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Construção civil sofre com escassez de mão de obra e tem cidade onde quem procura vaga no setor sai empregado em menos de 24 horas

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 27/08/2024 às 00:05
Construção civil sofre com escassez de mão de obra e tem cidade onde quem procura vaga no setor sai empregado em menos de 24 horas
Construção civil sofre com escassez de mão de obra e tem cidade onde quem procura vaga no setor sai empregado em menos de 24 horas

Quem diria que em meio ao crescimento acelerado do setor de construção civil, uma cidade brasileira veria uma corrida frenética por mão de obra qualificada, ao ponto de trabalhadores serem contratados em menos de 24 horas?

Esse cenário, que mais parece uma história de oportunidade sem igual, é realidade em o Fundo, uma cidade do Rio Grande do Sul onde, se você estiver qualificado, emprego não falta. Mas por que essa escassez de profissionais se tornou tão aguda? E como isso impacta o futuro das obras na cidade e no Brasil?

De acordo com dados recentes, em o Fundo, um trabalhador qualificado da construção civil pode encontrar emprego em menos de um dia.

Segundo Julia Possa, jornalista do GZH o Fundo, o Sindicato das Indústrias e Construção de Mobiliário de o Fundo (Sinduscon) confirma que a demanda por profissionais qualificados é tão alta que, em média, leva-se menos de 24 horas para que alguém consiga uma vaga.

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O caso de Valderi Gonçalves: de pedreiro desempregado a disputado

Valderi Gonçalves, de 48 anos, é o exemplo vivo desse fenômeno. Após ar 30 anos como pedreiro, ele chegou a o Fundo em 2023, vindo de outra área de atuação, e decidiu retornar à construção civil.

Desempregado, Valderi decidiu se promover de uma maneira inusitada: espalhou cartazes nas paradas de ônibus da cidade pedindo trabalho. A resposta foi rápida e contundente. Menos de 48 horas após colar os cartazes, ele já estava recebendo propostas de emprego.

— Recebi ofertas para trabalhar por diária e até propostas de contratação em empresas — contou Valderi, que foi surpreendido pela velocidade com que as oportunidades surgiram.

O caso de Valderi não é isolado. Em uma cidade onde 98 empreendimentos estão em construção simultaneamente, a procura por mão de obra é constante, e trabalhadores como Valderi são disputados pelas empresas.

Segundo Cristiano Basso, presidente do Sinduscon de o Fundo, “a demanda por profissionais qualificados é tão grande que qualquer pessoa com experiência pode garantir um emprego em menos de 24 horas. E para quem está começando, também há muitas oportunidades com possibilidade de qualificação.”

Informalidade e o crescimento dos MEIs: a outra face da moeda

Por outro lado, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) indica uma realidade paradoxal. Apesar do mercado aquecido, o Fundo registrou o fechamento de 29 vagas formais até julho de 2024, e no ano anterior, foram 151 postos de trabalho a menos. Como isso é possível?

A explicação, segundo especialistas do setor, está no crescimento da informalidade e no aumento do número de Microempreendedores Individuais (MEIs).

Conforme relatado por Pablo Frediani Lima, sócio proprietário da construtora MML, muitos profissionais estão optando por atuar como autônomos, especialmente em funções como auxiliares e serventes.

“Há uma grande parcela de trabalhadores que prefere atuar por conta própria, com pagamento por metro quadrado. Isso reflete a dificuldade em encontrar mão de obra qualificada para trabalhos formais.”

Dados da Receita Federal corroboram essa análise: dos 2.763 CNPJs ativos em o Fundo, quase 80% correspondem a MEIs, que prestam serviços especializados em construção. Este é o caso de Valderi, que, após espalhar seus cartazes, viu uma oportunidade de se estabelecer como MEI, firmando parcerias com engenheiros e construtoras locais.

O impacto da crise de mão de obra no setor da construção civil

A crise de mão de obra qualificada não é exclusividade de o Fundo. Recentemente, o portal G abordou a crise oculta da construção civil no Brasil, destacando como a escassez de trabalhadores qualificados ameaça o futuro das obras no país, apesar dos recordes de vendas no setor.

Com um mercado que não para de crescer, a falta de profissionais preparados pode se tornar um gargalo significativo, comprometendo a continuidade de projetos e o crescimento sustentável.

No entanto, em cidades como o Fundo, essa crise gera oportunidades imediatas para quem possui as qualificações certas, transformando o cenário local em um verdadeiro “oásis de empregos” para trabalhadores da construção civil.

O futuro da construção civil: oportunidade ou desafio?

A construção civil brasileira vive um momento contraditório. Enquanto bate recordes de vendas e expansão, enfrenta uma escassez de mão de obra qualificada que pode limitar o crescimento e a execução de novos projetos. A situação em o Fundo, com sua alta demanda e rápida contratação, ilustra tanto as oportunidades quanto os desafios que o setor enfrenta.

Como a construção civil no Brasil vai lidar com essa escassez crescente? A informalidade e o crescimento dos MEIs são soluções viáveis ou apenas paliativos que mascaram problemas mais profundos? E, para você, leitor, acredita que a construção civil conseguirá superar essa crise de mão de obra qualificada, ou estamos apenas no início de um problema que pode comprometer o futuro do setor?

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Reinaldo
Reinaldo
27/08/2024 08:38

Não falta mão de obra, o problema é a desvalorização dos salário. Profissional não aceita ganhar 2.300,00, é um serviço especializado.
Diante dos baixos salários, é melhor trabalhar em outro setor.
Balconista, vendedor, motorista, ambulante ganha mais que um pedreiro, um armador, um carpinteiro.
Fica difícil achar quem aceite ser escravo de empresários.

Leandro
Leandro
Em resposta a  Reinaldo
27/08/2024 12:12

As empreiteiras cobram uma fortuna pela obra , mas pra quem constrói, quem realmente faz é uma miséria

Emerson Cordeiro
Emerson Cordeiro
Em resposta a  Reinaldo
27/08/2024 14:58

O baixo salário é a questão de migrarem para outras profissões. O profissional da construção civil está muito desvalorizado

Evaldo
Evaldo
Em resposta a  Reinaldo
28/08/2024 20:01

Não sei onde vc está vendo isso pois pedreiro hoje tá ganhando mais que engenheiro. 300 por dia . Se trabalhar os 30 dias do mês da 9k facil

Ailton Geraldo
Ailton Geraldo
27/08/2024 12:34

Esse problema de falta de mão de obra vai piorar ainda mais porque os jovens de hoje não querem trabalhar nessa.

Flávio
Flávio
Em resposta a  Ailton Geraldo
27/08/2024 16:29

Se fosse só nesse caso seria um caso isolado, mas esse caos não é só no ramo de construção não,isso ta em vários setores,em vários empreendimentos.
Quando é que os órgãos competentes vão abrir os olhos para essa situação,
Quando é que o povo em geral vão enxergar o que está acontecendo,
só quem é empreendedor sabe como está difícil prosseguir…
😔

Val buena
Val buena
27/08/2024 17:28

Fui numa entrevista de emprego de uma construtora para trabalhar de servente em um edificio,só um salário de 1420,00 sem nenhum outro beneficio,e ainda me disse se não quiser tem quem quer!
Virei as costas dizendo que a escravidão acabou em 13 de maio 1888 !!!!!

Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, agens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: [email protected]. Não aceitamos currículos!

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