo com a sua grande rival: a Sadia.
Rivalidade com a Sadia: a guerra do mercado de alimentos
Durante boa parte dos anos 1980, 1990 e 2000, Perdigão e Sadia protagonizaram uma das maiores rivalidades do setor alimentício brasileiro. Ambas empresas tinham origem catarinense, portfólio semelhante e investiam pesado em inovação e marketing.
Campanhas publicitárias de ambas disputavam atenção em datas estratégicas como o Natal e a Páscoa, com foco em alimentos processados, congelados e industrializados. A Perdigão era vista como mais tradicional e voltada ao público conservador, enquanto a Sadia apostava em inovação, celebridades e embalagens modernas.
Essa competição fez bem para o consumidor, que viu surgir novos produtos, promoções e melhorias de qualidade constantes. Porém, essa guerra também desgastou as duas empresas. O investimento para manter a liderança aumentava, os custos operacionais subiam e os desafios logísticos eram enormes.
No fim da década de 2000, as duas já não conseguiam crescer tanto quanto antes. Foi então que um novo capítulo começou — um dos mais importantes da história do setor de alimentos no Brasil.
A fusão histórica: nasce a BRF
Em 2009, um anúncio surpreendeu o mercado: Perdigão e Sadia iriam se unir. Após décadas de rivalidade, as duas gigantes anunciaram uma fusão que criaria a BRF – Brasil Foods, uma das maiores empresas de alimentos do mundo.
A decisão foi motivada por interesses estratégicos. A Sadia havia sofrido fortes prejuízos com operações financeiras de derivativos cambiais em 2008 e estava fragilizada. Já a Perdigão via na união uma forma de crescer globalmente e reduzir custos com logística e produção.
Com a fusão, nascia uma potência: mais de 100 mil funcionários, exportações para mais de 120 países, dezenas de marcas sob o mesmo guarda-chuva, presença massiva no varejo e liderança absoluta no setor de carnes e alimentos congelados.
Mas nem tudo foi simples.
O Conselho istrativo de Defesa Econômica (Cade) impôs restrições severas para aprovar o negócio. Entre elas, a obrigação de suspender temporariamente o uso da marca Perdigão em algumas categorias de produtos, para evitar monopólio e garantir competição no setor.
Essa decisão deu início ao desaparecimento gradual da Perdigão das prateleiras.
O sumiço da Perdigão das prateleiras dos supermercados
Após a fusão, a BRF ou a focar na marca Sadia como principal representante dos produtos alimentícios da empresa. A Sadia tinha maior penetração internacional e melhor recall de marca entre os consumidores.
Enquanto isso, a Perdigão foi sendo retirada dos pontos de venda em diversas categorias, especialmente nas mais lucrativas, como embutidos, presuntos e salsichas.
O Cade havia imposto que a BRF não poderia usar simultaneamente as duas marcas nas mesmas categorias por um período, para não ferir a concorrência. Isso forçou a empresa a tomar decisões estratégicas — e a Perdigão ficou em segundo plano.
Nos supermercados, os produtos com a marca Perdigão foram sumindo gradualmente. Em alguns casos, o nome aparecia discretamente no verso da embalagem, como empresa fabricante. Mas a identidade visual, o logotipo e a presença publicitária praticamente desapareceram.
Muitos consumidores sentiram falta. Houve protestos nas redes sociais e pedidos para o retorno da marca. Mas a BRF não recuou: a prioridade era fortalecer a Sadia como marca global.
O que restou da Perdigão nos dias de hoje?
Embora tenha desaparecido das prateleiras em muitos segmentos, a marca Perdigão não foi extinta. Ela ainda existe formalmente dentro do portfólio da BRF e é utilizada em alguns produtos específicos, especialmente voltados para o mercado de atacado, alimentação institucional ou em regiões onde a marca ainda tem apelo local.
Em 2020, a BRF chegou a ensaiar um leve retorno da marca Perdigão ao varejo, relançando produtos como hambúrgueres, linguiças e itens de café da manhã com nova identidade visual. Porém, sem grandes campanhas, o impacto foi discreto.
Atualmente, a Sadia continua sendo a principal marca da BRF no Brasil, seguida por outras como Qualy, Batavo e Deline. A Perdigão é usada com posicionamento complementar, sem grande destaque na publicidade ou nos supermercados.
Ou seja: a Perdigão não foi vendida, nem fechada, nem esquecida pela empresa. Mas sua relevância de mercado foi significativamente reduzida — resultado direto da estratégia pós-fusão e das regras impostas pelo Cade.
Um caso de sucesso interrompido pelo próprio sucesso
A história da Perdigão é, ao mesmo tempo, uma trajetória de sucesso e um alerta sobre como o crescimento pode levar ao desaparecimento de marcas consagradas. Ao se fundir com a Sadia para formar a BRF, a empresa criou uma potência global — mas, para isso, sacrificou parte da sua identidade original.
Como a Perdigão desapareceu das prateleiras? A resposta está em uma mistura de estratégia empresarial, decisão regulatória e priorização de marcas mais rentáveis. O fim da Perdigão como marca de destaque foi planejado, calculado e, até certo ponto, inevitável.
O que resta é o legado: uma marca que alimentou gerações de brasileiros, que ajudou a construir o setor de alimentos processados no país e que mostrou o valor da indústria nacional. E quem sabe, no futuro, a Perdigão ainda possa voltar com força total. Afinal, marcas com memória afetiva têm mais chance de renascer do que se imagina.
Que mentira, gente! A Perdigão não sumiu não, de onde tiraram isso? É, somente, a marca de alimentos com maior market share do setor!
Perdigão é gigante, mas o marketing da Brf não dá a devida atenção para a marca histórica. Essa estória de fusão é piada, a sadia quebrou e foi adquirida pela Perdigão para não falir. Essa estratégia equivocada de tentar aniquilar com a Perdigão só fez a Seara da JBS ganhar participação considerável no mercado interno. Que saudades da era Nildemar Secches!
Falou tudo , meu primeiro emprego foi na Perdigão agroindustrial S/A que empresa boa. Hoje em dia todo mundo reclama.
Trabalhei por mais de 20 anos na Perdigão, e quando a Sadia quebrou em 2009 e a Perdigão comprou a concorrente. que só aceitou o Negócio se fosse dito aos quatro ventos que seria uma fusão. Pois bem, nessa fusão que tratou de assumir o topo foi a Sadia, que com sua falta de capacidade, agora conseguiu ser aduiquirida por outra empresa menor ainda a Marfrig. Os antigos Donos da Sadia devem ter virado de bruços no caixão, tamanha vergonha que estão ando.
E quanto foi o valor que a Perdigão pagou na sadia?
Verdade! Nildemar foi “Ô cara”!
Saudade dos produtos Perdigão!
Verdade! Nildemar foi “Ô cara”!
Que mentira, a Perdigão é líder de mercado no segmento. Seguido pela Sadia e em terceiro lugar a Seara. Reportagem totalmente errada.