Pesquisadores estão observando um efeito colateral inesperado da elevação dos níveis de CO2 na atmosfera: embora culturas como trigo e arroz estejam crescendo mais rapidamente, esses alimentos estão apresentando menor teor nutricional. A mudança pode impactar bilhões de pessoas que dependem desses grãos como base da alimentação
O aumento dos níveis de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera está modificando o modo como as plantas crescem. Esse processo traz benefícios e desafios para a agricultura. De um lado, o dióxido de carbono favorece a fotossíntese e melhora o uso da água em algumas culturas. De outro, reduz a qualidade nutricional dos alimentos.
As plantas do tipo C3, como trigo, arroz e vários vegetais, são especialmente afetadas. Em ambientes com muito CO2, elas crescem mais rápido e usam a água de forma mais eficiente. Isso pode ser útil em regiões com seca frequente. Mas essa vantagem tem um preço. O conteúdo de proteínas, vitaminas e minerais essenciais nessas plantas diminui.
Menos proteína, mais risco à saúde
Estudos revelaram que o trigo cultivado em ambientes com mais CO2 tem 7,4% menos proteína. Essa perda afeta diretamente a qualidade da alimentação. Menos proteína significa dietas com mais carboidratos, o que pode piorar casos de desnutrição e doenças como o diabetes.
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Outros nutrientes também são prejudicados. Zinco, ferro e cobre, importantes para a imunidade e o desenvolvimento do cérebro, aparecem em menor quantidade nas culturas expostas ao excesso de CO2. Esse efeito agrava deficiências nutricionais, principalmente em regiões vulneráveis.
O CO2 em excesso muda o funcionamento de enzimas nas plantas. Isso interfere na absorção de minerais, o que dificulta a eficácia da biofortificação. Essa técnica, usada para enriquecer alimentos com nutrientes, perde força em ambientes alterados pelo carbono.
Aumento do CO2: soluções no campo e na ciência
Para enfrentar esse desafio, especialistas sugerem várias soluções. Uma das estratégias é desenvolver plantas mais resistentes. A seleção genética pode ajudar a identificar variedades que mantêm o valor nutricional mesmo com altos níveis de CO2.
Outra proposta é aumentar o consumo de leguminosas, como feijões e lentilhas. Esses alimentos têm a vantagem de fixar nitrogênio naturalmente e são menos afetados pela redução de proteínas. Além disso, são fontes íveis e ricas em nutrientes.
O reflorestamento também entra na lista de ações. Plantar árvores e arbustos que fixam nitrogênio no solo pode melhorar a fertilidade e reduzir a necessidade de fertilizantes artificiais. Isso contribui para uma agricultura mais sustentável e equilibrada.
Ferramentas modernas, como inteligência artificial e genômica, também são aliadas. Elas permitem analisar dados em larga escala e ajudam a escolher culturas com melhor absorção de minerais. Assim, é possível adaptar as plantações às mudanças no clima.
Diversificar para resistir e equilibrar
Outra abordagem importante é a diversificação agrícola. Ao combinar diferentes tipos de plantas, incluindo árvores e arbustos com boa absorção de carbono, é possível equilibrar a produção. Essa prática torna os sistemas agrícolas mais resistentes e reduz os impactos negativos do CO2.
Em áreas áridas, por exemplo, a introdução de espécies adaptadas a climas extremos já mostrou resultados positivos. Essas plantas ajudam a manter a estrutura do solo, evitando a desertificação e criando melhores condições para o cultivo.
O excesso de CO2, portanto, não afeta somente o clima. Ele influencia diretamente a segurança alimentar e a saúde global. É um problema complexo, que exige ações coordenadas entre governos, pesquisadores e agricultores.
A saída está em soluções integradas. A combinação de genética, manejo do solo, reflorestamento e novas tecnologias pode garantir alimentos mais nutritivos no futuro. Além disso, mudar os hábitos alimentares pode ajudar. Dietas diversificadas e com mais vegetais reduzem o impacto ambiental e oferecem melhor nutrição.
A resposta a esse desafio exige ação conjunta e investimentos em ciência. O equilíbrio entre crescimento das plantas e qualidade dos alimentos é essencial para enfrentar os efeitos do dióxido de carbono e garantir um futuro alimentar mais seguro.
Com informações de Eco Inventos.