1. Início
  2. / Curiosidades
  3. / Conheça o avião que gastava 15 litros por segundo e precisava de 6 motores para funcionar
Tempo de leitura 7 min de leitura Comentários 6 comentários

Conheça o avião que gastava 15 litros por segundo e precisava de 6 motores para funcionar

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 07/05/2025 às 18:18
Conheça o avião que gastava 15 litros por segundo e precisava de 6 motores para funcionar
Foto: IA

Projetado para carregar foguetes e cargas impossíveis, o Antonov An-225 Mriya é o avião mais potente da história da aviação e também um dos que mais consomem combustível: cerca de 15 litros por segundo. Com seus seis motores e peso máximo de 640 toneladas, essa aeronave é uma verdadeira usina voadora — e seu legado ainda causa impacto em 2025.

O avião que gastava 15 litros por segundo: Nos anos 1980, em plena Guerra Fria, a União Soviética precisava de uma solução para transportar seu ônibus espacial Buran, além de componentes gigantescos de foguetes e equipamentos militares. A resposta foi a criação de um avião que ultraaria qualquer limite técnico da época. O resultado foi o Antonov An-225 Mriya, projetado pelo Antonov Design Bureau, em Kiev, atual Ucrânia. Baseado no Antonov An-124, mas ainda maior e mais robusto, o An-225 foi projetado para:

  • Transportar até 250 toneladas de carga útil, seja interna ou sobre o dorso da fuselagem;
  • Operar com segurança pistas de mais de 3.000 metros, com cargas fora de padrão;
  • Ser reutilizável em múltiplas missões civis e militares de transporte especial.

Lançado oficialmente em 1988, o Antonov An-225 fez seu primeiro voo com sucesso e, desde então, ou a acumular recordes que nenhum outro avião conseguiu superar.

Nascimento durante a Guerra Fria

YouTube Video

O Antonov An-225 foi projetado nos anos 1980 pela Antonov Design Bureau, na então República Socialista Soviética da Ucrânia, parte da URSS. A aeronave foi baseada no modelo anterior Antonov An-124, mas precisava ser ainda mais robusta. Seu objetivo principal era transportar o Buran, o ônibus espacial soviético — uma resposta direta ao programa norte-americano do Space Shuttle.

Dia
Baratíssimo
📱 Smartphones poderosos com preços e descontos imperdíveis!
Ícone de Episódios Comprar

Para isso, o An-225 foi estendido em quase 15 metros em relação ao seu antecessor, recebeu uma fuselagem reforçada, trem de pouso com 32 rodas e dois motores extras. No total, foram instalados seis turbofans Progress D-18T, cada um capaz de gerar cerca de 229 kN de empuxo, permitindo o transporte de cargas absurdamente grandes em altitude de cruzeiro.

O primeiro voo do An-225 aconteceu em 21 de dezembro de 1988. Em poucos meses, ele já havia batido diversos recordes mundiais, entre eles o de maior carga útil transportada por uma aeronave — 250 toneladas em um único voo — e maior comprimento total (84 metros). A envergadura de suas asas chegava a 88,4 metros, o equivalente a um campo de futebol e meio.

Dados técnicos: por que ele é o avião mais potente da história

O Antonov An-225 era, até sua destruição, o maior avião de carga do planeta, tanto em dimensões quanto em capacidade de decolagem e volume interno.

Principais especificações técnicas:

CaracterísticaDetalhes
Nome oficialAntonov An-225 Mriya
Comprimento84 metros
Envergadura88,4 metros
Altura18,1 metros
Peso máximo de decolagem640.000 kg (640 toneladas)
Motores6 x Progress D-18T turbofans
Empuxo total1.377 kN (aproximadamente 140.000 kgf)
Velocidade de cruzeiro850 km/h
Autonomia (com carga)~4.000 km
Carga útil máxima250 toneladas
Altitude de operaçãoaté 11.000 metros

O conjunto de seis motores de avião Progress D-18T era essencial para fornecer a tração necessária ao avião mais pesado do mundo. Nenhuma outra aeronave civil ou militar havia recebido essa configuração de fábrica.

Consumo fora da realidade: 15 litros por segundo em operação plena

Um dos fatores mais impressionantes do An-225 era seu consumo de combustível, que ultraava 15 litros por segundo durante fases críticas de voo como decolagem com carga máxima ou subida inicial.

Estimativas detalhadas:

  • Consumo em cruzeiro leve: ~12.000 L/h
  • Consumo médio em missão com carga: ~45.000 a 54.000 L/h
  • Consumo em decolagem: pode ultraar 60.000 litros por hora, dependendo do peso e altitude inicial

Esse nível de consumo o colocava entre os aviões mais exigentes em combustível do mundo, superando inclusive bombardeiros estratégicos supersônicos em regime de voo convencional.

Voar o An-225 exigia mais do que habilidade técnica: demandava combustível em proporções industriais. Durante seus voos com carga total, o avião chegava a consumir aproximadamente 15 litros de combustível por segundo — o que significa 900 litros por minuto ou mais de 50 mil litros por hora.

Esse consumo não é apenas o reflexo do peso total da aeronave, mas da potência descomunal gerada por seus seis motores. O Progress D-18T, embora eficiente para a época, não é comparável às turbinas modernas em termos de consumo por tonelada transportada. Ainda assim, era necessário: o An-225 precisava de força bruta para decolar com cargas que, em muitos casos, exigiriam o trabalho de dois ou mais cargueiros convencionais.

A velocidade de cruzeiro do Mriya era de 850 km/h, com alcance de até 4.000 km carregado. Em missões sem carga, podia chegar a 15 mil quilômetros, mas o custo operacional sempre foi alto. O abastecimento de querosene podia ultraar 300 mil reais por voo internacional — isso em valores anteriores à guerra de 2022.

