Projetado para carregar foguetes e cargas impossíveis, o Antonov An-225 Mriya é o avião mais potente da história da aviação e também um dos que mais consomem combustível: cerca de 15 litros por segundo. Com seus seis motores e peso máximo de 640 toneladas, essa aeronave é uma verdadeira usina voadora — e seu legado ainda causa impacto em 2025.
O avião que gastava 15 litros por segundo: Nos anos 1980, em plena Guerra Fria, a União Soviética precisava de uma solução para transportar seu ônibus espacial Buran, além de componentes gigantescos de foguetes e equipamentos militares. A resposta foi a criação de um avião que ultraaria qualquer limite técnico da época. O resultado foi o Antonov An-225 Mriya, projetado pelo Antonov Design Bureau, em Kiev, atual Ucrânia. Baseado no Antonov An-124, mas ainda maior e mais robusto, o An-225 foi projetado para:
- Transportar até 250 toneladas de carga útil, seja interna ou sobre o dorso da fuselagem;
- Operar com segurança pistas de mais de 3.000 metros, com cargas fora de padrão;
- Ser reutilizável em múltiplas missões civis e militares de transporte especial.
Lançado oficialmente em 1988, o Antonov An-225 fez seu primeiro voo com sucesso e, desde então, ou a acumular recordes que nenhum outro avião conseguiu superar.
Nascimento durante a Guerra Fria
O Antonov An-225 foi projetado nos anos 1980 pela Antonov Design Bureau, na então República Socialista Soviética da Ucrânia, parte da URSS. A aeronave foi baseada no modelo anterior Antonov An-124, mas precisava ser ainda mais robusta. Seu objetivo principal era transportar o Buran, o ônibus espacial soviético — uma resposta direta ao programa norte-americano do Space Shuttle.
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Para isso, o An-225 foi estendido em quase 15 metros em relação ao seu antecessor, recebeu uma fuselagem reforçada, trem de pouso com 32 rodas e dois motores extras. No total, foram instalados seis turbofans Progress D-18T, cada um capaz de gerar cerca de 229 kN de empuxo, permitindo o transporte de cargas absurdamente grandes em altitude de cruzeiro.
O primeiro voo do An-225 aconteceu em 21 de dezembro de 1988. Em poucos meses, ele já havia batido diversos recordes mundiais, entre eles o de maior carga útil transportada por uma aeronave — 250 toneladas em um único voo — e maior comprimento total (84 metros). A envergadura de suas asas chegava a 88,4 metros, o equivalente a um campo de futebol e meio.
Dados técnicos: por que ele é o avião mais potente da história
O Antonov An-225 era, até sua destruição, o maior avião de carga do planeta, tanto em dimensões quanto em capacidade de decolagem e volume interno.
Principais especificações técnicas:
Característica | Detalhes |
---|---|
Nome oficial | Antonov An-225 Mriya |
Comprimento | 84 metros |
Envergadura | 88,4 metros |
Altura | 18,1 metros |
Peso máximo de decolagem | 640.000 kg (640 toneladas) |
Motores | 6 x Progress D-18T turbofans |
Empuxo total | 1.377 kN (aproximadamente 140.000 kgf) |
Velocidade de cruzeiro | 850 km/h |
Autonomia (com carga) | ~4.000 km |
Carga útil máxima | 250 toneladas |
Altitude de operação | até 11.000 metros |
O conjunto de seis motores de avião Progress D-18T era essencial para fornecer a tração necessária ao avião mais pesado do mundo. Nenhuma outra aeronave civil ou militar havia recebido essa configuração de fábrica.
Consumo fora da realidade: 15 litros por segundo em operação plena
Um dos fatores mais impressionantes do An-225 era seu consumo de combustível, que ultraava 15 litros por segundo durante fases críticas de voo como decolagem com carga máxima ou subida inicial.
Estimativas detalhadas:
- Consumo em cruzeiro leve: ~12.000 L/h
- Consumo médio em missão com carga: ~45.000 a 54.000 L/h
- Consumo em decolagem: pode ultraar 60.000 litros por hora, dependendo do peso e altitude inicial
Esse nível de consumo o colocava entre os aviões mais exigentes em combustível do mundo, superando inclusive bombardeiros estratégicos supersônicos em regime de voo convencional.
Voar o An-225 exigia mais do que habilidade técnica: demandava combustível em proporções industriais. Durante seus voos com carga total, o avião chegava a consumir aproximadamente 15 litros de combustível por segundo — o que significa 900 litros por minuto ou mais de 50 mil litros por hora.
Esse consumo não é apenas o reflexo do peso total da aeronave, mas da potência descomunal gerada por seus seis motores. O Progress D-18T, embora eficiente para a época, não é comparável às turbinas modernas em termos de consumo por tonelada transportada. Ainda assim, era necessário: o An-225 precisava de força bruta para decolar com cargas que, em muitos casos, exigiriam o trabalho de dois ou mais cargueiros convencionais.
A velocidade de cruzeiro do Mriya era de 850 km/h, com alcance de até 4.000 km carregado. Em missões sem carga, podia chegar a 15 mil quilômetros, mas o custo operacional sempre foi alto. O abastecimento de querosene podia ultraar 300 mil reais por voo internacional — isso em valores anteriores à guerra de 2022.
