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Conheça a história da ponte brasileira que custou 33 vidas durante sua construção

Escrito por Noel Budeguer
19/05/2025 às 15:10
Atualizado 21/05/2025 às 08:24
Ponte - construção - megaobra - trabalhadores
33 trabalhadores morreram para construir a Ponte Rio-Niterói: Conheça os segredos e sacrifícios por trás dessa megaobra

A ponte que liga Rio a Niterói foi palco de acidentes, mortes e ventos que a faziam balançar mais de 1 metro. Uma obra tão perigosa quanto grandiosa

Quando a gente pensa no Rio de Janeiro, é fácil imaginar o Cristo Redentor, o samba, o futebol e aquela vista absurda da Baía de Guanabara. Mas além das belezas naturais e do clima de festa, existe uma estrutura gigantesca que conecta duas cidades super importantes do estado e que, de certa forma, virou parte da vida de milhões de pessoas: a Ponte Rio-Niterói.

Essa obra monumental não é só uma ponte, é um marco da engenharia brasileira, construída com muito esforço, ousadia e, sim, algumas tragédias também. Por trás do concreto e do aço, tem uma história cheia de curiosidades que vale a pena conhecer.

Uma ideia que levou mais de 100 anos pra sair do papel

A vontade de ligar o Rio a Niterói vem lá do século XIX. Naquela época, as pessoas cruzavam a baía em barcas que levavam horas, ou então enfrentavam uma volta enorme por terra, ando por Magé. Em 1875, o imperador Dom Pedro II chegou até a contratar um engenheiro pra estudar a construção de um túnel, mas nada foi pra frente.

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A coisa só começou a andar de verdade nos anos 60, durante o regime militar. Em 1968, o então presidente Costa e Silva autorizou a construção da ponte. Teve até cerimônia com a presença da rainha Elizabeth II da Inglaterra, numa visita histórica ao Brasil. Apesar da pompa, as obras só começaram pra valer em janeiro de 1969.

Uma ponte que bateu recordes

Com mais de 13 quilômetros de comprimento, sendo quase 9 deles sobre o mar, a Ponte Rio-Niterói se tornou a maior do Hemisfério Sul. O vão central tem 300 metros e 72 metros de altura, alto o suficiente pra deixar os navios gigantes arem sem problema.

Na época da construção, muita coisa foi feita de forma inédita no Brasil. As peças eram pré-moldadas, como se fossem blocos gigantes que iam sendo encaixados no lugar certo. Era uma tecnologia supermoderna na época e revolucionou a engenharia de pontes por aqui.

Apesar de toda a inovação, o trabalho foi pesadíssimo. Teve escavação no fundo do mar, transporte de materiais por barcaças, e todo o tipo de desafio que uma obra desse porte costuma ter. E tudo isso numa época sem os equipamentos modernos que temos hoje.

Tragédias esquecidas: os sacrifícios humanos por trás da Ponte Rio-Niterói

Imagem histórica mostra o local do colapso de uma plataforma durante a construção da Ponte Rio-Niterói, em 1970, tragédia que resultou na morte de oito trabalhadores.

Por trás da grandiosidade da Ponte Rio-Niterói, que liga o Rio de Janeiro a Niterói, esconde-se uma história marcada por tragédias e sacrifícios humanos. Oficialmente, 33 trabalhadores perderam a vida durante os mais de cinco anos de construção da ponte. No entanto, estimativas não oficiais sugerem que o número real de mortes pode ter chegado a 400, incluindo operários e engenheiros .

As condições de trabalho eram precárias: operários frequentemente trabalhavam sem equipamentos de proteção, usando sandálias de borracha, bermudas e sem capacetes. A segurança era negligenciada, e acidentes eram comuns. Em 24 de março de 1970, uma das tragédias mais graves ocorreu quando uma plataforma flutuante desabou, matando oito pessoas, incluindo três engenheiros .

Outro acidente fatal aconteceu em 4 de janeiro de 1974, apenas dois meses antes da inauguração da ponte, quando uma arela desabou a 32 metros de altura, matando seis operários que faziam o acabamento do pilar 21.

Há relatos de que alguns corpos nunca foram recuperados, alimentando lendas de que teriam sido engolidos pelas fundações da ponte. Embora essas histórias não tenham sido comprovadas, refletem o descaso com a vida dos trabalhadores na época. Durante a ditadura militar, muitos desses acidentes foram encobertos pela censura, e as mortes tratadas como estatísticas inconvenientes.

A Ponte Rio-Niterói é, sem dúvida, uma das maiores realizações da engenharia brasileira, mas sua construção foi marcada por um alto custo humano que não pode ser esquecido.

Do sonho à rotina

Antes da ponte, ir do Rio a Niterói podia levar duas horas ou mais. Hoje, quando o trânsito colabora, esse tempo cai pra cerca de 15 minutos. Mas é claro que, com o tempo, o fluxo de veículos aumentou muito. A ponte, que foi pensada pra aguentar até 50 mil veículos por dia, hoje vê ar mais de 150 mil.

Pra dar conta disso tudo, várias melhorias foram feitas: novas faixas, rampas de o, sistemas de monitoramento com câmeras, radares, baías de emergência… Tudo pra tentar manter o trânsito fluindo e a segurança em dia.

Uma ponte que virou parte da cidade

Quase 50 anos depois da inauguração, a Ponte Rio-Niterói continua firme, sendo apontada por especialistas como uma das mais seguras do país. E mesmo pra quem já se acostumou com ela, é difícil não se impressionar com o tamanho e a importância dessa estrutura.

Ela mudou o jeito como as pessoas se deslocam, facilitou o comércio, aproximou famílias e encurtou distâncias. Muito mais do que concreto e ferro, essa ponte carrega uma história de transformação — e mostra como a engenharia pode ser, sim, uma ferramenta de progresso.

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Noel Budeguer

Sou jornalista argentino, actualmente radicado en Río de Janeiro, Brasil, con trayectoria enfocada en la cobertura de temas militares, defensa, ciencia, tecnología, energía y geopolítica. Mi objetivo es traducir información técnica y compleja en contenidos accesibles y relevantes para un público amplio, siempre manteniendo el rigor periodístico. Sou apaixonado por explorar como a tecnologia y defensa impactam a sociedade eo desenvolvimento econômico. https://muckrack.com/noel-budeguer?

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