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Conheça o lendário motor sem pistões que desafiou a lógica e venceu as 24 Horas de Le Mans, superando gigantes como Porsche, Ferrari e Mercedes

Escrito por Noel Budeguer
Publicado em 23/05/2025 às 12:08
Atualizado em 28/05/2025 às 16:50
motor - motor rotativo - motor wankel
Você sabia que existe um motor sem pistões que venceu as 24 Horas de Le Mans? Conheça o incrível Wankel

Mais leve, mais compacto e com uma rotação absurda: o motor rotativo que não usa pistões e já foi até banido das pistas por ser bom demais

Se você já ouviu aquele som diferente vindo de um carro antigo da Mazda ou ficou curioso ao ver um motor sem pistões indo pra pista em Le Mans, então você já cruzou com o universo excêntrico e genial dos motores rotativos, também conhecidos como motores Wankel. Esqueça tudo que você conhece sobre motores convencionais, porque esse aqui joga o manual da engenharia pela janela e faz tudo de um jeito próprio.

O que é um motor rotativo Wankel?

Em vez de pistões indo pra cima e pra baixo, o motor Wankel funciona com um rotor em formato de triângulo arredondado que gira dentro de uma câmara oval (ou melhor, epitrocoide, se quiser o nome chique). Esse rotor gira em torno de um eixo excêntrico e cria, durante seu giro, as quatro fases do motor a combustão: issão, compressão, combustão e escape. Tudo isso acontece de forma contínua, suave e sem a pancadaria dos pistões indo e voltando.

Esse design foi inventado pelo engenheiro alemão Felix Wankel nos anos 1950, e parecia prometer o futuro: menos partes móveis, funcionamento suave, peso reduzido e uma pegada compacta ideal pra carros esportivos pequenos. Mas, como nem tudo são flores no mundo dos motores, também vinham junto alguns problemas (a gente vai falar disso já já).

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Ciclo completo de funcionamento de um motor rotativo Wankel. A imagem ilustra as quatro fases principais: 1. issão (entrada da mistura ar-combustível), 2. Compressão (redução do volume da mistura), 3. Ignição (explosão que gera força motriz) e 4. Escape (expulsão dos gases queimados).

Vantagens técnicas do motor rotativo

O Wankel tem umas cartas na manga que fazem qualquer engenheiro ficar de sobrancelha levantada:

  • Alta relação peso-potência: O motor é compacto e leve. Um bloco Wankel pesa muito menos que um motor convencional com a mesma potência.
  • Menos vibração: Como não há peças indo pra frente e pra trás, o motor gira de forma contínua. Isso significa menos vibração e um funcionamento mais suave.
  • Mais rotações por minuto (RPM): Esses motores adoram girar alto. Alguns modelos chegam a 9.000 RPM ou mais, o que contribui pra uma entrega de potência agressiva em carros esportivos.
  • Design compacto: Isso permite que o motor fique em uma posição mais baixa e centralizada, ajudando no equilíbrio do carro.

Mas nem tudo é perfeito…

O Wankel também tem seus pecados — e não são poucos:

  • Consumo de combustível alto: Esses motores bebem como se não houvesse amanhã. A eficiência térmica deles é menor, então a autonomia vai pro saco.
  • Emissões elevadas: O formato da câmara de combustão e o jeito como o rotor gira dificultam uma queima perfeita da mistura ar-combustível, o que gera mais poluentes.
  • Desgaste de vedação: O famoso “apex seal”, que é a pontinha do rotor que mantém a vedação nas câmaras, costuma sofrer bastante. Isso afeta durabilidade e eficiência.
  • Baixo torque em baixas rotações: Apesar de girar alto, a entrega de torque em baixas RPMs costuma ser bem tímida.

Carros que usaram (ou ainda usam) motores rotativos

Se tem uma marca que abraçou o motor Wankel como ninguém, essa marca é a Mazda. Os japoneses se apaixonaram pela ideia e lançaram alguns dos modelos mais icônicos com esse tipo de motor.

