Com 274 metros de comprimento e capacidade para transportar até 1 milhão de barris de petróleo, o João Cândido é o maior petroleiro já construído no Brasil, produzido pelo Estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco.
O João Cândido é o maior petroleiro já construído no Brasil. Com 274 metros de comprimento, 48 metros de largura e peso de 157 mil toneladas de porte bruto, o navio pode transportar até 1 milhão de barris de petróleo em uma única viagem. A embarcação foi produzida pelo Estaleiro Atlântico Sul (EAS), localizado no Complexo Industrial Portuário de Suape, em Ipojuca (PE).
O navio foi encomendado pela Transpetro, subsidiária da Petrobras, dentro do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), criado com o objetivo de renovar a frota brasileira e estimular a indústria naval no país. A construção começou em 2007, e o lançamento ao mar ocorreu em maio de 2010. A entrega oficial, no entanto, aconteceu apenas dois anos depois, em maio de 2012, após ajustes técnicos necessários.
Construção e características técnicas do maior petroleiro do Brasil
Projetado para operar como um petroleiro do tipo Suezmax, o João Cândido tem porte compatível com as dimensões máximas do Canal de Suez, no Egito. Essa categoria de navio é voltada para transporte de grandes volumes de petróleo em longas distâncias marítimas, sendo adequada para rotas internacionais e também para navegação de alívio em campos offshore.
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A embarcação possui motor diesel MAN B&W 6S70MC-C, fabricado sob licença, com capacidade para atingir até 13,6 nós de velocidade. Conta com 12 tanques de carga e uma arqueação bruta de mais de 81 mil toneladas. A operação envolve transporte entre plataformas marítimas e unidades de refino ou terminais logísticos.
O navio também está equipado com sistemas de segurança e monitoramento exigidos por normas internacionais de navegação, operando de acordo com as diretrizes da Organização Marítima Internacional (IMO).
Papel na logística do petróleo no Brasil
O João Cândido atua como navio aliviador, realizando o transporte de petróleo bruto das plataformas de exploração para os terminais localizados na costa brasileira. Esse tipo de operação é necessário para escoar a produção de áreas do pré-sal e demais campos marítimos. O volume que a embarcação pode transportar equivale a cerca de metade da produção diária nacional de petróleo registrada no ano de sua entrega.
Com essa capacidade, o navio facilita o fluxo de escoamento da produção offshore, contribuindo para reduzir o número de viagens e agilizar o transporte da carga até os pontos de refino ou exportação. Desde que entrou em operação, já realizou dezenas de viagens de cabotagem e também rotas internacionais.
Local de construção
O Estaleiro Atlântico Sul foi responsável pela construção do navio e por outros petroleiros do mesmo porte, como o Zumbi dos Palmares, André Rebouças e Dragão do Mar. A construção do João Cândido exigiu mobilização de milhares de trabalhadores, uso de tecnologia de ponta em soldagem naval e planejamento industrial de grande porte.
Instalado em Suape, o estaleiro iniciou suas operações na década de 2000 e chegou a ser o maior da América Latina em capacidade instalada. A construção do João Cândido foi considerada um marco para a retomada da indústria naval brasileira.
Programa Promef
O João Cândido foi o primeiro navio construído pelo EAS dentro do Promef. O programa previa a construção de 49 embarcações, com foco no transporte de petróleo, derivados e gás. O objetivo era reduzir a dependência de embarcações estrangeiras e fortalecer a indústria naval nacional.
O Promef dividiu as encomendas entre diferentes estaleiros brasileiros, estimulando a formação de mão de obra especializada e desenvolvimento de fornecedores locais. A construção do João Cândido foi considerada uma das mais complexas dentro do cronograma inicial do programa.
Situação atual
Atualmente, o navio continua operando sob bandeira brasileira, com registro na frota da Transpetro. Realiza rotas de transporte de petróleo na costa nacional e também em operações internacionais, conforme demanda de exportação e transferência de carga entre terminais.
O João Cândido tem expectativa de operação por pelo menos 25 anos, com manutenções programadas e atualizações tecnológicas durante sua vida útil. A embarcação permanece ativa na logística do setor de petróleo e gás, integrando a frota de transporte da Petrobras e contribuindo com a movimentação de grandes volumes de petróleo bruto extraído no Brasil.