Escassez de mão de obra qualificada na construção civil é desafio global com impacto no Brasil, exigindo capacitação, automação e letramento digital.
A escassez de mão de obra qualificada assola diversos setores ao redor do mundo, sendo o ramo da construção civil um dos mais afetados. No Brasil, essa situação não é diferente. A carência de trabalhadores habilitados compromete o progresso do setor, trazendo desafios significativos às empresas. Nas últimas duas décadas, a expansão urbana exigiu mais especialistas, mas a oferta não acompanhou essa demanda crescente. Com o avanço da tecnologia, os profissionais precisam constantemente atualizar suas habilidades para se manterem competitivos, contudo, a oferta destes cursos nem sempre está disponível.
Recentemente, um estudo realizado em 2022 pela Universidade de São Paulo apontou que a falta de trabalhadores qualificados se tornou um problema ainda mais crítico. Empreiteiras têm relatado muita dificuldade em encontrar pessoal capacitado, o que acaba elevando os custos e atrasando os projetos. A pesquisa destaca também que aproximadamente 60% das empresas do setor enfrentam baixa expertise em suas equipes, sublinhando a urgência de programas de capacitação e treinamento. A consultoria McKinsey & Company sugeriu em 2021 que a automação pode ser uma solução paliativa, mas que o investimento em educação é fundamental.
Impacto na Economia e Medidas de Contorno
Essa escassez de mão de obra afeta diretamente a economia nacional, reduzindo a eficiência e a competitividade das empresas brasileiras em mercados internacionais. Desde 2018, houve um aumento crescente na busca por soluções inovadoras que possam minimizar esse impacto. Contratar mão de obra estrangeira foi uma alternativa adotada por alguns países, mas não existem dados concretos indicando que essa prática tenha sido adotada de início no Brasil. Com a reforma trabalhista de 2017, esperava-se uma flexibilização, que ainda não resultou nas melhorias esperadas.
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Nesse cenário, especialistas indicam que é necessário um esforço conjunto entre setor público e privado. Incentivar parcerias com instituições educacionais pode elevar os níveis de especialização. O governo anunciou em 2020 uma nova política voltada para a educação técnica, que poderá ser um o significativo rumo à solução. Parafraseando a análise da Fundação Getúlio Vargas em 2023, o futuro do mercado de trabalho depende da nossa capacidade de adaptação e inovação.
Com esses desafios, o setor precisa ser reinventado. A capacitação contínua deve ser a nova norma para profissionais da área, considerando que a evolução tecnológica não dá sinais de parar. Uma abordagem proativa garantirá que a força de trabalho esteja não apenas disponível, mas também bem equipada para enfrentar as demandas dinâmicas do setor.
Desafios da Escassez de Mão de Obra
Os indícios desse desequilíbrio tornam-se evidentes por múltiplas perspectivas, e muitos especialistas já levantam preocupações sobre o risco iminente de um ‘apagão de mão de obra’ no setor. Os sinais são claros: desde o aumento dos custos salariais e atrasos constantes em projetos, até uma competição intensa por trabalhadores qualificados. Para ilustrar este cenário, a ‘Sondagem da Construção’ realizada pela FGV Ibre, que foi divulgada em junho de 2024, indicou que 71,2% das empresas do setor enfrentaram dificuldades na contratação de trabalhadores qualificados ao longo dos 12 meses que antecederam a pesquisa, com 39% das empresas relatando ter enfrentado muita dificuldade nesse processo.
A Crise da Falta de Profissionais Especializados
Esse fenômeno, entretanto, não é uma peculiaridade restrita ao Brasil. Um estudo recente desenvolvido pela McKinsey apontou que a tendência de escassez de mão de obra é uma realidade palpável em muitos países desenvolvidos. Isso ocorre devido a uma crise demográfica que também impacta o setor da construção. Nesse ambiente de baixa expertise, o custo para contratar profissionais qualificados subiu substancialmente. De acordo com o Sinapi (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil), nos últimos dez anos o custo da mão de obra na construção civil no Brasil cresceu 69%. E, pelo que se percebe, esse problema não parece ser transitório.
Capacitação e Letramento Digital
A formação de novos profissionais não acompanha o ritmo de expansão do setor, transformando o recrutamento de mão de obra qualificada em um verdadeiro desafio para construtoras e empreendimentos de diversos portes. Com os avanços tecnológicos, soma-se uma nova camada de complexidade a essa equação. Novas ferramentas e métodos de construção exigem profissionais com formações específicas e um novo conjunto de habilidades, o que destaca a necessidade de investir em letramento digital por parte das empresas. Desde a Modelagem de Informação na Construção (BIM) até o uso extenso de soluções informatizadas nos canteiros, todo esse novo cenário demanda mudanças disruptivas no mercado de trabalho. A oferta de treinamentos técnicos, infelizmente, ainda permanece limitada no curto prazo.
Transformações na Construção Civil
Felizmente, algumas alternativas começam a se destacar. Algumas construtoras estão investindo intensivamente na capacitação massiva de suas equipes internas, enquanto outras estão apostando na automação de processos para cortar custos em certas etapas das obras. Surgindo como uma tendência forte, a terceirização se coloca como uma alternativa, através de parcerias que possibilitam o o a mão de obra especializada para diferentes tipos de empreendimentos, sejam eles residenciais, comerciais ou industriais, com várias camadas de especialização, desde equipes operacionais até engenheiros e supervisores competentes.
Oportunidades em Meio à Escassez
Este movimento espelha claramente uma transformação na construção civil, em busca de um modelo mais eficiente, sustentável e previsível financeiramente. Muitas empresas optam por terceirizar especializações, alcançando maior estabilidade operacional em tempos de transformações estruturais. Assim, a escassez de mão de obra qualificada, que anteriormente parecia ser apenas uma barreira, agora impulsiona mudanças que têm o potencial de redefinir a competitividade da construção civil nos anos que virão.
Fonte: LEONARDO DAHLEM