O Walmart chegou ao Brasil com ambição de liderar o varejo, mas erros estratégicos, prejuízos e falta de adaptação culminaram na venda da operação e no fim da marca no país
O Walmart, a maior rede de varejo do mundo atualmente, chegou ao Brasil em 1995 com grandes planos. A primeira loja foi aberta em Osasco, São Paulo, e a ideia era simples: repetir o sucesso dos Estados Unidos. Com foco em preços baixos e lojas de grande porte, a empresa iniciou sua trajetória no país com expectativa de dominar o varejo nacional.
Logo nos anos seguintes, a estratégia foi crescer rapidamente. Em 2004, o Walmart comprou a rede Bompreço por US$ 300 milhões, adicionando 118 lojas ao seu portfólio.
No ano seguinte, ampliou ainda mais sua presença ao adquirir a operação brasileira da Sonae por R$ 1,7 bilhão. Com isso, ou a controlar marcas como BIG, Mercadorama, Nacional e Maxxi. Em pouco tempo, tornou-se o terceiro maior varejista do Brasil, operando diversas bandeiras e formatos. Mas os problemas começaram a surgir.
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Modelo não funcionou no Brasil
O grande erro do Walmart foi tentar aplicar seu modelo norte-americano ao mercado brasileiro sem adaptações. A estratégia de “Preço Baixo Todo Dia” não convenceu o consumidor local, que está acostumado a promoções pontuais, folhetos de desconto e liquidações.
Além disso, a empresa enfrentou dificuldades para integrar as marcas que comprou. Cada uma mantinha sua identidade própria, o que gerava confusão entre os clientes. Internamente, a operação ficou fragmentada e desorganizada.
Outro obstáculo foi a estrutura burocrática e centralizada. As decisões precisavam de aval da matriz, o que reduzia a agilidade da operação no Brasil. Somaram-se ainda localizações ruins de lojas, processos ineficientes e preços pouco atrativos. O resultado: sete anos consecutivos de prejuízo.
Venda para o fundo Advent e saída do Walmart
Em junho de 2018, o Walmart decidiu mudar tudo. Vendeu 80% de sua operação brasileira para o fundo de investimento Advent International.
A transação não envolveu pagamento direto. Em vez disso, o Advent se comprometeu a investir R$ 2 bilhões até 2021. O Walmart ficou com 20% da empresa e registrou uma perda contábil de US$ 4,5 bilhões.
A nova gestão rebatizou a companhia de Grupo BIG. A marca Walmart foi abandonada. A estratégia também mudou: ou-se a focar em lojas mais ajustadas ao gosto brasileiro, com destaque para o atacarejo — formato de loja que mistura atacado e varejo.
Carrefour assume o controle
Três anos depois, em março de 2021, o Carrefour Brasil anunciou a compra do Grupo BIG por R$ 7,5 bilhões. O negócio foi fechado com 70% do valor em dinheiro e 30% em ações do Carrefour Brasil.
A operação foi aprovada em junho de 2022 pelo CADE, mas com uma condição: algumas lojas teriam que ser vendidas para evitar concentração de mercado.
Com a compra, o Carrefour reforçou sua presença principalmente nas regiões Sul e Nordeste. Também assumiu marcas como o Sam’s Club e fortaleceu sua liderança no atacarejo com o Atacadão.
O ciclo do Walmart no Brasil, iniciado com ambição, terminou com a marca fora das prateleiras e sob controle total de concorrentes.
Com informações de Exame.