Comparação: como ele se destaca entre os gigantes dos ares

Para entender o quão especial era o An-225, vale compará-lo com outros monstros da aviação:

AviãoMotoresCarga MáximaConsumo médio (L/h)Envergadura
Antonov An-225 Mriya6250 t~54.00088,4 m
Boeing 747-8F4140 t~16.70068,4 m
Airbus A3804150 t~13.00079,8 m
Lockheed C-5M Galaxy4129 t~24.00067,9 m
Tu-160 Blackjack (militar)440 t (armas)~30.00055,7 m

O An-225 não apenas superava os concorrentes em tamanho e capacidade, mas também exigia uma logística especial de abastecimento, com tanques e pistas adaptadas.

A destruição do An-225 e o impacto para a aviação

Em fevereiro de 2022, o mundo foi surpreendido por imagens do hangar destruído no aeroporto de Hostomel, perto de Kiev, na Ucrânia. Em meio ao conflito iniciado com a invasão russa, o único exemplar operacional do An-225 foi bombardeado e ficou completamente inutilizável.

YouTube Video

A notícia gerou comoção mundial. A própria ONU lamentou a destruição, e milhares de pilotos, engenheiros e entusiastas expressaram pesar nas redes sociais. O An-225 não era apenas uma peça de engenharia: era um símbolo de cooperação, superação técnica e paz por meio da ciência.

No entanto, a esperança não morreu. Em 2022, a Antonov anunciou que havia uma fuselagem secundária, construída parcialmente nos anos 1990 e nunca finalizada. A estrutura corresponde a cerca de 70% do segundo An-225, e desde então, foram iniciadas campanhas para viabilizar sua conclusão.

2025: o renascimento do Mriya está sendo preparado

ados três anos da destruição do avião, a Antonov, agora com apoio de governos europeus e instituições internacionais, iniciou oficialmente a segunda fase de planejamento para reconstrução do An-225. O projeto está sendo chamado de Mriya-2, e deverá incorporar tecnologias modernas, como aviônicos digitais, materiais compostos e motores de nova geração com consumo reduzido.

Em abril de 2025, o governo da Alemanha anunciou um aporte de € 40 milhões para ajudar no projeto, seguido por um acordo técnico com a Airbus para compartilhamento de ferramentas de engenharia. A expectativa é de que o novo An-225 fique pronto entre 2027 e 2028, podendo até receber uma nova denominação.

Caso isso ocorra, o novo avião poderá manter o título de avião mais potente do mundo, mas agora com motores mais eficientes e menor impacto ambiental — algo impensável na década de 1980.

O que torna o An-225 único, mesmo entre os militares

Mesmo aeronaves militares de elite, como o bombardeiro estratégico americano B-1B Lancer ou o supersônico russo Tupolev Tu-160, não chegam perto da combinação de potência e carga do An-225. Esses aviões, embora mais rápidos, são projetados para operar com armamentos e não com toneladas de estruturas metálicas ou geradores industriais.

O Antonov An-225 foi a única aeronave a unir escala, carga e desempenho com segurança comprovada. Operou por mais de 30 anos sem incidentes graves, o que comprova sua confiabilidade mesmo diante de sua complexidade.

Seus seis motores, quando operando juntos, geravam mais de 1.370 kN de empuxo — um número que o colocava à frente de qualquer aeronave civil e de muitas militares. Isso sem contar seu sistema de pouso com 32 rodas, capaz de girar individualmente para facilitar manobras em solo.

Consumo absurdo, mas com propósito claro

O número de 15 litros de querosene por segundo pode parecer fora da realidade — e de fato é. Mas para transportar uma carga de 250 toneladas de forma direta entre continentes, o custo energético se justificava. Em muitos casos, a utilização do An-225 evitava o desmonte e reenvio de peças por navios, que poderiam levar semanas.

A velocidade e a capacidade logística da aeronave compensavam o custo de operação. Mesmo com consumo tão elevado, ele foi economicamente viável, já que seus voos eram altamente especializados e cobrados em valores superiores a US$ 500 mil por trajeto, dependendo da rota e da carga.

Um ícone da engenharia que pode voar novamente

Enquanto os esforços de reconstrução avançam, o Antonov An-225 permanece como um marco técnico e emocional. Seu legado vai além da performance: representa uma era em que o impossível foi superado com cálculo, solda e turbinas.

Em um mundo que busca descarbonizar a aviação e torná-la mais eficiente, o Mriya ainda inspira engenheiros a sonhar grande. Pode ser que nunca mais vejamos um avião tão imenso e ousado, mas sua memória permanece viva — e, quem sabe, em breve, voltando a cruzar os céus com mais potência e menos impacto.

Inscreva-se
Entre com
Notificar de
guest
6 Comentários
Mais antigos
Mais recente Mais votado
s
Visualizar todos comentários
Santiago Jorge Oliver Scheitler
Santiago Jorge Oliver Scheitler
08/05/2025 09:35

A matéria é boa, mas não custava nada ter usado fotos do avião com seus seis motores. Há fotos em qualquer lugar. Acho um desrespeito com o leitor falar de um determinado avião e mostrar fotos de outro

Paulo luiz binda
Paulo luiz binda
08/05/2025 12:26

O avião da foto não e o an 225,0e Sil o an 124 que e quadrijet e tem vários em operação.

carlos
carlos
09/05/2025 08:47

Este avião da foto tem 4 motores e ñ 6.

Fabio Felix de Melo
Fabio Felix de Melo
Em resposta a  carlos
12/05/2025 18:19

Isso é falta de competência em colocar fotos reais do avião.

Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

Compartilhar em aplicativos
1
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x