Dinamarca testa navegação remota inédita com navios guiados por pilotos em terra, usando dados em tempo real para substituir embarques físicos e reduzir emissões.
Pela primeira vez, navios estão sendo guiados à distância por especialistas em terra. A novidade vem da Dinamarca, que lançou um programa pioneiro de pilotagem remota, aprovado pela Agência Dinamarquesa de Gerenciamento de Emergências.
O sistema substitui a presença física do piloto a bordo por uma orientação em tempo real, feita de um centro de controle em terra.
O projeto é conduzido pela DanPilot em parceria com a empresa de tecnologia Danelec.
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A proposta promete transformar as operações marítimas e abrir caminho para modelos mais seguros, sustentáveis e econômicos.
Sistema guiado da costa
A pilotagem remota funciona sem que o piloto suba no navio. Em vez disso, ele permanece em terra, recebendo dados ao vivo do sistema de navegação da embarcação.
A partir dessas informações, ele fornece as orientações necessárias para que a tripulação siga o trajeto com segurança.
O sistema coleta e transmite dados como direção, velocidade, curso e localização. Tudo é enviado em tempo real para o centro de comando, localizado na cidade dinamarquesa de Randers.
A iniciativa representa um novo modelo de navegação para áreas costeiras difíceis ou com tráfego intenso, como o Kattegat e o Mar Báltico ocidental, onde ocorrerão os testes.
Como será o teste
A Dinamarca autorizou 50 operações de pilotagem com esse novo sistema, que devem ocorrer ao longo de 18 meses.
Só poderão participar embarcações com calado inferior a 13 metros e que não sejam obrigadas a usar praticagem tradicional.
Os navios também devem atender a critérios técnicos rígidos. Isso é necessário para garantir que a transmissão de dados funcione com precisão e segurança durante toda a viagem.
Tecnologia da Danelec
A tecnologia central vem da Danelec, que desenvolveu uma plataforma de dados conectada ao Gravador de Dados de Viagem (VDR) dos navios.
Isso permite que os pilotos em terra tenham visão completa das condições da embarcação, como se estivessem a bordo.
O CEO da Danelec, Casper Jensen, afirmou que a inovação é também uma estratégia para tornar o transporte marítimo mais sustentável. Ele destacou que a segurança cibernética é uma parte essencial da solução, já que tudo depende da integridade dos dados transmitidos em tempo real.
Avanço após seis anos de trabalho
O programa marca o resultado de seis anos de desenvolvimento técnico e operacional. Para o CEO da DanPilot, Erik Merkes Nielsen, trata-se de uma virada importante para o setor.
Segundo ele, a pilotagem remota torna o trabalho mais seguro e ajuda a cortar custos e emissões. Além disso, evita mudanças bruscas de velocidade e trajeto causadas pelo embarque físico dos pilotos.
Impacto no setor marítimo
A mudança pode ter efeitos duradouros. O novo sistema dispensa o uso de barcos-piloto, o que reduz também as emissões e os custos logísticos envolvidos nessas operações.
A empresa Maersk, uma das maiores do setor, está participando dos testes, fornecendo embarcações para o experimento.
Por enquanto, apenas cerca de 10% das operações da DanPilot estão cobertas pelo sistema.
No entanto, se os testes forem bem-sucedidos, o modelo dinamarquês poderá servir de base para mudanças semelhantes em outros países.