  • Mazda Cosmo Sport (1967): Primeiro carro da Mazda com motor rotativo. Um esportivo futurista na época.
  • Mazda RX-7 (1978–2002): Provavelmente o carro mais conhecido com motor Wankel. O RX-7 ou por três gerações e virou lenda entre os gearheads. Especialmente a geração FD, com seu motor 13B-REW twin-turbo, que até hoje é cultuado por fãs de drift e tuning.
  • Mazda RX-8 (2003–2012): Veio com o motor Renesis, que melhorava a emissão de poluentes, mas ainda sofria com o consumo. Foi o último carro de produção em massa com motor rotativo.

E tem mais: em 2023, a Mazda relançou o motor rotativo como extensor de autonomia no MX-30, um carro elétrico. Ele não move as rodas diretamente, mas serve pra gerar energia elétrica quando a bateria está acabando. Um jeito criativo de manter o Wankel vivo em tempos de eletrificação.

Mazda RX-8, último modelo a utilizar os motores rotativos Wankel.

Motores Wankel em competições: Le Mans e outros

A cereja do bolo dessa história foi colocada em 1991, quando a Mazda levou o mundo à loucura com a vitória das 24 Horas de Le Mans com o Mazda 787B, um protótipo movido por um motor rotativo quadrirotor 26B com cerca de 700 cavalos de potência. Era leve, potente e cantava alto com seu som inconfundível, quase como um grito de banshee metálico.

Foi a primeira (e única) vez que um carro com motor rotativo venceu Le Mans, e também a primeira vitória de uma marca japonesa na prova. Depois disso, a FIA mudou as regras e baniu os motores rotativos da competição. Coincidência? Talvez não…

Além de Le Mans, o RX-7 brilhou nas pistas do IMSA, Grupo B e Touring Car, sempre se destacando por sua leveza e agilidade, apesar de não ser o rei da confiabilidade.

Mazda 787B

O futuro do motor rotativo

Muita gente achava que o Wankel já tinha sido enterrado, mas a Mazda ainda tem fé. A empresa continua registrando patentes e desenvolvendo versões do motor pra funcionar com hidrogênio, híbridos e como geradores para carros elétricos.

Além disso, existem startups e empresas menores apostando em drones, motos e aviões ultraleves com motor rotativo, por causa da sua relação peso-potência e do tamanho reduzido.

Curiosidades rápidas

  • O motor rotativo mais famoso é o 13B, mas existiram outras versões como o 12A, 20B (trirrotor) e até o lendário 26B quadrirotor, usado no 787B.
  • Alguns motos da Suzuki e até aviões pequenos já usaram motores Wankel.
  • O som de um motor rotativo é único: agudo, contínuo, sem a batida rítmica dos pistões. Quem ouviu um RX-7 acelerando nunca esquece.
YouTube Video

O motor rotativo Wankel é como aquele artista excêntrico que nunca fez sucesso no mainstream, mas tem uma base fiel de fãs apaixonados. Ele quebra todas as regras, tem seus defeitos, mas também oferece uma experiência de pilotagem única, com leveza, alto giro e uma alma rebelde que não se encontra nos motores tradicionais.

Ainda que tenha sido deixado de lado na indústria automotiva de massa, o Wankel segue vivo — seja no coração dos entusiastas ou reinventado como parte de um sistema elétrico. No fim das contas, ele não foi esquecido. Só está esperando o momento certo pra dar o troco e mostrar que ainda tem gasolina (ou eletricidade) pra queimar.

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Noel Budeguer

Sou jornalista argentino, actualmente radicado en Río de Janeiro, Brasil, con trayectoria enfocada en la cobertura de temas militares, defensa, ciencia, tecnología, energía y geopolítica. Mi objetivo es traducir información técnica y compleja en contenidos accesibles y relevantes para un público amplio, siempre manteniendo el rigor periodístico. Sou apaixonado por explorar como a tecnologia y defensa impactam a sociedade eo desenvolvimento econômico. https://muckrack.com/noel-budeguer?

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