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Descoberta surpreendente: cientistas reativam microalgas de 7 mil anos no Mar Báltico e abrem portas para pesquisas sobre vida antiga

Escrito por Débora Araújo
Publicado em 05/04/2025 às 13:01
Cientistas reativam microalgas de 7 mil anos no Mar Báltico em estudo que desafia a ciência
Imagem gerada por inteligência artificial

Pesquisa internacional revela como organismos adormecidos há milênios voltam à vida e ajudam a compreender a evolução marinha e os efeitos das mudanças climáticas.

Uma equipe internacional de cientistas conseguiu reativar microalgas que estavam em estado de dormência há quase sete mil anos no fundo do mar Báltico. A pesquisa, considerada inédita, foi publicada recentemente na revista The ISME Journal e abre novas possibilidades para entender a evolução dos ecossistemas marinhos e a resposta biológica às mudanças climáticas ao longo dos milênios.

Esses organismos adormecidos estavam preservados em camadas profundas de sedimentos marinhos, em condições sem luz e sem oxigênio. A partir de técnicas avançadas de isolamento e cultivo, os pesquisadores conseguiram “acordar” essas células, que rapidamente retomaram funções vitais como a fotossíntese e o crescimento celular.

Microalgas preservadas por quase 7.000 anos

O estudo foi liderado pelo Instituto Leibniz e contou com pesquisadores de diferentes países. Eles coletaram amostras dos sedimentos do mar Báltico e identificaram cepas da espécie Skeletonema marinoi, um tipo de diatomácea muito comum em ambientes marinhos. Esses organismos adormecidos estavam em uma forma especializada de sobrevivência, com estruturas celulares espessas e reservas internas de energia.

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A grande surpresa veio com a reativação bem-sucedida das microalgas, que não apenas voltaram à vida, mas também apresentaram níveis de atividade comparáveis às suas descendentes modernas. Os cientistas observaram que mesmo após milênios sem atividade metabólica, as células mantinham sua capacidade de realizar fotossíntese e produzir oxigênio.

Ecologia de ressurreição: nova ferramenta para estudar o ado

Essa abordagem inovadora foi chamada pelos pesquisadores de “ecologia de ressurreição”. Ao contrário de análises baseadas apenas em fósseis ou registros indiretos, esse método permite o estudo direto de organismos adormecidos recuperados de ambientes naturais. Os sedimentos marinhos funcionam, nesse contexto, como verdadeiras cápsulas do tempo, preservando informações biológicas e ambientais do ado distante.

Com as microalgas reativadas, os pesquisadores puderam realizar análises genéticas e comparar as populações antigas com as atuais. Os resultados indicam que houve uma adaptação gradual ao longo do tempo, revelando pistas importantes sobre a evolução do fitoplâncton marinho e sua resposta a mudanças climáticas e ecológicas.

Implicações para o estudo das mudanças climáticas

A pesquisa vai além da simples curiosidade científica. Ao comparar as características genéticas e funcionais de microalgas separadas por milhares de anos, os cientistas esperam entender como o fitoplâncton responde a variações de temperatura, salinidade e nutrientes no oceano. Essas informações são cruciais para prever os impactos do aquecimento global sobre os ecossistemas marinhos no futuro.

Os pesquisadores planejam agora simular diferentes cenários ambientais em laboratório para observar como essas antigas cepas de organismos adormecidos reagem às mudanças. Isso pode ajudar a identificar genes ou mecanismos que conferem maior resistência a condições extremas, contribuindo para estratégias de conservação e manejo de recursos marinhos.

Dormência: uma estratégia de sobrevivência eficiente

A capacidade dessas microalgas de permanecerem vivas por milhares de anos se deve a um estado fisiológico chamado dormência. Diferente da hibernação ou da esporulação, a dormência em algas envolve a formação de células especializadas, com paredes espessas e mecanismos bioquímicos que protegem a integridade celular por longos períodos.

Durante o inverno, por exemplo, muitas espécies de microalgas entram nesse estado para sobreviver ao frio e à baixa luminosidade, afundando nos sedimentos até que as condições voltem a ser favoráveis. Em situações extremas, como demonstrado no estudo do mar Báltico, esse estado pode durar milênios.

O processo de “despertar” dessas células envolve a retomada da atividade metabólica, incluindo divisão celular e fotossíntese. A reativação observada pelos cientistas indica que esses organismos adormecidos preservam mecanismos de reparo e proteção mesmo após milhares de anos.

Uma nova fronteira para a biologia e a ecologia

Além de revelar a capacidade de sobrevivência a longo prazo, o estudo também mostra como os sedimentos marinhos podem ser utilizados como arquivos naturais da vida na Terra. As informações genéticas preservadas nesses organismos adormecidos fornecem uma linha do tempo detalhada sobre como as espécies se adaptaram ao ambiente ao longo dos séculos.

Para os cientistas, essa é uma oportunidade única de estudar a biologia da longevidade, entender os limites da vida e desenvolver modelos preditivos mais precisos para a evolução dos ecossistemas marinhos. A continuidade do projeto prevê novas escavações e análises de diferentes regiões oceânicas.

Fonte: Techno-Science

Débora Araújo

Escrevo sobre energias renováveis, automóveis, ciência e tecnologia, indústria e as principais tendências do mercado de trabalho. Com um olhar atento às evoluções globais e atualizações diárias, dedico-me a compartilhar sempre informações relevantes.

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