Comparação: como ele se destaca entre os gigantes dos ares
Para entender o quão especial era o An-225, vale compará-lo com outros monstros da aviação:
Avião | Motores | Carga Máxima | Consumo médio (L/h) | Envergadura |
---|---|---|---|---|
Antonov An-225 Mriya | 6 | 250 t | ~54.000 | 88,4 m |
Boeing 747-8F | 4 | 140 t | ~16.700 | 68,4 m |
Airbus A380 | 4 | 150 t | ~13.000 | 79,8 m |
Lockheed C-5M Galaxy | 4 | 129 t | ~24.000 | 67,9 m |
Tu-160 Blackjack (militar) | 4 | 40 t (armas) | ~30.000 | 55,7 m |
O An-225 não apenas superava os concorrentes em tamanho e capacidade, mas também exigia uma logística especial de abastecimento, com tanques e pistas adaptadas.
A destruição do An-225 e o impacto para a aviação
Em fevereiro de 2022, o mundo foi surpreendido por imagens do hangar destruído no aeroporto de Hostomel, perto de Kiev, na Ucrânia. Em meio ao conflito iniciado com a invasão russa, o único exemplar operacional do An-225 foi bombardeado e ficou completamente inutilizável.
A notícia gerou comoção mundial. A própria ONU lamentou a destruição, e milhares de pilotos, engenheiros e entusiastas expressaram pesar nas redes sociais. O An-225 não era apenas uma peça de engenharia: era um símbolo de cooperação, superação técnica e paz por meio da ciência.
No entanto, a esperança não morreu. Em 2022, a Antonov anunciou que havia uma fuselagem secundária, construída parcialmente nos anos 1990 e nunca finalizada. A estrutura corresponde a cerca de 70% do segundo An-225, e desde então, foram iniciadas campanhas para viabilizar sua conclusão.
2025: o renascimento do Mriya está sendo preparado
ados três anos da destruição do avião, a Antonov, agora com apoio de governos europeus e instituições internacionais, iniciou oficialmente a segunda fase de planejamento para reconstrução do An-225. O projeto está sendo chamado de Mriya-2, e deverá incorporar tecnologias modernas, como aviônicos digitais, materiais compostos e motores de nova geração com consumo reduzido.
Em abril de 2025, o governo da Alemanha anunciou um aporte de € 40 milhões para ajudar no projeto, seguido por um acordo técnico com a Airbus para compartilhamento de ferramentas de engenharia. A expectativa é de que o novo An-225 fique pronto entre 2027 e 2028, podendo até receber uma nova denominação.
Caso isso ocorra, o novo avião poderá manter o título de avião mais potente do mundo, mas agora com motores mais eficientes e menor impacto ambiental — algo impensável na década de 1980.
O que torna o An-225 único, mesmo entre os militares
Mesmo aeronaves militares de elite, como o bombardeiro estratégico americano B-1B Lancer ou o supersônico russo Tupolev Tu-160, não chegam perto da combinação de potência e carga do An-225. Esses aviões, embora mais rápidos, são projetados para operar com armamentos e não com toneladas de estruturas metálicas ou geradores industriais.
O Antonov An-225 foi a única aeronave a unir escala, carga e desempenho com segurança comprovada. Operou por mais de 30 anos sem incidentes graves, o que comprova sua confiabilidade mesmo diante de sua complexidade.
Seus seis motores, quando operando juntos, geravam mais de 1.370 kN de empuxo — um número que o colocava à frente de qualquer aeronave civil e de muitas militares. Isso sem contar seu sistema de pouso com 32 rodas, capaz de girar individualmente para facilitar manobras em solo.
Consumo absurdo, mas com propósito claro
O número de 15 litros de querosene por segundo pode parecer fora da realidade — e de fato é. Mas para transportar uma carga de 250 toneladas de forma direta entre continentes, o custo energético se justificava. Em muitos casos, a utilização do An-225 evitava o desmonte e reenvio de peças por navios, que poderiam levar semanas.
A velocidade e a capacidade logística da aeronave compensavam o custo de operação. Mesmo com consumo tão elevado, ele foi economicamente viável, já que seus voos eram altamente especializados e cobrados em valores superiores a US$ 500 mil por trajeto, dependendo da rota e da carga.
Um ícone da engenharia que pode voar novamente
Enquanto os esforços de reconstrução avançam, o Antonov An-225 permanece como um marco técnico e emocional. Seu legado vai além da performance: representa uma era em que o impossível foi superado com cálculo, solda e turbinas.
Em um mundo que busca descarbonizar a aviação e torná-la mais eficiente, o Mriya ainda inspira engenheiros a sonhar grande. Pode ser que nunca mais vejamos um avião tão imenso e ousado, mas sua memória permanece viva — e, quem sabe, em breve, voltando a cruzar os céus com mais potência e menos impacto.
A matéria é boa, mas não custava nada ter usado fotos do avião com seus seis motores. Há fotos em qualquer lugar. Acho um desrespeito com o leitor falar de um determinado avião e mostrar fotos de outro
O avião da foto não e o an 225,0e Sil o an 124 que e quadrijet e tem vários em operação.
Este avião da foto tem 4 motores e ñ 6.
Isso é falta de competência em colocar fotos reais do avião.