Quer viajar em um trem que embarca dentro de um navio para cruzar o mar? Conheça o trajeto entre o continente italiano e a ilha da Sicília que tem se tornado uma verdadeira atração para ageiros.
Uma experiência de transporte única e inusitada vem chamando a atenção de turistas que viajam pelo sul da Itália. Trata-se do trem que embarca dentro de um navio para cruzar o mar, mais especificamente o Estreito de Messina, entre o continente e a ilha da Sicília. A travessia integra o trajeto de trens de longa distância que partem de grandes centros urbanos italianos, como Milão, e têm como destino cidades da região insular.
O que parece roteiro de ficção é, na verdade, parte do dia a dia do transporte ferroviário italiano. Durante o trajeto, o trem é desmontado e levado para dentro de um navio, que realiza a travessia de cerca de 3 quilômetros de mar, ligando a cidade de Villa San Giovanni a Messina.
Como funciona o trem que embarca dentro de um navio
O processo de embarque começa com a parada do trem na estação de Villa San Giovanni, a última no continente. A composição, com cerca de 14 vagões e capacidade para até 400 ageiros, é dividida em partes menores para poder ser acomodada no navio. O trabalho de encaixar os vagões nos trilhos internos da embarcação exige precisão e coordenação.
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Giuseppe, um funcionário com mais de 20 anos de experiência nessa operação, explica que o trem que embarca dentro de um navio pode ser dividido em até quatro seções, dependendo do comprimento da composição. Os vagões são encaixados de ré no navio, que possui trilhos internos adaptados para receber as seções.
O transporte marítimo dura cerca de 30 minutos. Durante a travessia, os ageiros podem deixar seus vagões, subir até o convés e apreciar a vista do Mar Mediterrâneo. Ao chegar ao porto de Messina, na Sicília, os vagões são novamente posicionados nos trilhos terrestres e reconectados, permitindo que o trem siga viagem.
Segurança e estrutura da travessia no Estreito de Messina
Mesmo com o peso adicional de até 300 toneladas por composição ferroviária, o navio é projetado para operar com estabilidade. Segundo Rosário, um dos supervisores da travessia, a embarcação é equipada com sistemas de contrapeso e ganchos que garantem a fixação segura dos vagões.
O Estreito de Messina é conhecido por seus ventos fortes e condições geológicas desafiadoras, como a presença de uma falha tectônica ativa. Apesar de vários projetos de ponte terem sido apresentados ao longo das décadas, o sistema de trem que embarca dentro de um navio para cruzar o mar permanece como a solução mais viável até o momento.
Como o trem que embarca dentro de um navio transformou a experiência turística
Além da funcionalidade como meio de transporte, a travessia se tornou um atrativo turístico. ageiros relatam a sensação de estar em uma espécie de “caverna mágica”, ao ver o trem sendo carregado dentro de um navio. O visual do mar, a aproximação da ilha e a vista do vulcão Etna tornam a experiência ainda mais memorável.
A professora italiana Pina descreve a sensação como algo único. “Entrar com o trem no navio é como entrar numa caverna mágica que nos leva para a próxima parada”, afirmou durante a reportagem.
O destino final da viagem é Taormina, uma das cidades mais charmosas da Sicília, conhecida por suas ruas estreitas, gastronomia refinada e vista privilegiada para o mar e o vulcão.
Tecnologia e integração ferroviária
A operação diária envolve até 17 trens que embarcam dentro de um navio para cruzar o estreito, número que pode chegar a 20 durante o verão europeu. A integração entre os sistemas ferroviário e marítimo demonstra a eficiência da infraestrutura italiana, que oferece aos ageiros uma solução contínua de transporte, mesmo diante de barreiras naturais.
Enquanto no Brasil ainda se discute a ampliação da malha ferroviária e a integração de modais, a Itália mostra como a inovação e a adaptação geográfica podem resultar em soluções eficientes e surpreendentes, como o trem que embarca dentro de um navio para cruzar o mar.
Fonte: Domingo Espetacular