Nova pesquisa revela que navio encontrado no fundo do mar é bem mais recente, datando do final do século XV
Pesquisadores fizeram uma descoberta fascinante no fundo do mar, onde um naufrágio que se acreditava ser da era viking na verdade pertence a um período muito mais recente da história da construção naval.
Por quase 200 anos, arqueólogos e historiadores acreditaram que um conjunto de navios naufragados em Landfjärden, no sul de Estocolmo, na Suécia, pertencia à famosa frota nórdica, datando de mais de mil anos. No entanto, novas pesquisas desafiaram essa crença.
O Museu de Naufrágios de Vrak anunciou que um dos destroços, conhecido como Wreck 5, é, na verdade, o navio carvel mais antigo encontrado na região nórdica.
-
Como seria o mundo se Hitler tivesse vencido a guerra — o nazismo chegou ao fim em 1945, mas a história poderia ter sido diferente
-
O poço de petróleo que perfura quase 8 km no fundo do mar e equivale à altura de cinco Burj Khalifa: Monai, a estrutura mais profunda já feita para extrair petróleo no Brasil
-
Como esse vendedor de jornais em 1945 criou o maior império de investimentos do planeta com uma fortuna pessoal de quase R$ 1 trilhão
-
R$ 15 bilhões, 13 mil empregos e uma viagem de 90 minutos: o projeto que pode mudar o transporte em SP para sempre
Construído entre 1460 e 1480, essa descoberta é significativa para a história da construção naval na Escandinávia.
Um naufrágio medieval que altera a percepção da construção naval
O Wreck 5 tem aproximadamente 35 metros de comprimento e 10 metros de largura, e sua técnica de construção é o que realmente surpreende os especialistas.
Ao contrário do tradicional estilo de construção viking, conhecido como “clinker”, onde as tábuas de madeira são sobrepostas, este navio foi fabricado utilizando o método carvel, que consiste em colocar as tábuas de ponta a ponta, resultando em um casco liso.
Håkan Altrock, curador do museu e diretor do projeto, destacou a importância dessa descoberta: “Este navio representa um elo fascinante entre a construção naval medieval e moderna. Ele tem o potencial de nos fornecer novas percepções sobre um período crucial da história marítima sueca.”
A confusão histórica sobre o navio viking
O equívoco em relação à origem do Wreck 5 decorre de seu formato e da falta de tecnologias de datagem precisas no século XIX. Os cinco naufrágios descobertos em Landfjärden foram considerados da era viking desde a sua descoberta, há mais de dois séculos.
Somente no ano ado, os arqueólogos do Museu de Naufrágios de Vrak conseguiram datar com precisão três dos maiores naufrágios, revelando que pertencem aos séculos XVII e XVIII.
A análise dendrocronológica da madeira do Wreck 5 confirmou sua idade e foi realizada em colaboração com especialistas da Universidade de Lund.
Os resultados indicaram que a madeira utilizada na construção do navio era proveniente de Möre, na região de Kalmar, ou do leste de Blekinge, no sul da Suécia, corroborando os registros históricos da época.
Essa técnica de datagem é fundamental, pois permite uma avaliação mais precisa da idade dos materiais utilizados, oferecendo uma nova perspectiva sobre o contexto histórico em que o navio foi construído.
Inovações tecnológicas na pesquisa do naufrágio
Para estudar a estrutura do Wreck 5 sem perturbar o local do naufrágio, o Museu de Naufrágios utilizou técnicas avançadas de fotogrametria para criar um modelo digital em 3D.
Essa tecnologia permite que os pesquisadores analisem a construção do navio de maneira mais detalhada.
Você pode visualizar o modelo 3D clicando aqui.
Além disso, a fotogrametria tem se tornado uma ferramenta valiosa na arqueologia subaquática, pois possibilita a documentação precisa de estruturas submersas sem a necessidade de escavações invasivas.
Isso é particularmente importante em locais delicados, onde a preservação dos artefatos é uma prioridade.
Os arqueólogos planejam solicitar financiamento externo para realizar uma escavação mais aprofundada do navio.
O objetivo é compreender melhor como se deu a transição entre as embarcações medievais e modernas, um processo crucial na evolução da navegação no norte da Europa.
Um olhar mais amplo sobre a construção naval
A descoberta do Wreck 5 não se limita apenas a um único navio; ela também lança luz sobre a evolução da construção naval na Escandinávia.
O método carvel, que se originou na região do Mediterrâneo, permitiu a fabricação de embarcações maiores e mais robustas, que eram melhores para ar os canhões, tornando-se uma inovação significativa durante o século XV.
Essa técnica não só melhorou a capacidade de carga dos navios, mas também transformou a maneira como os países nórdicos se preparavam para a guerra naval.
Além disso, a transição do método clinker para o carvel reflete mudanças nas necessidades econômicas e militares da época.
Durante o século XV, a Europa estava ando por significativas transformações sociais e políticas, incluindo o aumento do comércio marítimo e a necessidade de proteção contra invasões.
Isso levou à necessidade de navios mais eficientes e fortificados, que poderiam ser utilizados tanto para comércio quanto para conflitos.
Um olhar renovado sobre a história naval
A descoberta do Wreck 5 não apenas desafia as teorias existentes sobre navios vikings, mas também enriquece nosso entendimento sobre as inovações na construção naval ao longo da história.
A importância desta descoberta se estende além do naufrágio em si, pois abre portas para novas pesquisas e uma melhor compreensão do ado marítimo da Escandinávia.
Essa nova perspectiva sobre os métodos de construção de navios promete iluminar o desenvolvimento tecnológico que moldou a navegação na região por séculos.
Por fim, a pesquisa contínua sobre o Wreck 5 poderá revelar mais detalhes sobre a vida marítima da época, as rotas comerciais utilizadas e a interação entre diferentes culturas nórdicas e do Mediterrâneo.
O que antes era considerado um mero naufrágio pode se tornar uma janela para um ado rico e complexo, moldando nossas percepções sobre a história marítima e os legados deixados por aqueles que navegaram as águas do norte da Europa.
FONTE: IGN